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Uma causa mais que nobre



Uma causa mais que nobre
Quem nunca cruzou o centro da cidade na véspera do Dia das Mães e se deparou com uma barraquinha da APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) vendendo doces caseiros na praça? Este tipo de cena tornou-se tão comum, que poucos param para pensar de onde vêm tantos doces e tanta boa vontade.

Trata-se de um verdadeiro trabalho de formiguinhas, organizado pelo Clube das Voluntárias da APAE. Uma equipe que não mede esforços para sair às ruas pedindo ajuda para a feira do doce. Prédios, bancos, escolas e comércio são visitados todos os anos.

Com a ajuda de parceiros - como o Grupo Arakaki, que todos os anos doa o açúcar e outros que doam leite - o trabalho vem sendo desenvolvido com êxito. Este ano, foram feitos cerca de 700 potes de doces caseiros, que geraram uma renda de aproximadamente de R$ 9,6 mil.

A feira do doce não é o único trabalho voluntário que gera renda à APAE. Há também um grupo de mulheres que se reúne todas as terças-feiras, das 14h às 16h, para fazer bordados. Entre um ponto e outro, elas vão trocando experiências, pondo as novidades em dia e já pensando para quem vão oferecer o seu produto. Além de confeccionarem as peças, elas se encarregam de vendê-las. Só este ano foram auferidos cerca de R$ 6 mil. A maior venda aconteceu no segundo semestre, quando pegaram duas grandes encomendas, que renderam R$ 3 mil.

“Ofereceremos os bordados para nossas amigas e vizinhas e já temos uma clientela fixa e fiel. Pegamos também muitas encomendas. No final do ano as pessoas fazem muitas encomendas para dar de presente. Recentemente uma de nossas clientes comprou R$ 800 em bordado para dar para os amigos e parentes; outra pediu para que bordássemos toalhas de banho, lençóis, panos de prato para o enxoval da filha. Esta encomenda rendeu cerca de R$ 1,6 mil. Esse nosso trabalho de bordado vai para longe, já foi para Londrina e até para Inglaterra”, compartilhou as voluntárias alegremente.

De acordo com a coordenadora do projeto, Rosa Nadir Giachetto Mantovani, o trabalho é um sucesso graças à ajuda da população: “O povo de Fernandópolis é maravilhoso, a gente percorre as empresas para arrecadar aquilo que não conseguimos arrecadar durante o ano e somos muito bem recebidos. Nestes 22 anos que estou no Clube das Voluntárias, só vi duas pessoas dizerem “não” para a gente. E só fizeram porque já haviam contribuído recentemente com a APAE. Chega na época da feira do doce eu não preciso nem pedir, as vezes, minhas amigas só dizem: “É aquilo mesmo do ano passado?”. Nós só temos a agradecer à população de Fernandópolis”, concluiu a coordenadora.

Quando elas são questionadas sobre o porquê de se doarem tanto à entidade - mesmo sem ter filhos ou parentes excepcionais – elas respondem: vontade de servir.

Enquanto para alguns, ficar sentado em uma sala pouco ventilada, com panos, linhas e agulhas espalhadas ao redor é enfadonho, para elas é sinônimo de vida.


“Esse trabalho transformou a minha vida. Eu tinha um cisto no seio e a cada seis meses fazia ultra-som e pulsão, mas o caroço sempre voltava a se encher de água. Eu chorava muito, pois não aceitava aquele problema. Meu médico, o Dr. Sagibê, sempre me dizia: ‘Você não tem nada’. Eu queria que ele me operasse de todo jeito, mas ele insistia dizendo: ‘Dirce, você não precisa ser operada, se eu fizer isso vou ganhar seu dinheiro no mole, porque você não tem nada. O que você precisa é trabalhar.

No começo do próximo ano minha mulher vai passar na sua casa e levá-la na APAE para fazer trabalhos voluntários, porque é disso que você está precisando’. Isso foi no final do ano. Eu passei as férias toda rezando para ela não aparecer. Mas em fevereiro lá estava ela. Eu vim então para a APAE e comecei a bordar e hoje eu amo, amo, amo. E o cisto sumiu. Esse grupo para mim é como minha família, é melhor do que ganhar R$ 10 mil por mês, é prazeroso estar aqui”, concluiu Dirce Apolônio Cezar, uma das voluntárias.