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“Temos que confiar nas crianças e adolescentes”



“Temos que confiar nas crianças e adolescentes”

A frase é do delegado regional de Polícia aposentado, professor e orador espirita Dr. Luiz Carlos Barros Costa, 71 anos. Esta semana ele recebeu CIDADÃO para esta entrevista em que o tema central é o adolescente e o jovem. Ele tem tratado do tema em palestras para professores e fóruns onde se discute a luta contra as drogas. “Nós estamos vivendo uma ausência de valores morais na política, no Judiciário, inclusive, nas atividades sociais onde vamos encontrar essa moral cediça, frágil”, adverte e chama a atenção para a importância da família.  Para justificar a frase que abre a entrevista, Dr. Luiz Carlos lembra do grande filosofo da humanidade (Jesus Cristo) que cindiu a terra antes dele e depois dele. “Quando ele tinha 12 anos não foi reconhecido como tal, ninguém poderia imaginar que aquela criança fosse ser o condutor da humanidade. Por isso que você tem que confiar nas crianças e nos adolescentes. Você não sabe se entre eles teremos os grandes arautos da humanidade”. No espiritismo desde os 7 anos, ele diz que estamos vivendo a fase de renovação. Veja a entrevista: 

O senhor tem chamado muito a atenção para a juventude e feito um trabalho nessa direção. Fale desse trabalho?
A atividade com o jovem está sempre atualizada porque sempre temos jovens. Nós é que ficamos na lera do tempo. Nós estamos observando ultimamente que a sociedade, de maneira geral, está muito ligada em painéis de sustentação econômica do jovem quando essa família tem condições. Quando não tem, tem de dar o máximo para o jovem a fim de que ele possa formar profissionalmente. Acontece que nós não estamos encontrando, de maneira geral e sem qualquer crítica que faça, valores de fundamentação estrutural no campo do exemplo. Pais desestruturados, se separando facilmente, a bebida é uma marca em lares, o tabaco também e o jovem da atual circunstância social que vivemos é um jovem que tem um desafio muito forte. Por que o desafio? Nós estamos vivendo uma ausência de valores morais na política, no judiciário, inclusive, nas atividades sociais, onde vamos encontrar essa moral cediça, frágil. Nós precisamos fazer a nossa parte, porque dentro de 10 anos, estaremos assistindo a renovação completa nos cenários profissionais, sociais, políticos e nós precisamos fazer a nossa parte. Nós temos vários companheiros, temos uma ligação muito grande com Birigui, que tem uma clínica de recuperação de drogas, a Ave Cristo, e eles fazem uma papel social muito grande. Participo todo ano de um Fórum antidrogas, faço muitas palestras sobre esse tema, juventude e adolescência em escolas, faculdades, para que nós possamos dar essas ideias motrizes de acordar os pais para participarem efetivamente de um diálogo renovado, com exemplos, e uma atenção maior para ocupar os espaços que os jovens estão perdendo. Você vê uma conversa, de uma maneira geral do jovem, cifrada por determinados jargões, mas sem nenhuma fundamentação. Estamos fazendo a nossa parte.
No último seminário em junho o senhor abordou o tema “Por favor, educa-me”. É um grito de socorro?
Sim, é um grito de socorro. Por que?  O que a gente registra é que os professores estão muito desmotivados, magoados, ofendidos, humilhados, execrados com o que ganham para participar de um processo educativo, por anos contínuos. E os adolescentes estão numa fase complicada, mas eles não são complicados. Está havendo muita permissibilidade, muita frouxidão no contexto da disciplina nas escolas de forma crescente. O que está acontecendo é que os professores estão reféns e em razão disso, o que poderia ser uma atenção muito grande ao jovem adolescente em termos de fazer com que ele acorde para a realidade, está se entregando as armas. Já se faz uma tipificação de que são rebeldes, que são aborrecentes. E nesse contexto, o nosso trabalho foi levar uma discussão aos professores, diretores de escolas, que formavam esse público alvo do Fórum. O pessoal gostou, porque mostrei a eles, que se você der atenção e se ocupar espaços, não há problema, porque o jovem, ao mesmo tempo, é muito suscetível a compreender quem lhe dá atenção e quem está passando uma mensagem. O jovem tem uma leitura muito produtiva nesta área, tanto é verdade, que você encontra em qualquer escola alguns professores que são amados pelos adolescentes. Por que será? Porque ele toca a fimbria da emoção, da motivação, da valorização do jovem como ele é. Por que você encontra determinados segmentos, inclusive nos grandes centros, como no Rio de Janeiro, com trabalhos magníficos no morro, de pessoas que vão lá fazer arte, cibernética, esporte, dramaturgia, e conseguem descobrir valores fantásticos? O que tem lá no morro de especial? Nada. Tem valores que foram descobertos, mas para isso é necessário que o mestre, mesmo que não seja reconhecido, ele tem a missão divina de acordar consciências. Antigamente nós tínhamos o acendedor de postes, aqueles que iam acendendo as luzes no tempo em que só existia esse mecanismo. O professor acende esperança, acende motivações. E quando se consegue isso, mesmo numa sala problema. você consegue encontrar um, dois, três e vai aumentando e de repente eles fazem a disciplina, eles conduzem a harmonia. É despertar para essa área, fazer com que esse alerta chegue a um maior número de jovens.
Tempos atrás falava-se da concorrência da TV na educação dos filhos e hoje nós temos a concorrência da internet, redes sociais... 
Que é fascinante. 
Como lidar com isso?
É muito fácil resolver. Por exemplo, no processo educativo tem um período no qual a criança precisa formar todos seus campos mentais, neurológicos. Você acredita que uma criança com dois anos de idade possa ter um celular, onde ele escolhe o programinha, com o dedinho vai mexendo? Quando você coloca um celular para assistir filmes para uma criança de dois anos, será que a força, a movimentação da imagem, a fragmentação da imagem, a estruturação da imagem na área subliminar não está alterando a formação desse jovem em termos de fortalecimento cerebral? Então, se você consultar estudiosos, eles vão dizer que a maior maldade que se faz na educação é se utilizar da babá eletrônica porque ela é lancinantemente perturbadora, a tal ponto, que quando a criança tem esse acesso fácil a internet, ele cresce até os sete anos, depois aos 14, com este mundo de acervos de imagens de violência, de sexo, de intempestivas lutas, aquela coisa febricitada. Isso faz parte do mundo criativo delas. E quando isso faz parte, ele entra imediatamente num fascínio de crianças e adolescentes chamado jogos eletrônicos. Os jogos eletrônicos, uns defendem que dá mais avivamento cerebral, criatividade, mas faz um estrago no potencial da atenção. Eles não conseguem prestar atenção à lógica, aos mecanismos da física, da química, porque eles estão com déficit de atenção. 
Surge aí a geração “ritalina”?
Esses dias fui em uma escola, não vem ao caso citar, falar para adolescentes e encontrei o promotor Dr. Fernando que já estava saindo. Paramos para tomar um café e enquanto aguardava o tempo, chega uma senhora, acho que a inspetora de alunos, e cobra o remédio de crianças e falou uma relação de alunos. A professora abriu um armário de aço e tinha não só ritalina (medicamento para crianças com transtorno de atenção ou déficit e hiperatividade), mas outros tipos de medicações específicas para as crianças, após o intervalo, prestarem atenção a aula, porque estavam eletrizadas. Isso tudo é fruto do quê? Você pega a droga do processo eletrônico, ela é indutora à dependência das drogas, porque faz a fuga. Se você tiver um jogo eletrônico, não vai estudar matemática, por que é eletrizante. E você acredita que tem crianças de 6 e 7 anos, que já ganham celular? É crível uma loucura dessas?
O senhor falou do papel da família na educação do jovem, mas muitas vezes pais e filhos estão juntos, mas separados pelo celular?
E não só isso, falta o diálogo e a convivência. Os quartos de uma residência são ilhas paradisíacas no contexto eletrônico, tem o computador, tem internet, então, você tem todo um aparato para que as pessoas fiquem em seus iglus e não participem do diálogo, da convivência, da troca de valores, dos comentários, da participação dos pais na vida das crianças, de assistir juntos um programa. Um amigo psicólogo em Rio Preto dizia que adorava televisão para assistir com os filhos, os programas deles, porque quando vinha qualquer informação, aproveitava para fazer a contrainformação e explicar a realidade. Quando você tem a possibilidade de veicular para seus filhos a verdade daquilo que é uma crença, porque tem muitas crenças na televisão, o filho começa a ficar consciente e começa a ter balizamento de conduta equilibrada e saber porquê. Por exemplo, prevenção às drogas. Nós estamos terminando um ciclo de orientações aos professores em Auriflama, para que eles peguem as informações e, cada um na sua disciplina, possam fazer inserções de orientação às drogas. A melhor linguagem que os jovens aceita e gosta é a linguagem da ciência, porque não é apelativa, é profunda e fria, na frieza de uma aula. Eles dão atenção, porque não tem chantagem emocional, não tem esse negócio de ah, você vai morrer. Ninguém morre com droga, porque droga é gostosa, é deliciosa, a pessoa fica relax. Se você falar para um jovem que ela (a droga) mata, ele diz que é mentira, diz que conheçe um cara com 40 anos que usa droga e está saudável. Quer dizer, tem que passar a informação correta. Então, o professor preparado tem como explicar. Dentro da aula pode pedir um trabalho e orientar dentro de determinados parâmetros, fazendo com que o aluno pesquise para chegar a um objetivo. É criativo a prevenção às drogas neste sentido. A chamada é: professor você tem como missão iluminar almas, iluminar consciências. Se você ganha ou não ganha, não importa, é missão divina. Você pode ser um arauto do bem, da luz, onde quer que você vá.
Do ponto vista espiritual, como o senhor avalia o atual cenário em que estamos inserido?
O grande filosofo da humanidade (Jesus Cristo) que cindiu a terra antes dele e depois dele, quando tinha 12 anos não foi reconhecido como tal, ninguém poderia imaginar que aquela criança fosse ser o condutor da humanidade. Por isso que você tem que confiar nas crianças e nos adolescentes. Você não sabe se entre eles teremos os grandes arautos da humanidade. Quem controla quem nasce? Quem encaminha suas almas? Nós chegamos à conclusão que agora, no limiar de 2018, até por estudo da física, estamos sob um signo, uma constelação de Orion, e temos influência da nova era. Tem determinadas crianças que estão nascendo que já são da nova era. Elas estão muito além das estrelas. Tem algumas que já tem noção de que carne faz mal, de que precisa preservar os animais. Então, quem controla o nascimento é o Pai. Essa raça adultera, infeliz, corruptora, ela pode não mais voltar. Nós vamos ter lenta e gradativamente um mundo novo. Por isso que confio que o Senhor está no leme. Essas manipulações são as últimas que estão sendo feitas. Esse Moro (juiz Sérgio Moro) e outros que estão chegando já é a estrutura da nova era. Estamos no crepúsculo desses desmandos. O Chico Xavier, explicou que Emmanuel, um grande condutor do mundo filosófico na doutrina espírita, está reencarnado. Ele está com 18 anos, reencarnou em 2000. Virão para a terra outros grandes arautos do pensamento humano, Rousseau, Sócrates e nós vamos ter uma área modeladora. Vai demorar um pouco, será mais ou menos como a história de Moisés que andou 40 anos, sabe pra que? Para matar aquele povo que não valia nada. Se dirigisse em uma linha, em dois anos ele atravessava o deserto, mas ficou andando em círculos a fim de que uma nova raça surgisse com a orientação dele. Acredito muito nisso, porque se não acreditarmos nisso, vamos entrar em desânimo. E se desanimarmos, vamos fazer comício de rebeldia e isso não faz bem. Temos que fazer luz, fazer o melhor na área que atuamos...
O que o senhor deixaria de mensagem aos pais que andam aflitos?
Todos nós somos cristãos, uma parcela, muito pequenina, diz que é ateu, mas o ateu nada mais é do que um cidadão que faz silogismos para provar que não existe uma coisa da qual dirige sua própria vida, tanto é verdade que quando ele bate o dedo no martelo, ele diz “ai meu Deus”. Por que Deus está na consciência das almas. Impossível você fechar e inutilizar a força da sua consciência. Nós trazemos um pouco de luz. Por isso que não podemos estigmatizar ninguém. A mensagem que deixo é que observemos mais as palavras do meigo Senhor. Essas palavras são mágicas: Amar uns aos outros como eu vos amei e amar ao próximo como a si mesmo, é a grande regra para você buscar a felicidade. O próximo é o filho. Amar como ele é, saber que se você tem três filhos, você tem três universos dentro do seu universo. Então você tem que ser muito hábil para fazer o melhor dentro desses três universos, mas não ignorá-los. Esses dias um pai foi preso porque bateu no filho e o juiz ouviu do menino pedido para soltar o pai, queria ver o pai. Mas, ele bateu em você, deixou marcas? Eu sei, mas eu quero o colo do meu pai. Ao ser perguntado pelo juiz porque queria o pai livre o menino disse: eu não me importo quando ele me bate, eu fico triste quando ele me ignora. Infelizmente, estamos ignorando os nossos filhos. Precisamos estar presentes no olhar, seguro e firme, vendo os filhos todos os dias e observando quando há um ponto de escuridão. E esse ponto você trabalhar para iluminar. O que ele precisa é de um ombro amigo e uma palavra forte.