Geral

Tesouro Biológico



O mundo está alarmado. E desta vez com muita razão. Nunca se viu uma floresta sendo devastada com tanto ímpeto nos últimos anos como a amazônica. O famigerado ruído das motoserras percorre todo o norte brasileiro destruindo os últimos redutos verdes do planeta, sem a consciência das conseqüências deste ato.
Muitos órgãos da mídia brasileira e internacional noticiaram esta semana, com base em fotos de satélites, que o buraco da Amazônia não para de crescer, apesar dos anúncios oficiais do governo brasileiro apontar para outra direção.
O que entristece é perceber que a ganância econômica está facilmente vencendo a batalha contra os defensores da floresta. E aquilo que uns classificam como a última fronteira agrícola brasileira, está sendo conquistada sem a resistência daqueles que tem o real poder para tal.
Há alguns dias o presidente Lula desengavetou aquele já surrado argumento da soberania nacional para fazer frente às pressões internacionais. “A Amazônia é nossa”, disse, como se isso pudesse levantar os ânimos dos patriotas que crêem na hipótese absurda deste território ser invadido por alguma outra nação. Mas nada tem sido feito de concreto para atenuar a destruição desenfreada do “pulmão do mundo”.
Outro sinal de descaso em relação ao desmatamento ocorreu no Congresso, com o surgimento da proposta de diminuir a reserva lega de 80% para 50% de mata. Pelo que se vê o lobby dos especuladores é forte e este mesmo lobby elege deputados para agir em seu interesse. Há alguns que possuem atividades ligadas à pecuária na região norte, inclusive o filho de nosso presidente.
O principal contraste da região amazônica é a crônica pobreza de sua população ao lado dos lucros que o extrativismo pode oferecer. A falte de infra-estrutura da maioria das cidades é gritante e a maioria do povo sobrevive em condições bem adversas.
Além disso, a pecuária vem migrando da região sul e centro-oeste para lá em função do plantio da cana-de-açúcar. E isso vem sendo feito sem o mínimo de planejamento dos órgãos responsáveis do governo.
Numa região distante, com pouca infra-estrutura e fiscalização, o vale-tudo e a atividade predatória vão ocupando todos os espaços.
Algumas ONGs internacionais veicularam a idéia de comprar algumas áreas para a preservação e , o governo preocupado, estuda uma lei para limitar o investimento estrangeiro em terras em nosso país. Não se sabe até o momento quem vencerá esta batalha. Se será os especuladores que vêm na Amazônia apenas e simplesmente um meio de acumular fortuna sem se preocupar com seu tesouro biológico e a biodiversidade, ou os preservacionistas e verdadeiros patriotas que estão lutando contra a destruição da região. O futuro dirá.