Não é de agora que o Brasil vem passando por uma séria crise econômica. Mas em tempos de coronavírus, o cenário vem piorando diariamente, mudando radicalmente o padrão de vida de milhões de brasileiros.
Se antes as coisas já não estavam fáceis, agora ficaram ainda mais difíceis. Com as medidas de isolamento social e a suspensão por meio de decretos, milhões de profissionais autônomos estão aguardando em suas residências, o efeito da pandemia coronavírus ser extinta pelo efeito de vacinas que ainda nem sequer foram criadas.
“Está tudo parado”
A formação acadêmica é em enfermagem. Mas a grande vocação é de barbeiro. Uma aptidão que está no sangue da família, pois esta era a mesma profissão do avô e do pai a vida toda.
O barbeiro Ueslei Cláudio Neto, 32, trabalha na profissão há 10 anos. Acostumado com uma rotina de trabalho diário e com uma agenda sempre lotada, agora cumpre quarentena em sua residência. Ele demonstra preocupação com a economia e torce para que a pandemia acabe logo.
“A gente não está atendendo. O povo está com medo e nós também estamos. Medo de pegar e de transmitir para os outros”, disse Ueslei.
Acostumado com o fluxo de caixa diário, Ueslei que casou a pouco tempo, sabe que no final do mês, de um jeito ou de outro, os carnês de água, energia elétrica e internet vão chegar.
“A minha sorte é que eu tinha uma reserva de dinheiro guardada. Mas a coisa está feia. Todo mundo está reclamando. Eu tenho clientes que trabalham como autônomo que me disseram que não tem mais clientes ligando para eles. Está tudo parado”, concluiu.
Assim como Ueslei, milhões de profissionais estão cumprindo o período de quarentena em suas residências com a família. Enquanto isso, ao invés de faturar, estão vendo as suas poucas economias se esgotarem a cada dia de pandemia de coronavírus.
“A minha renda baixou muito, muito mesmo”
A cozinheira em festas e eventos, Luciana Aparecida Furquim, 49 anos, está na lista de autônomos que viram a pandemia do coronavírus esvaziar a sua agenda de compromissos profissionais. No caso de Luciana, os cancelamentos começaram muito antes mesmo de ser assinado o primeiro decreto que restringia algumas atividades comerciais no estado de São Paulo ou mais especificamente, no município de Fernandópolis.
“Por causa do coronavírus, eu perdi muitas festas e eventos. Até o final de maio, todos foram cancelados. No momento, não está tendo nenhum tipo de agendamento”, disse.
De acordo com Luciana, os clientes que cancelaram os eventos disseram que estavam seguindo o protocolo do Ministério da Saúde. Aqueles que ainda estão trabalhando estão atuando com alimentação e estão usando os aplicativos para vender os produtos feitos em casa.
Assim como a maioria dos autônomos, Luciana relata sobre as dificuldades de manter a renda mensal, mesmo inovando com outras atividades.
“Agora estou fazendo doces e salgados sob encomendas para a ajudar a manter a minha renda. Meus clientes geralmente vêm buscar quando termino”, acrescentou.