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Sonho do fundador do Água Viva pode virar realidade



Sonho do fundador do Água Viva pode virar realidade

Ao jorrar água com temperatura marcando 59° , no dia 29 de junho de 1975, o “poção” trouxe muita alegria aos fernandopolenses, pois se vislumbrava ali, em meio a névoa próxima do local, a esperança de que sua produção pudesse resolver o problema de abastecimento em Fernandópolis.

Com a expectativa positiva do povo sofrido pela falta de água, veio também o interesse de empresários de turismo de todo o Brasil. Entre eles, o goiano Cesar Baiochi que para cá mudou-se de mala e cuia com o propósito de instalar um parque aquático: estava nascendo o projeto que mais tarde receberia o nome de Água Viva Thermas Clube.

As etapas do projeto foram sendo cumpridas: eleição da primeira diretoria em 26 de abril de 1982, e inauguração no dia 22 de maio de 1983. Depois de cortar a fita inaugural, Baiochi, instado a falar do que viria no futuro, disse, reservadamente aos amigos presentes: “meu sonho é construir um hotel, com 300 apartamentos e um cassino”. Cassino? Sim, disse ele, exalando otimismo: “hoje é proibido, mas o Brasil ainda terá a volta dos jogos de azar”.

Cesar Baiochi alimentou por muitos anos, o desejo de implantar seu projeto, estribado no apoio de seu conterrâneo, o senador por Goiás, Ozires Teixeira. Luta não faltou, mas a resistência da igreja e entidades conservadoras, minou a proposta. Cansado de esperar pela iniciativa dos congressistas, Baiochi vendeu o clube e voltou para sua terra, onde a família possui até hoje um clube aquático em Caldas Novas.

A semente plantada pode frutificar em futuro próximo. Um projeto para legalizar cassinos está para ser votado no Congresso Nacional, que tem padrinhos fortes, entre eles o senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro.

A mais recente edição da Revista Veja, trouxe matéria que trata do impacto socioeconômico que a legalização e funcionamento dos jogos poderia produzir no Brasil: 200.000 empregos e expectativa de arrecadar 18 bilhões de novos impostos, que seriam divididos entre estados e municípios.

O jogo para acelerar a liberação dos cassinos

A era de ouro dos cassinos brasileiros aconteceu entre as décadas de 30 e 40, quando setenta deles chegaram a operar, geralmente ligados a grandes hotéis. O do Copacabana Palace foi visitado pelo cientista Albert Einstein e pelo ainda jovem crooner Frank Sinatra. Já no palco do Cassino da Urca se apresentaram Carmen Miranda, Grande Otelo e Emilinha Borba. Interessado em fomentar o turismo e gerar empregos, o presidente Getúlio Vargas legalizou os jogos em 1934, vinculados a espetáculos artísticos. Mas, em abril de 1946, a festa acabou, quando o general Eurico Gaspar Dutra, que iniciava seu mandato, revogou a decisão, relegando os jogos de azar à clandestinidade. Agora, exatamente num governo ligado à ala militar, o objetivo é, novamente, desenvolver o turismo, permitindo a exploração da atividade em cassinos, desde que nas dependências de resorts ou hotéis. Mas, além disso, pode ser uma oportunidade para salvar o orçamento debilitado de prefeituras e estados.

O Ministério do Turismo defende a ocupação de cassinos em cerca de 5% dos espaços desses complexos hoteleiros e de lazer. “Eles servirão como âncora econômica para os outros 95% de atividades nos resorts, a exemplo do que acontece em outros países”, afirma Marcelo Álvaro Antônio, ministro da pasta. “A atividade não demanda incentivos fiscais, pelo contrário, tem elevada carga tributária com média de 30% do faturamento.” A crise causada pelo novo coronavírus deu um empurrão na iniciativa, que encontra eco no Congresso.

Há quatro projetos de lei em trâmite no Senado. A ideia é transformar locais da costa do Rio de Janeiro ao Nordeste numa versão nacional do que são Las Vegas, nos Estados Unidos, Cancún, no México, e Macau, na China. Um dos defensores mais veementes desse plano é o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ). Em julho deste ano, ele recebeu uma proposta da prefeitura de Angra dos Reis, no estado do Rio, para impulsionar o ecoturismo da região. O resort integrado com cassino seria instalado na Estação Ecológica de Tamoios, gerando empregos e impostos. O presidente Jair Bolsonaro, frequentador da região, também defendeu a ideia.

A legalização do jogo geraria cerca de 200.000 empregos no país, segundo o senador Irajá Abreu (PSD-TO), dono de um dos projetos que tramitam no Senado. “A expectativa é arrecadar 18 bilhões de reais em novos impostos, que seriam divididos entre estados e municípios, em recursos livres para investimentos”, diz ele. “Fora isso, temos a expectativa de arrecadação de 5 bilhões de reais com as concessões, que seriam investidos em habitação popular.” A proposta é endossada também pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, pelo ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, e pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (Democra­tas-AP), o que a torna uma das favoritas a entrar em votação até o fim do ano. A sorte está lançada.

FERNANDÓPOLIS

Em contato com CIDADÃO, o atual proprietário do Água Viva Luis Carlos Rodrigues afirmou possuir interesse em instalar um cassino no complexo aquático de Fernandópolis, caso os jogos sejam legalizados no Brasil. “Temos muito interesse em ter um cassino no Água Viva, possuímos espaço para isso e caso não tenhamos todo o dinheiro para a instalação, buscaremos parceiros. Será muito importante para a região, principalmente no quesito geração de emprego”, disse Luis Carlos, que continuou: “Pelo que sei, a liberação dos jogos no Brasil será por região. Precisamos de nossas lideranças para que a nossa região seja contemplada. Vejo isso tudo com bons olhos e afirmo que nosso clube é ‘candidatíssimo’ a sediar um cassino”.