A APAB – Associação de Pais e Amigos do Basquetebol – de Fernandópolis, completou este ano 33 anos de fundação e está buscando parceria com empresas através da Lei de Incentivo ao Esporte para ter uma equipe de alto rendimento e, ao mesmo tempo, fomentar as ações para continuar formando cidadãos através do esporte. O projeto da APAB foi aprovado pela Lei Paulista de Incentivo ao Esporte Paulista que possibilita que empresas que recolhem ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços – possam destinar parte para projetos esportivos, como esse que a associação de Fernandópolis está lançando e que tem como meta levantar recursos de R$ 313 mil. O técnico e coordenador da APAB, Rodrigo Antonio Garcia, o Diguinho, em entrevista ao CIDADÃO e Rádio Difusora FM contou detalhes do projeto e da expectativa de atingir o objetivo para que a cidade volte a ter uma equipe de alto rendimento no basquetebol. Leia a entrevista:
Explica como as empresas podem apoiar a APAB pela Lei de Incentivo ao Esporte?
Tudo nasceu da dificuldade em conseguir parcerias para manter as equipes disputando campeonatos como jogos regionais, campeonato paulista, jogos estaduais. O custeio das competições ficou muito alto. Hoje a APAB vive de patrocinadores (empresas), pelas mensalidades dos pais (associados/colaboradores) e também com uma subvenção que a prefeitura repassa mensalmente para organizarmos esse trabalho. Em 2019 jogamos o último campeonato paulista no sub-18. Nesse período de pandemia, que tudo parou, fizemos novamente a programação para jogar o campeonato paulista, sentamos com o prefeito André Pessuto e com o secretário de esportes Humberto Cáfaro e deram o aval. Com o apoio deles, do vice-prefeito Artur Silveira e vereadores conseguiu-se levantar uma parte do recurso, mas não conseguimos a outra parte com patrocinadores. Decidimos parar e mudar o foco. Vamos organizar a parte estrutural da entidade para buscar recursos do Estado, do Governo Federal, emendas de deputados, para podermos começar a pensar em voos mais altos.
Qual é o foco nesse projeto?
O foco é investir numa equipe sub-16 de alto rendimento para disputar o campeonato paulista de 2023. Tivemos o projeto aprovado pela Lei Paulista de Incentivo ao Esporte. Contratamos uma empresa de Rio Preto, especializada nesta área de captação de recursos para a montagem do projeto. Tivemos todo o suporte e consultoria para avançar no projeto da Lei de Incentivo ao Esporte. É uma coisa nova para a gente, embora a lei exista há algum tempo. O projeto é para o ano que vem, mas precisamos captar os recursos este ano, porque o Estado disponibilizou para esse tipo de projeto R$ 68 milhões. Agora foi dado o start para os projetos no Estado e quem conseguir captar sua verba dentro desse pacote de R$ 68 milhões fecha o projeto. Já tivemos um projeto desses pela APAB aprovado, mas não demos início porque não conseguimos captar o recurso. Nesse projeto precisamos captar R$ 313 mil.
Qual a vantagem da empresa em participar desse projeto?
A empresa que aderir ao projeto entra como patrocinadora. Ao invés da empresa recolher todo o ICMS, que é o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços, para os cofres do Estado, ela poderá destinar uma parte para o nosso projeto e terá a sua marca como parceira da APAB com destaque em todas as ações de mídia e marketing dentro do campeonato. Com o projeto, a associação terá que contratar profissionais como técnico, fisioterapeuta, entre outros, ou seja, montar toda uma estrutura profissional, embora seja uma equipe amadora.
Como a empresa deve fazer para destinar parte do ICMS para a APAB?
Com o projeto aprovado temos um número do CID e quando o contador da empresa entra lá no programa da Lei de Incentivo, tem uma aba para a destinação da porcentagem do ICMS. No cadastro que insere o recolhimento do ICMS ele acrescentará o número do nosso CID, aparecendo o nome do projeto e nome da associação. Hoje nós somos a única entidade esportiva da cidade cadastrada no Conselho Estadual de Entidades, igual as entidades filantrópicas. Para receber esse recurso, tivemos que fazer um cadastro, o conselho veio aqui, checou a documentação da APAB, as finanças e se as prestações de contas para o Tribunal de Contas do Estado estão em dia. Então, veja que para conseguir o CID, tivemos que passar por uma auditoria completa.
"O nosso objetivo na APAB é formar cidadãos através do esporte"
Nessa destinação podem participar apenas empresas de Fernandópolis ou também de outras cidades?
Empresas do estado de São Paulo podem participar destinando até 3% do ICMS a recolher. Estamos buscando contatos com empresas de fora como a Refrigerantes Potty, que já investe neste tipo de projeto. Estamos com duas empresas na cidade com aval para avançar na formalização do apoio, casos da CR Foods e Lajes Ipanema. Estamos acertando os últimos detalhes do projeto para começar a visitar as empresas porque a aprovação saiu no final do mês passado. O número de empresas no projeto depende muito do montante que cada uma recolhe de ICMS. A nossa meta é atingir o montante do projeto (R$ 313 mil) reunindo o maior número possível de parceiros para poder mostrar para outras entidades que o dinheiro existe e que é preciso apenas montar os projetos e buscar os recursos para viabiliza-los. Esperamos contar com o apoio das empresas porque será um dinheiro que vai ficar em Fernandópolis, ao mesmo tempo em que a empresa pode associar seu nome a um projeto de fomento do esporte.
"Será um dinheiro que vai ficar em Fernandópolis para o fomento de projeto na área do esporte"
Esse projeto vai colocar a APAB em outro patamar?
Sim, porque as pessoas começam a olhar para a entidade com outros olhos. Teremos novamente uma equipe de alto rendimento, disputando um campeonato paulista com grandes equipes vindo jogar na cidade. Isso gera movimento e desperta interesse até em outras crianças em se envolver com o esporte. Vejo também que a APAB pode se tornar referência como entidade esportiva, servindo como incentivo para outras entidades começarem a procurar esse caminho. Tudo caminha para que o esporte seja direcionado para o terceiro setor que é o caminho mais fácil para o fomento.
O esporte, cada vez mais, assume uma função de formação cidadã, não?
Concorremos hoje com celular, videogame e várias outros atrativos. E as crianças não querem dificuldade. Se você aperta um menino ou menina no treino, dá uma bronca, acaba desistindo, prefere ficar em casa no videogame, com o celular, fechado no quarto. Infelizmente tem muitos pais que fazem isso com os filhos. Na primeira dificuldade o filho fala que não quer e o pai aceita. Passa pelo basquete, pelo futebol, atletismo, natação e não cria uma identidade, não com o esporte, mas com a responsabilidade, fator que vai influir lá na frente. Hoje tenho a satisfação e alegria de ver vários atletas que passaram pela APAB, estão formados, são cidadãos do bem, bons profissionais, com família constituída. Muitos desses atletas fizeram faculdade na parceria da APAB com a FEF. Hoje tenho quatro atletas que estão fazendo faculdade nessa parceria com a Fundação. Isso é o resultado do esporte na formação do cidadão.
"Com a Lei de Incentivo ao Esporte a meta é captar R$ 313 mil com empresas parceiras"
A APAB hoje trabalha com todas as categorias?
Hoje a APAB está com todas as categorias em atividade, trabalhando com dois fomentos de projeto como o “Basquetebol formando cidadão”. Esse projeto é totalmente gratuito e social, em parceria com o município com um núcleo na Escola João Garcia Andreo, onde atendemos 60 crianças. Trouxemos agora um programa do Sesi “Atletas do Futuro”, parceria entre prefeitura, APAB e empresas madrinhas do convênio. Vamos atender mais um núcleo com até 80 crianças. No polo de atividade no CPP, temos mais 85 crianças que disputam competições, além da parte de escolinha, estamos com a parte de competição. Atende a partir dos 6 anos de idade e vai até os 18 anos. Hoje estamos disputando a Copa Monte Líbano que é filiada a Liga de São José do Rio Preto e disputamos com duas categorias, sub-11 e sub-13. Temos o Sub-21 jogando os Jogos Regionais e jogos da Secretaria do Estado e fazendo esse trabalho com o projeto da Lei de Incentivo ao Esporte para montar novamente uma equipe de alto rendimento.
