Caderno Viva

Bastidores



UM BELO DIA...

o funcionário de carreira da Cesp Luiz Vilar de Siqueira foi transferido de Santa Fé do Sul para Fernandópolis. Chegou com seu velho fusca lotado não de malas, mas de planos de ascensão social e política.

 

VILAR...

logo se inseriu no contexto (para usar uma expressão daquela época) das forças que comandavam a cidade (clubes de serviços, entidades e a nascente Associação de Amigos do Município). Logo se mostrou dinâmico e solícito, até indispensável para alguns.

 

A PARTIR DAÍ...

é que começaram os equívocos do funcionário da Cesp. Ao ingressar na política, Vilar cedo adotou métodos questionáveis, malgrado sua inegável capacidade de organização. Ganhou as eleições municipais de 1992 (que contou com sete candidatos a prefeito) com 23,73% dos votos. Nesse mandato, entre 1993 e 1996, os destaques foram a construção do Shopping Center e o advento da Unicastelo, cujo Campus Vilar negociou habilmente com grupos empresariais da cidade.

 

DEPOIS DE...

perder as eleições do ano 2000, Vilar mexeu os pauzinhos e se tornou presidente da FEF, nossa maior instituição educacional. Ali, aflorou seu lado autoritário. Mudou os estatutos, pôs gente de sua confiança no Conselho da FEF e a utilizou como plataforma para voltar ao poder, o que aconteceria nas eleições de 2008.

 

ESSA GESTÃO...

foi caótica a ponto de salpicar com dezenas de processos cíveis e criminais o “cartel” de Vilar – inclusive com o a promulgação do Decreto 5708/2009, o famigerado “Decreto da Expô”, uma pérola de cabotinagem que entregava a seus parceiros políticos a exploração econômica da maior festa da cidade, enquanto que a prefeitura continuaria arcando com os ônus da festa (basta ler o artigo 6º do tal Decreto).

 

CURIOSAMENTE...

em meio a tantos desmandos (campus da FEF em Rondonópolis e coisas assim) foi um reles estacionamento na Expô que o fez cair em desgraça. O prefeito se utilizou de maquinário da Codasp, empresa do Estado, para terraplenar um terreno que não pertencia ao município, beneficiando terceiros. Denunciado, tentou simular documentos que dessem ar de legalidade à ação. Foi o seu canto do cisne.

 

CONDENADO...

a mais de 13 anos de prisão, Luiz Vilar de Siqueira foi preso na quarta-feira, 13, em Bertioga, e conduzido a um presídio provisório do Guarujá, até que se decida o seu destino. É lastimável que um ex-prefeito de Fernandópolis tenha deixado o noticiário político para entrar nas páginas policiais.

 

É IRÔNICO...

e cruel. Vilar paga por uma ação, em tese, de menor grau lesivo, se comparada aos seus maiores deslizes. O maior deles, sem dúvida, é a situação de penúria em que afundou a Fundação Educacional, que talvez jamais se recupere. Isso, Fernandópolis jamais perdoará.        

Equipe A.C.G