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A zona rural ganha endereço



A zona rural ganha endereço

Quase metade das propriedades rurais dos 49 municípios que compõe a área do 16º BPMI - Batalhão da Polícia Militar do Interior - já foi cadastrada no programa Rotas Rurais implantado no Estado de São Paulo para criar o mapa da geolocalização de estradas e propriedades rurais. A informação é do Major Ivan César Belentani, coordenador Operacional do 16º BPMI – Batalhão da Polícia Militar do Interior -. Segundo ele, das 25 mil propriedades rurais da região, cerca de 12 mil já foram georreferenciadas. A informação foi dada durante o programa “Crias da Casa” da Rádio Difusora FM apresentado aos sábados dentro do programa Rotativa no Ar, às 11h30. O sistema funciona mesmo onde não existe um endereço estruturado com rua e número, graças à tecnologia Plus Codes, que converte coordenadas de latitude e longitude fornecidas por satélite em códigos curtos, semelhante aos códigos postais, por isso, ficou conhecido como “CEP Rural”. A partir dos dados finalizados, o produtor rural passa a ter um endereço digital individualizado. Recentemente a Polícia Militar recebeu viatura por meio do programa “Agro + Seguro” para implementar o patrulhamento rural. Belentani também abordou a estrutura de segurança do Batalhão de Fernandópolis que responde por 49 cidades da região. Leia a entrevista:

Como está sendo implementada a modalidade do policiamento rural?
Temos intensificado as visitas de nossas viaturas nas áreas rurais da região com a nova modalidade de policiamento rural. Foi implantado um critério de identificação de imóveis rurais. O que ocorria? Antes, o senhor tinha uma propriedade e quando precisava da Polícia Militar, ele ligava no 190 e dizia que morava no Sitio Nossa Senhora Aparecida, córrego tal. E como a viatura chega aí? Tem que passar oito porteiras, virar à direita, tem uma árvore, então, o acesso aquele local solicitado era difícil. O que foi feito? Através do programa Rotas Rurais, nós catalogamos na área do 16º Batalhão em torno de 25 mil propriedades rurais para criar o que passou a ser chamado de CEP Rural. Das 25 mil propriedades rurais o Batalhão já visitou e cadastrou mais de 12 mil propriedades. Na visita, o policial militar vai na porteira de entrada da propriedade e envia coordenadas geográficas que vão gerar um código chamado “Plus Codes” que foi batizado de CEP Rural. Esse Plus Codes é um conjunto de números que é único, porque é baseado em coordenadas geográficas. Naquele momento a propriedade e os proprietários são cadastrada pela Policia Militar, gerando códigos curtos, semelhante aos códigos postais. Nós mandamos produzir, semelhante aqueles imãs de geladeira, um informe com os dizeres “em caso de emergência liga 190 e forneça o Plus Codes”. Quando esse proprietário rural precisar do apoio da polícia militar e ligar para o telefone de emergência 190 vai informar o código e o policial que está na viatura com o terminal móvel de dados, vai traçar a rota de onde está a viatura até a porteira de entrada da propriedade, facilitando a ação policial, sem perder tempo, vamos direto ao ponto.  E aqui cabe uma explicação. Às vezes associam o policiamento na área rural como de responsabilidade da Polícia Ambiental, que tem um outro escopo, mais de fiscalização ambiental e combate aos crimes ambientais. Na verdade, não há esse vínculo, porque a segurança pública feita pela Polícia Militar, a garantia, o fornecimento da sensação de segurança para a população é em qualquer lugar.

Como funciona o projeto “vizinhança solidária rural”?
Foram criados nos municípios, grupos de WhatsApp denominado “Vizinhança Solidária Rural”. Tem ainda muita gente que ainda não se engajou nesses grupos por conta da dificuldade por conta da idade em manusear o celular. Mas, existem grupos de WhatsApp tutorados por policiais militares que já está funcionando. O produtor viu uma movimentação estranha de madrugada, por exemplo, um caminhão de gado, percebe que tem coisa errada, vai lá no grupo e questiona para saber se tem alguma atividade programada de transporte por algum proprietário. E isso tem ajudado a aumentar a segurança na área rural.

"Com o código Plus Code, o policial vai inserir no sistema e vai obter a rota de onde está a viatura até a porteira da propriedade"

Qual o peso do 16º Batalhão da Polícia Militar na estrutura organizacional da Polícia Militar no Estado?
É o maior Batalhão do Estado em área geográfica, distribuídos em cinco companhias nas cidades de Fernandópolis, Votuporanga, Jales, Santa Fé do Sul, Cardoso. São 49 municípios, de Cosmorama a Rubineia e de Riolândia a Monções. De acordo com o IBGE, temos sob cuidados do Batalhão cerca de 430 mil pessoas. A estrutura organizacional é toda subdividida. O comando regional está em São José do Rio Preto, sede do CPI- 5 – Comando de Policiamento de Área -, que é o órgão regional que comanda 96 municípios Abaixo, temos 16º Batalhão em Fernandópolis, o 17º em Rio Preto, 52º em Mirassol e 30º em Catanduva e 9º BAEP – Batalhão de Ações Especiais de Polícia – sediado em Rio Preto, mas que atende os 96 municípios. Desde o ano passado, a Companhia de Fernandópolis passou ter a sede própria o que era um pleito antigo da corporação. A companhia é o órgão da Polícia Militar que cuida efetivamente do policiamento, faz a segurança da cidade e das pessoas. Aquela região onde está a sede da Companhia em Fernandópolis (ao lado do Paço Municipal) é estratégica, porque ali estão as sedes do Poder Judiciário, Poder Legislativo, Poder Executivo, Ministério Público, Tribunal de Contas, Justiça do Trabalho. Aquela região se tornou um centro de órgãos de grande importância. 

Como avalia o índice de criminalidade na área do Batalhão de Fernandópolis?
As vezes as pessoas têm uma falsa percepção de como é, na realidade, a segurança pública. Nós temos uma área muito, vou frisar, muito tranquila. Quando acontece algum fato especifico, ele entra em evidência, ganha grande repercussão e gera para as pessoas uma falsa impressão de que a região é perigosa, que os índices criminais são altos, de que a Polícia não tem controle. Temos estatísticas oficiais da Secretaria de Segurança Pública do ano de 2021 e, aí é preciso fazer uma explicação sobre como as Nações Unidas calculam os índices por 100 mil habitantes de três tipos de crimes: homicídios, roubos e furto e roubo de veículo. Se pegarmos os números de 2021 vamos ver como é nossa região, comparando com o Estado de São Paulo, no caso de homicídios está no mesmo padrão do Estado, ou seja, média de seis homicídios no ano para cada grupo de 100 mil habitantes. No caso de roubo, crime em que há violência, grave ameaça, que expõe a vida da pessoa em perigo, a média do Estado de São Paulo no ano passado foi de 574 roubos para cada grupo de 100 mil habitantes. A nossa região apresentou a média de 34. No mundo ideal era que não tivéssemos esse tipo de crime, mas infelizmente temos. Furto e roubo de veículo, a média no estado foi de 260 crimes, na nossa região 54. Não quero dizer que o Estado de São Paulo não é seguro, pelo contrário, se comparar os números de São Paulo com outros estados, é disparado um dos mais seguros do Brasil. E no estado de São Paulo, temos a bolinha menor que engloba as regiões de Fernandópolis, Votuporanga, Jales, Santa Fé do Sul e Cardoso de jurisdição do 16º Batalhão. Aqui é muito tranquilo.

"Os grupos de WhatsApp de produtores denominados Vizinhança Solidária tem ajudado a aumentar a segurança na área rural

O apoio do helicóptero Águia reforça a sensação de segurança na região?
O Estado investiu muito em tecnologia e cada comando de policiamento do interior, tem uma base de policiamento aéreo. Hoje temos base com helicópteros em Rio Preto, Araçatuba, São José dos Campos, Campinas, Ribeirão Preto, Bauru, Santos, Sorocaba, Presidente Prudente, Piracicaba e Araçatuba. Embora fique baseado na cidade sede da CPI, ele nos atende emergencialmente. Se tivermos um fato que precise da aeronave, ela decola de Rio Preto e vem atender a ocorrência. Se houver uma necessidade noturna em Fernandópolis ele não tem como nos atender por restrição de voo noturno, por questão de legislação aeronáutica. Só que se fizermos aqui uma operação noturna planejada, como ocorreu na época da Expo, ele se desloca para cá e participa da operação, sem problemas. 

"Nós temos uma região muito, vou frisar, muito tranquila, com os menores índices de violência do Estado"

Qual a importância da Atividade Delegada no reforço do policiamento das cidades?
A Atividade Delegada surgiu inicialmente na cidade de São Paulo e se expandiu para todo o Estado. Por que o nome Atividade Delegada? Porque o município delega, ou seja, atribui para o estado algumas funções que ele deveria fazer e muitas vezes não tem estrutura humana. Na área do 16º BPMI, dos 49 municípios, só um que ainda não tem a atividade delegada, mas está tramitando. Em determinados dias e horários, de acordo com as necessidades dos municípios, os policiais militares em seus horários de folga, se voluntariam e vão trabalhar pela Polícia Militar, em nome do município, recebendo os valores daquele período de trabalho dos cofres municipais.

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