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Atleta tem reconhecimento internacional



Atleta tem reconhecimento internacional

Na última semana, as redes sociais repercutiram mais uma conquista do esporte fernandopolense. O atleta Aparecido de Oliveira Junior, 51 anos, o Juninho da Academia Movimento, obteve reconhecimento internacional pela Confederação Internacional de Strongman, cuja sede é no Irã, por sua marca alcançada no levantamento de peso. Junior levantou 235 kg em Catanduva, durante o Campeonato Brasileiro. O recorde já era seu em outra federação (GPC Brasil - Confederação Brasileira de Powerlifting). Agora, em sua categoria, ele é o atleta com a maior marca pela FPLBI - Federação Paulista de Levantamentos Básico do Interior - além de ser certificado pela Federação Internacional de Strongman. Juninho, ao lado de Renan Moreno, tem sempre frequentado páginas de conquistas para o esporte fernandopolense, na disputa do Campeonato Mundial de Powerlifting. Em março do ano que vem, eles estarão novamente nos Estados Unidos para a disputa. Entre as metas de Juninho, o recorde mundial de sua categoria: 250 quilos.

Na foto, troféu de competição internacional

Esta semana ele conversou com CIDADÃO e contou sobre sua rotina como atleta e as conquistas que movem esse atleta que é exemplo para os mais jovens. Leia a entrevista:

Como recebeu esse reconhecimento internacional pela Confederação Internacional de Strongman por conta da marca que atingiu de levantamento de 235 quilos?

Essa Confederação é internacional tem sede no Irã e aqui no Brasil a sede dela fica em Santos. Como bati esse recorde e com a minha idade, houve repercussão nas redes sociais e essa Confederação nunca tinha tido um atleta com essa marca. O presidente da Confederação aqui no Brasil viu a minha conquista e mandou para o Irã e lá houve a aprovação, ou seja, o reconhecimento internacional pelo feito que alcancei. Pra mim, para os nossos atletas, isso é um baita prêmio, porque até hoje nós temos o Renan Moreno, que é bem consagrado e nem ele conseguiu esse feito, até porque por ser mais jovem, a marca dele tem que ser maior. Por isso recebemos esse prêmio como a glorificação de todo o trabalho da nossa equipe.

Fale sobre o grupo de atletas que você coordena na Academia?

A Academia Movimento é uma academia aberta ao público em geral. E lá temos esse trabalho, incluindo também um trabalho social com os meninos assistidos pela Fundação Casa, que mantemos há 12 anos e foi iniciado por intermédio do Dr. Evandro Pelarin. É um trabalho voluntário onde duas vezes na semana, o pessoal vem na Academia, treina e já tivemos atletas que chegaram a ser campeão. Nós temos a nossa equipe com 20 atletas, nós treinamos todos os sábados, que é o treino forte da semana, levado muito a sério por todos. Então, no sábado, a gente se encontra para um treino, sempre a partir das 4 horas da tarde. Esses atletas representam Fernandópolis, inclusive em outros estados. E temos nessa equipe o nosso grande Renan Moreno, que junto comigo, representa o Brasil nos Estados Unidos.

Nesse esporte você já está há quanto tempo?

Faz 34 anos que estou dentro de uma academia e hoje tenho minha própria academia. De competição faz 20 anos que venho participando. Em nível profissional, posso dizer, de dez anos prá cá que decidimos nos preparar melhor e participar de competições.

"Quando conquistamos um prêmio, não é só para a gente, é para toda a cidade"

E o que te levou para a academia?

Você sabe que o sonho de qualquer jovem é ser jogador, de qualquer adolescente, é o futebol. Andei fazendo alguns testes no FEFECÊ quando tinha 15 anos, naquela turma que treinava às cinco horas da manhã e depois fui para a Votuporanguense. Fiz um teste lá na época do saudoso técnico Cidão. Consegui ser aprovado nas categorias de base só que nesse período tive deslocamento de ombro e indicaram entrar para academia para fortalecimento de ombro. E foi ai que me apaixonei pela musculação e não sai mais. Troquei o futebol pela musculação.

Nesse tempo de academia, qual foi a maior satisfação de vida?

Trabalhar com os jovens da Fundação Casa. Eu tenho jovens que há oito anos estavam cumprindo medida socioeducativa na Fundação e hoje integram a equipe de atletas da Academia Movimento. Isso não tem preço, saber que um desses moleques poderia estar preso e hoje temos vários deles participando de competições e representando a cidade. Poder ajudar alguém não tem preço.

Esse trabalho social da academia inclui também portadores de deficiência?

Sim, trabalhamos com vários. Agora, por conta da pandemia, eles estão afastados. Tenho cadeirante que treina comigo, deficiente visual, até um atleta, chamo todos eles de atletas, que tem aneurisma cerebral. Trabalhar com esse pessoal é gratificante e quando essa pandemia passar, eles vão retornar, com certeza.

Depois de receber o reconhecimento internacional por uma marca alcançada, ainda tem algum sonho para realizar?

O recorde mundial na minha categoria é 250 quilos. Como levantei 235, faltam 15 quilos para o recorde mundial e eu tenho esse sonho e vou trabalhar para tentar alcançar essa marca, de ser recordista mundial na minha categoria.

É uma marca difícil para alcançar?

Sem dúvida, precisa trabalhar bastante para conseguir. Do jeito que venho treinando nos últimos tempos eu tenho conseguido aumentar 5 quilos a cada ano. Vamos analisar que eu tenho mais três anos para realizar esse feito. Mas, quero ver se consigo essa marca antes. Quem sabe o ano que vem ou em 2022. Eu vou conseguir bater esse recorde.

"Eu tenho o sonho de alcançar a marca de 250 kg, de ser recordista mundial na minha categoria"

Qual foi o impacto da pandemia no trabalho de vocês?

Em termos de comércio, a academia é uma empresa, prejudicou muito já que as academias ficaram em torno de seis meses fechada. Prejudicou bastante. Não prejudicou muito a equipe, porque a gente continuou treinando, em horários reservados e com as portas fechadas, só a equipe, devidamente com a autorização dos órgãos públicos. A gente precisava continuar treinando, para que essa equipe pudesse representar a cidade nas competições. Então, em termos de competições, não tivemos muito prejuízo, mas em temos do dia a dia da academia, do ganha pão nosso, afetou bastante.

Além dos atletas, você recebe quantas pessoas na academia?

Hoje nós tempos em torno de 200 alunos. Já chegamos ter 250, e agora na pandemia não conseguimos alcançar essa marca. Hoje, frequentando a gente deve ter 100 alunos.

A falta de apoio ainda é um problema para esse esporte?

A gente consegue superar um pouco a dificuldade por conta da união. Tenho vários amigos empresários que estão sempre nos ajudando, principalmente para participar de competição, porque não são todos os atletas que tem dinheiro para bancar uma competição. É aí que corremos atrás dos amigos que anos apoiam sempre. Com os órgãos públicos ainda é complicado.

E as próximas competições?

Eu e o Renan Moreno recebemos ontem (segunda-feira) a convocação para participarmos do Campeonato Mundial, que deveria ter sido agora em no novembro, mas que por causa da pandemia ficou para março do ano que vem no Texas, nos Estados Unidos. A convocação veio pelas marcas que temos aqui para que possamos representar o Brasil e Fernandópolis agora no Texas em março. Nós vamos atrás de apoio para ver se a gente consegue estar lá.

É mais difícil levantar 235 quilos ou conseguir apoio para as competições?

Acho que levantar a barra com 235 quilos está sendo mais fácil (risos...) a busca de apoio é bem difícil. Mas, temos o compromisso do prefeito André Pessuto e do Humberto Cáfaro que vão nos ajudar. Temos fé em Deus que vamos conseguir sim. Quando conquistamos um prêmio, não é só para a gente, é para toda a cidade. E pode apostar que vão vir outros pela frente.

"Eu e o Renan Moreno recebemos a convocação para participar do Campeonato Mundial no Texas, nos Estados Unidos"

Até quando pretende se manter como atleta de alto rendimento, participando de competições?

Na minha categoria de 47 a 53 anos. Tenho mais dois anos para ser bem competitivo. Depois disso, acho que vai ser mais difícil, porque como se diz o sofrimento está no corpo. Hoje fica mais difícil para acordar cedo, o corpo já tem mais dores, a gente precisa de um descanso maior. Então acho que devo me manter por mais dois anos, no máximo. Eu tenho apoio de ortopedista, fisioterapeuta e esse pessoal se surpreende em ver que eu ainda consigo treinar em alto nível.

Como é a rotina para manter a forma?

Eu sempre dormi cedo, 10 horas da noite já estou repousando. Acordo cinco horas da manhã, faço oito refeições por dia, procuro me alimentar bem, evito bebida alcoólica, não fumo. Eu treino dois dias sim e um dia não, para ter uma recuperação melhor do corpo. Quando era mais novo treinava todos os dias. Hoje a recuperação é mais difícil e exige cuidados especiais.

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