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“Somos uma empresa de solução ambiental”, diz gerente da Sabesp



“Somos uma empresa de solução ambiental”, diz gerente da Sabesp
Antonio Carlos de Oliveira, gerente de divisão da Sabesp em Fernandópolis, é um velho conhecido de todos nós. Afinal, são 28 anos de atividades na empresa. Natural de Cardoso, Antonio Carlos se considera fernandopolense de coração e vibrou com a renovação do contrato com o município, o que lhe permitiu continuar sua vida na cidade. Nesta entrevista, ele fala de saneamento, meio-ambiente e dos planos da empresa para 2008.

CIDADÃO: Quais são as novidades que a Sabesp está implantando atualmente em relação à rede de esgotos?
ANTÔNIO CARLOS: Na verdade, a Sabesp tem procurado nos últimos anos resolver o problema ambiental através do tratamento de esgoto. Isso é uma meta da companhia, a empresa, através da nova diretoria, e com o novo presidente, passou de uma empresa de saneamento, não só saneamento básico, para uma empresa de solução ambiental. A preocupação hoje é realmente com relação à preservação ambiental. Tratamento de todos os sistemas de esgotos da região.

CIDADÃO: A gente sabe que no verão as chuvas costumam fazer estragos. E com relação às tubulações? A chuva traz muitos transtornos?
ANTÔNIO CARLOS: Traz sim, na realidade é o seguinte, existe ainda muita ligação clandestina que joga a água de chuva na rede coletora de esgoto. Inclusive isso é proibido através do código sanitário. Existe muito lançamento clandestino e esses lançamentos clandestinos são um transtorno não só para nós da operação das redes coletoras de esgoto, mas também para a população. Você, quando lança a água de chuva na rede coletora, está causando um grave problema, porque a rede coletora foi dimensionada a trabalhar meia sessão só metade de um tubo para escoar. Quando você lança água de chuva dentro do esgoto ela vai trabalhar com a tubulação totalmente cheia. Então é comum você ver nos nossos postos de visita localizados nas esquinas, às vezes parece até um chafariz quando chove. Aquilo é tudo água de chuva lançada indevidamente na rede de esgoto. Isso não só prejudica a tubulação como também as próprias redes coletoras de pvc da junta elástica, ela acaba transbordando aí até prejudicando o leito carroçável. Outro transtorno muito grande da rede coletora é o nosso sistema de tratamento de esgoto. Toda essa água de chuva acarretada junto com areia no esgoto, o nosso tratamento é biológico então acaba sendo prejudicado, porque provoca assoreamento das lagoas de tratamento da Sabesp. Isso acaba reduzindo e prejudicando a qualidade do tratamento. Água de chuva é um transtorno violento para a rede coletora de esgoto. E nós fiscalizamos, fazemos inspeção, nós constatamos todos os imóveis que lançam essa água de chuva na rede de esgoto. Nós não temos o poder de polícia. A fiscalização competiria à vigilância sanitária. Na realidade a gente faz todo esse trabalho de fiscalização e de inspeção e passamos para a vigilância sanitária. Então, cabe à vigilância autuar esses imóveis que estão lançando indevidamente essas águas de chuva na rede de esgoto.

CIDADÃO: O certo seria lançar onde?
ANTÔNIO CARLOS: Toda água pluvial ela tem que ser lançada na guia e após carregar toda essa água na guia vai para as galerias de água pluvial. A destinação correta das águas de chuva é a galeria de água pluvial.

CIDADÃO: Observa-se também muita execução de serviços no centro da cidade. Essa é uma ação rotineira ou tem alguma coisa a ver com os velhos tubos de amianto?
ANTONIO CARLOS: Isso é um problema rotineiro, esse sistema de distribuição de água de coleta de esgoto está sujeito a rompimentos. Isso é normal e não tem nada a ver com a tubulação de amianto. Na realidade, existe ainda, não só em Fernandópolis, mas no mundo inteiro, redes de distribuição de água de cimento. Hoje esse material não é fabricado mais. A proibição do amianto se deu porque, na realidade, o perigo existe para quem manipula o pó do amianto, mas em relação à rede de distribuição não tem problema nenhum, tanto é que a grande maioria das residências utiliza reservatório de amianto.

CIDADÃO: Quando substitui um pedaço de cano de amianto, vocês já colocam outro material?
ANTONIO CARLOS: Sim, porque a fabricação de amianto foi proibida e não existe mais no mercado, então quando dá qualquer interferência na rede de amianto nós somos obrigados a substituir por tubos de pvc, porque não temos nem conexões, nem luvas nem nada para fazer reposição de rede de amianto. Nosso objetivo nesse novo contrato é de remanejar em torno de 80 km de rede ao longo desses 30 anos.

CIDADÃO: Vamos falar do contrato de 30 anos. Com relação à verba para o saneamento que a Sabesp ofereceu especialmente no caso da avenida Getúlio Vargas, cujo problema do buraco está se agravando: essa obra vai começar em 2008?
ANTONIO CARLOS: Ela está prevista para este ano. Assim dispõe o compromisso que assumimos no novo contrato. Serão R$ 9,5 milhões em obras de saneamento e drenagem – previsão para este ano. São R$ 8,5 milhões para a recuperação da avenida Getúlio Vargas e R$ 1,5 milhão para recapeamento asfáltico. Agora, a responsabilidade da Sabesp com relação a esse investimento, esse compromisso de licitar obras e executar as obras é do município, que tem que disponibilizar para nós o projeto executivo das duas avenidas completo, com todas as licenças, tanto a licença ambiental como liberação de área se porventura tiver alguma área a gente passa a iniciar o processo de estação. Segundo a prefeitura, eles estão terminando o projeto executivo da Getúlio Vargas e da Raul Gonçalves Junior. Acredito que até na segunda quinzena de março estarão delegando para nós os projetos executivos completos para que a gente possa dar início ao projeto de licitação. A licitação é concorrência pública pelo valor e é um processo democrático, às vezes você demora até quatro meses pelo processo de licitação. Entregando o projeto em março, seria a partir de abril. Creio que até julho estará licitado para autorização do serviço.

CIDADÃO: Em relação ao resto do Estado de São Paulo, você tem os números de quantos contratos nos municípios a Sabesp tem hoje?
ANTONIO CARLOS: A Sabesp tem contratos, no Estado, com 367 municípios, incluindo a região metropolitana. Dessa etapa que a gente está passando, nós já conseguimos lei passada pelas Câmaras Municipais autorizando o município a celebrar novo contrato de programa da Sabesp em torno de 120 leis de autorização. Já tem 107 contratos formalizados.

CIDADÃO: Muita gente diz que Fernandópolis tem 100% de água e esgoto tratados. Há algumas pessoas que contestam esses números, por exemplo, na incubadora empresarial, setor que não teria serviço de esgoto. Qual é a realidade atual de Fernandópolis em termos de percentuais de serviço de água e esgoto?
ANTONIO CARLOS: Quando você coloca que o município tem 100% de água tratada e 100% de esgoto tratado, na realidade existem alguns imóveis que realmente não estão tratados nem na rede de água nem do esgoto. Na verdade, se você pegar esse número, dá 99, 7% . Até pelo seguinte: tem muitos imóveis na cidade que têm soleira negativa. O imóvel está construído abaixo do nível do terreno. Esses imóveis, não tem como fazer a coleta, porque a empresa fez uma rede coletora de esgoto em frente ao imóvel para atender todos os imóveis daquela quadra, de repente, tem um ou dois imóveis que eles não aterraram o terreno, o esgoto não sobe, só desce, então esses imóveis muitas vezes não estão conectados nessa rede. Eles deveriam nesse caso adquirir servidão de passagem pelos fundos dos imóveis, autorizando passar a tubulação e a gente ligava na próxima rua. Além disso, há alguns pontos da cidade - como você colocou, o caso da incubadora, que na realidade não é um dos pólos de água nem de esgoto. É distante das nossas redes de água e esgoto. Mas é possível se fizermos um acordo com a prefeitura, estamos dispostos a, em dois ou três meses, implantar na incubadora tanto a rede de água como a coleta de esgoto. Outro detalhe da dificuldade é que isso gera um custo alto de 180 mil reais. Imagina você criar uma rede esgoto para coletar quatro ou cinco industrias. A realidade financeira é restritiva, mas nós assumimos o compromisso de fazer isso.