Uma jovem que deixou tudo para servir a Deus

Dedicar-se à vida religiosa, viver em santidade e pela fé não é uma tarefa fácil; muitos a julgam um fardo um tanto quanto pesado. Outros consideram-na uma missão sublime; mas jamais teriam coragem de abraçar uma causa tão grande. Já os chamados ou vocacionados por Deus sentem-se privilegiados por terem sido escolhidos para levar a paz e o amor aos corações sedentos e desesperançados.

É assim que a missionária Kelly Lúcia Alves, 32, olha para o seu ministério. Aos 25 anos de idade - logo que concluiu a faculdade de economia - sentiu um desejo muito grande de se dedicar a Deus, através do ministério de missões transculturais (para fora do país). A vontade de ser missionária surgiu quando ela ainda estava cursando a faculdade; mas preferiu concluí-la e aguardar para que aquele “chamado” se confirmasse.

Quando compartilhava o sonho com os colegas de classe, alguns custavam a acreditar. Uns por causa de sua antiga crença - o espiritismo (umbanda) – outros porque ela se destacava muito no curso e poderia ter uma carreira brilhante pela frente. Vários professores a aconselhavam a seguir a profissão, pois certamente seria bem-sucedida; mas dentro do seu coração, o amor pelas almas falava mais alto.

Em 2002, um ano depois de ter se formado, não teve mais dúvidas, apoiada e sustentada por sua igreja, a Presbiteriana do Brasil, e por algumas da região, embarcou para a cidade de Montes Claros – MG, para fazer o curso de missiologia em um seminário interdenominacional, chamado MTC Latino Americano (Missionary Treining College – que em português significa: Missões - Teologia – Cultura).

O MTC é uma escola filiada à Missão AMEM (A Missão de Evangelização Mundial) ou como é conhecida internacionalmente WEC (World Evangelization For Christ), cujo objetivo é preparar alunos de várias partes do Brasil e do mundo para atuarem de maneira eficaz no ministério transcultural.

Por quatro anos, Kelly permaneceu como aluna no MTC, formou-se e foi convidada a integrar-se ao corpo acadêmico do seminário. Por problemas de saúde, sentiu que deveria aceitar ao convite - ao invés de prosseguir seus estudos. Para chegar a ser enviada para outro país ela ainda precisava concluir outras etapas.

Além de dar aulas, por diversas vezes também viajou para outras cidades a fim de divulgar o trabalho de missões através do MTC e pregar o Evangelho em outras igrejas como, por exemplo, Salvador (BA), Belo Horizonte (MG), Paraguai, entre outras.


Novo desafio
Após dois anos, Kelly sentiu-se mais preparada para dar o próximo passo, o de ingressar no POC (Programa de Orientação ao Candidato) da Missão AMEM. Este programa tem como objetivo facilitar o entrosamento do candidato à família AMEM e estreitar os laços de comunhão e confiança mútua, assim como examinar se realmente o candidato tem um chamado transcultural.

Para tanto, o programa inclui quatro meses básicos, mais um mês de inglês intensivo, sendo que os candidatos precisam morar na Base da Missão - em Belo Horizonte - neste período.
Em outubro deste ano, Kelly concluiu esta etapa. O próximo passo é ser enviada para outra Base da Missão AMEM, nos Estados Unidos, para aprender o inglês fluente. “Para ir para a Base dos Estados Unidos, primeiro eu preciso passar por uma prova que irá avaliar o meu inglês. Eu fiz esta prova no início deste ano, mas não consegui passar, pois o nível do inglês que é exigido é muito alto. Pretendo prestar essa prova novamente no próximo ano, para isso estou me preparando. Estou fazendo um curso chamado “English for Missions” (EFM), que é um curso intensivo de inglês, voltado para pessoas interessadas em missões.
O método, o EFM, é um curso de semi-imersão, com aulas de: conversação (Bíblica e informação), laboratório (áudio), foco missionário, além de inúmeros programas como: cultos, dinâmicas, passeios, vídeos, oração e intercessão, louvor e adoração, tudo, é claro, em inglês. A equipe de professores vêm de países de fala inglesa e temos também brasileiros com experiência transcultural auxiliando durante o curso. Quando eu terminar, estarei apta para ir.

O único fator que pode me atrapalhar é a questão do meu sustento. Pois embora existam algumas igrejas que contribuam com o meu ministério, ainda faltam 40% para chegar ao que preciso para morar nos EUA. Mas sei que Deus há de prover na hora certa, pois quem fez a promessa é fiel. Nos EUA ficarei por cerca de um ano e, enfim, serei enviada a um país para cumprir minha missão, que é levar o amor, a paz e a luz aos povos não alcançados. Alguns me perguntam, mas porque não ficar no Brasil? A resposta é simples, Jesus disse: o campo é o mundo. Para Deus não há divisões geográficas, uns são chamados para ficar - e são bênçãos - outros chamados para ir, eu estou neste grupo. Não é uma tarefa fácil, mas o meu coração queima por estes povos, se eu não for para lá, ainda que eu estivesse no lugar mais seguro e tranqüilo do mundo, não seria feliz, pois meu coração estaria sempre entre os povos não alcançados. É lá que eu quero estar!”, concluiu a missionária.

Saudades
Por onde anda a Kelly? Essa é a pergunta que mais fazem à sua família. Amigos da faculdade, familiares e ex-colegas de trabalho sempre perguntam por ela. As intensas atividades sempre comprometem sua vinda a Fernandópolis. No final deste ano, Kelly vem para passar as férias com seus familiares, mas serão apenas alguns dias, pois logo terá que voltar para Belo Horizonte para dar continuidade ao seu curso de inglês intensivo. A saudade dos amigos é grande; alguns já nem residem mais em Fernandópolis. Mas de longe fazem questão de sempre lembrar da amiga, como nesta singela homenagem:

UMA ALUNA ESPECIAL
“Kelly foi uma aluna especial, sempre questionando os mais diversos temas. Nunca tive dúvida de que ela seria uma excelente profissional como economista. Fico feliz por saber que ela está em uma missão muito mais importante, pois não há nada mais importante do que servir ao próximo. O meu desejo é que ela continue desenvolvendo toda esta espiritualidade e cumpra sua missão. Vou torcer e orar para que ela possa trazer um pouco mais de luz para todos nós” Hipólito Martins Filho, Delegado do Conselho Regional de Economia (Corecon) de São José do Rio Preto, economista e professor.

DONA DE UM BRILHO NATURAL
“Durante o tempo que a Kelly trabalhou comigo no Bradesco Seguros, deu para perceber que ela é uma pessoa muito determinada, de responsabilidade e caráter ímpar. Tem uma grandeza de coração que realmente conduz com o que está fazendo hoje. Por onde ela passa irradia luz, paz e amor às pessoas. Ela realmente dispensa comentários, pois é dona de um brilho natural. Eu desejo que ela tenha muito sucesso em toda sua caminhada e, com certeza terá, pois tudo o que a gente faz para Deus e por intermédio dEle dá certo. Que ela seja muito feliz”. Odeir Carlos Vilar, Bradesco Seguros/Vilar Seguros.

UMA MULHER DEDICADA, BATALHADORA E ÍNTEGRA
“O que torna uma pessoa única? Essa é a pergunta que ecoou na minha mente quando me pediram para falar sobre a Kelly. E a resposta é: o que torna uma pessoa única são seus sonhos e nos meios que utilizamos para realizar todos eles, desde os mais simples até os que mudam nossa vida. Sou um homem de sorte, pois durante cinco anos pude estar ao lado da Kelly e participar da realização de alguns dos seus sonhos. Vi uma menina jovem se transformar em uma mulher dedicada, batalhadora e íntegra. Durante esse tempo, vivemos dias bons e ruins, mas no final, aprendemos muito. E uma grande amizade surgiu. Agora ela vai em busca de mais um sonho e quem a conhece, sabe que ela vai superar todas as adversidades e vai triunfar, pois é batalhadora. Kelly, é uma honra e um privilégio poder chamá-la de amiga e poder contar com sua amizade e companheirismo. Que Deus esteja ao seu lado e ilumine seu caminho nesta nova jornada que se inicia. Boa sorte minha amiga e que você continue realizando seus sonhos e ensinando às pessoas que eles podem e devem se tornar realidade”. Cláudio Juny Figueredo, Diretor de TI (Tecnologia da Informação) da Prefeitura Municipal de Votuporanga, empresário e professor