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“Sou cidadão dessa terra e isso muito me honra”, diz Fábio Meireles



“Sou cidadão dessa terra e isso muito me honra”, diz Fábio Meireles

Quem esteve segunda-feira,21, na inauguração da nova sede do Sindicato Rural de Fernandópolis, se surpreendeu com a energia do presidente da Faesp – Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo Fábio Meireles, que vai completar 90 anos no dia 10 de julho. Ele permaneceu em pé durante o evento que durou cerca de 2 horas e ao final, ainda recebeu CIDADÃO para entrevista. A relação de Meireles com Fernandópolis é antiga e se estreitou ao longo dos anos. Cidadão fernandopolense, Fábio Meireles empresta o nome para o prédio do sindicato, a Casa do Agricultor de Fernandópolis. Nesta entrevista, Meireles fala de sua experiência como deputado de um único mandato, cujo objetivo maior era salvar o Senar - Serviço Nacional de Aprendizagem Rural, agora sob os cuidados das Federações de Agricultura. Hoje o Senar é a menina dos olhos de Meireles, uma escola de aprendizagem rural capacitando produtores e trabalhadores rurais. Em Fernandópolis, são inúmeros os cursos realizados ao longo ao ano pelo Sindicato. “Quando venho a Fernandópolis me sinto em casa. Sou cidadão dessa terra e isso muito me honra”, diz. Veja a entrevista:

O senhor participou da inauguração da nova sede do Sindicato Rural que passa a disponibilizar muito mais estrutura para atender o produtor rural?
Sem dúvida. Foi um momento importante e de muita alegria, porque essa nova sede vai trazer muito benefício para o produtor, com aprimoramento da mão de obra através dos cursos e da disponibilização de novas técnicas para os nossos produtores. Então isso significa que o trabalho feito pela Faesp com o Sindicato resultou em benefícios sociais inclusive para o município, para os trabalhadores do mundo rural e para os produtores. Me senti muito realizado participando desse momento aqui em Fernandópolis.
Há tanto tempo na luta pela agricultura, sente-se realizado?
Com a graça de Deus eu posso dizer que ele foi bondoso comigo. Tenho uma grande esposa e tive filhos que compreenderam essa minha luta muito importante. E posso dizer que os resultados que a Federação da Agricultura do Estado de São Paulo obteve são muitos significativos. Basta dizer que hoje nós temos o Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural) que o governo federal tinha extinto. Nós trouxemos para o nosso setor rural e temos hoje ligado no Estado de São Paulo 564 municípios com organização de sindicato e extensões de base para oferecer cursos e dar atendimento ao produtor, para apoio aos municípios como fazemos aqui e em todo lugar. Isso é importante porque o setor agrícola no Estado de São Paulo é um exemplo para a América do Sul.
Quando o senhor, eleito deputado federal, tomou a iniciativa de trazer o Senar para a Federação da Agricultura, deu o resultado que imaginava?
Deu, porque estava extinto pelo governo naquela época (década de 90). Eu fui eleito deputado federal logo depois da Constituinte de 1988 e fui defender exatamente a aprovação no Congresso Nacional para o Senar continuar vivo, mas nas mãos dos produtores rurais e está até hoje nas mãos dos produtores rurais dando excelentes resultados. Basta ver os cursos e as ações que são disponibilizadas para capacitar o homem do campo. A Federação da Agricultura do Estado nunca deixou de atender um município sequer, até os inorganizados que são 81 em todo o estado e que damos atenção.
Foi essa luta para salvar o Senar que levou o senhor a disputar a eleição em 1990?
O Senar que estava nas mãos do governo federal e não funcionava e ele, governo, determinou a extinção. Indicado pela Confederação Nacional da Agricultura (CNA) nós conseguimos bloquear e levar a questão para decisão do Congresso Nacional, buscando entregar o Senar para as Federações da Agricultura dos Estados, via CNA. Isso me levou a disputar a eleição de 1990 e tivemos, com facilidade, a nossa eleição e pudemos aproveitar aquela oportunidade para manter o Senar nas mãos dos produtores rurais. E isto serviu para se implantar nesse pais um sistema muito importante para aprimorar a mão de obra do trabalhador, levar conhecimento técnico para os produtores. Basta dizer que hoje o Senar encontra-se na estrutura da Faesp com 237 sindicatos, 324 extensões de base. Nessa estrutura há um aprimoramento extraordinário nas atividades agrícolas no nosso estado, levando a uma segurança a tal ordem que não falta produção alimentar no Estado. Melhoramos a produtividade, a qualidade e isso contribuiu para melhorar a vida do homem do campo. Precisamos continuar fortalecendo as bases do setor produtivo rural, com relações mais justas entre o trabalhador e o produtor rural. 
Na atual realidade do país Dr. Fábio, como o senhor enxerga o quadro que se apresenta? Está preocupado?
Essa preocupação é natural porque envolve política de governo, política partidária, incompreensões congressuais e muitas vezes situações inadequadas que podem surgir. O que precisa é o seguinte: consciência do momento, das atividades e do interesse geral. Sem isso não há como seguir daqui prá frente. Nós confiamos ainda em um período melhor. Confiamos que todo mundo caminhe para cumprir com trabalho e denodo os esforços para que possamos vencer as dificuldades que se apresentam. E nós conseguiremos isso buscando nas nossas bases, nos sindicatos, saber exatamente onde está o problema que impedia esse avanço. E o Senar cumpre esse papel, já conseguiu treinar mais de 4,3 milhões de trabalhadores. E esse trabalho foi tão profícuo que o Tribunal de Justiça do Estado fez um convênio com a Faesp para que pudéssemos levar os cursos para os presos. O sistema que temos é muito forte. As bases estão sólidas, precisamos avançar. O que não pode é o sistema sindical ficar parado no seu tempo. Ele tem atuar, como tem atuado o sindicato aqui em Fernandópolis, com esta estrutura moderna de apoio ao nossos produtores. 
O senhor está muito ligado a Fernandópolis, é cidadão fernandopolense, a sede do sindicato leva o seu nome e na sua diretoria na Faesp tem um fernandopolense, o presidente do Sindicato Marcos Mazeti... 
O Marcos Mazeti é nosso diretor e muito competente, de maneira que quando venho a Fernandópolis me sinto em casa. Sou cidadão dessa terra e isso muito me honra e desejo a Fernandópolis, que está aniversariando muitas felicidades. O que vi aqui hoje (segunda-feira, 21) foi uma surpresa extraordinária, com centenas de pessoas presentes, interessadas e que acreditam que todos temos capacidade de resolver nossos problemas numa linha de unidade, sem que haja desprezo ao nosso setor que deve ser cuidado com responsabilidade pelas nossas autoridades constituídas. 
O Brasil então tem jeito, Dr. Fábio?
O Brasil tem solução, o que não tem solução são decisões políticas partidárias negativas, sem entendimento, onde prevalece conflitos e discussões. Precisamos de soluções. O Brasil não precisa ninguém salvá-lo. Ele é o Brasil de todos nós e conta com a confiança nossa de trabalhar bem aquilo que está sob nossa responsabilidade.