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“Capacitação é a minha menina dos olhos”



“Capacitação é a minha menina dos olhos”

A frase é da nova presidente da Acif – Associação Comercial e Industrial de Fernandópolis – em entrevista ao jornal CIDADÃO e Rádio Difusora. A empresária Rosana Marques Nunes, proprietária da loja Arezzo, assumiu a presidência na quinta-feira, 11, diante da renúncia do então presidente Saulo Marin. É a primeira mulher a comandar a associação em 60 anos. Nesta entrevista ela diz que “a forma de vender mudou, principalmente após a pandemia. É momento para gente se capacitar as equipes de atendimento. O cliente tem que ser o foco”. Apesar de ser a primeira mulher no cargo de presidente, Rosana faz questão de destacar a participação feminina na diretoria da entidade. “As mulheres hoje estão cada vez mais assumindo cargos importantes na vida pública e privada. Não posso dizer que sentia falta de uma mulher na liderança da Acif, pois apesar de eu ser a primeira presidente, as diretorias sempre contaram com o excelente trabalho de outras mulheres muito engajadas e dedicadas”, destacou. Leia a entrevista:


Você é a primeira mulher a comandar a Acif. É um divisor de águas na história de 60 anos da associação?
Pretendo que sim. Sendo sincera, o trabalho que o Saulo Marin vinha fazendo no decorrer desse ano foi fantástico, excelente, e a minha proposta é continuar. Vamos incrementar mais algumas coisas, sempre voltada para essa parte da capacitação profissional que eu falo que é a minha menina dos olhos. Acho que o comércio, as indústrias, as empresas, andando bem, com equipes capacitadas, temos uma chance maior de crescimento da cidade. Vou focar muito nisso, mas seguindo um trabalho que já vinha sendo realizado pela equipe que continua a mesma.

A mulher vem ganhando destaque no mundo corporativo. Isso ajudou a decidir a assumir esse desafio?
Sim, com certeza. É emblemático ser a primeira a mulher a assumir o comando da Associação Comercial e Industrial de Fernandópolis nesses 60 anos, mas, na verdade, a gente sempre teve diretoria compostas de muitas mulheres extremamente ativas. Nessa atual diretoria nós temos um grupo de mulheres bastante atuantes. É o fato de ser a presidente hoje que ganha destaque, mas a Acif sempre teve essa participação feminina trabalhando também.

"É emblemático ser a primeira a mulher a assumir o comando da Acif nesses 60 anos"

Estava no seu radar assumir presidência da Acif?
Em momento algum. Até eu ingressar na Acif nesse mandato do Saulo foi uma coisa meio de surpresa. No fim, acabou dando super certo, é uma coisa que gosto muito. Tenho 20 anos de advocacia, antes de vir para o comércio, e já fiz parte de diversas comissões  da OAB, sou da diretoria mantenedora (vice-presidente) do Colégio Coopere, então é um trabalho voluntário que gosto muito, de engajamento com a sociedade, de poder ajudar. Acabei me integrando e a presidência chegou no susto. Não foi nada planejado, mas estou feliz e acredito que consiga dar continuidade no mesmo nível que o Saulo vinha empreendendo e poder acrescentar bastante para a cidade. Tenho certeza disso. 

Como foram as negociações para chegar ao dia da assembleia que culminou com sua eleição para a presidência da Acif?
Com a saída do Saulo, temos que cumprir o que o estatuto da associação determina e teria uma ordem estatutária para ser seguida para ocupação do cargo de presidente. Somente no caso de nenhum da ordem estatutária aceitar é que se teria que realizar uma nova eleição ou nomear alguém de forma interina. No caso, como a gente já vinha atuando muito próximo do Saulo e mais alguns diretores, nós tomamos muito a frente de tudo que aconteceu este ano, da campanha RespirAção e tudo mais, achei que caberia a mim aceitar e dar continuidade ao trabalho que vinha sendo realizado. Por isso resolvi aceitar a missão para não perder o que foi feito.

"A Associação Comercial é a casa do empresário, a casa do empreendedor"

Qual foi a repercussão dessa decisão no setor empresarial?
De todas as pessoas com quem tenho relacionamento, venho recebendo apoio e que foi uma decisão excelente, porque já participava da diretoria. Sou uma pessoa de relacionamento, me dou bem com todos, não quero encrenca com ninguém. Esse é meu perfil. Quero aproveitar isso para agregar mais na associação, de unir mais o comércio, a indústria. A gente se ajudando, o comércio todo cresce junto. É isso que busco, por isso quero muito essa união. 

Na sua opinião, a Associação precisa ainda se aproximar mais dos empresários?
Com certeza. Inclusive nesta gestão, temos feito um trabalho utilizando outras mídias, como o Instagram, para comunicação com os empresários. O lojista usa muito essa ferramenta inclusive para venda de produtos. Estamos trabalhando muito com lives, com bate-papo, abrindo esse canal de comunicação. Agora estamos com o Sebrae dentro da Associação Comercial, porque queremos mostrar que a Acif é a casa do empresário, a casa do empreendedor, dele se sentir abraçado em busca de soluções para os desafios do dia a dia, através de uma discussão em conjunto. A ideia é essa, a união de todos para que as demandas sejam alcançadas e possamos crescer juntos e que o empresário veja o valor do boleto da Acif como, ‘só isso por tudo isso’. Essa é a meta. Vamos focar muito na capacitação profissional. Estamos vendo com o Senac e Sebrae cursos gratuitos em diversos setores justamente para podermos oferecer aos nossos associados muito mais do que eles pagam como mensalidade. 

"O momento é a gente se capacitar e não fechar os olhos para a realidade que está aí"

Por que você enfatiza a prioridade na capacitação?
É o cliente que tem que ser o foco. E a forma de vender mudou muito de uns tempos para cá, principalmente na pandemia. E muitas empresas não estão preparadas para isso. É momento para gente se capacitar e não fechar os olhos para a realidade que está aí. É um ciclo, o comércio vende, movimenta a indústria e todos ganham. Para isso, precisamos ter atendimento de excelência. Infelizmente, são poucos os empresários que colocam foco nisso. Como trabalho nessa área de treinamento também vejo muito dizerem: não vou treinar minha equipe, por que daqui a pouco alguém vai pedir a conta, vai para outra empresa, e gastei com treinamento. Mas, será que não é mais caro ter alguém incapacitado para o trabalho dentro de sua empresa? É isso que quero trabalhar, porque vejo que, para a gente crescer, precisamos investir em capacitação, em todas as áreas, restaurantes, bares, lojas, hotéis e até mesmo numa recepção de empresa. Precisamos sim capacitar no atendimento. O empresário precisa enxergar isso como investimento e não como gasto. Precisamos parar de pensar só no nosso negócio e pensar no todo. A nossa meta na diretoria da Acif é focar no treinamento como forma de movimentar a economia da cidade. 

Estamos saindo de um período crítico por conta da pandemia. Como você olha para o futuro, agora no comando da Acif? Qual a expectativa?
Eu vivo isso, tenho loja, estou no comércio e vejo que, graças a Deus, as pessoas estão respondendo a essa retomada, essa volta, saindo com um pouco menos de medo, de receio. O comércio, não digo que voltou a faturar super bem, cada loja, cada segmento tem seu perfil, mas já estamos no caminho de retomada. É claro que ainda enfrentamos os percalços de uma crise com efeitos econômicos e inflação alta. Acredito que agora, aos poucos, vamos recuperando. Temos que acreditar. Quem tem um negócio, é empreendedor e tem que acreditar. O lema é acreditar, lutar e estar sempre preparado porque esse é um momento de crise, mas a vida é assim e exige coragem de enfrentar e encarar o que vem pela frente. Acredito que a tendência é que gente consiga retomar uma normalidade.

É possível projetar um fim de ano positivo?
Sim. Eu falo que no ano passado, mesmo diante de todo o histórico difícil que a gente passou, com fechamento, restrições, tivemos um bom Natal para o comércio. Não foi ruim. Acredito que esse seja ainda melhor, porque as pessoas vão conseguir se reunir, se presentear, ter momentos em grupo e em família, e isso vai ajudar muito o comércio, a indústria a colocar sua produção. Eu acredito em um Natal muito bom.

Como comerciante e agora presidente da Acif, como avalia o centro comercial da cidade? 
O centro é onde minha loja está, é o lugar onde faço minhas compras, circulo, e acho que o nosso centro comercial oferece de tudo. Venho de São Paulo, cheguei aqui em 2007, e encontrava dificuldade para comprar coisas. Hoje compro tudo na cidade, raras as vezes que compro fora. Precisamos mostrar o que temos de bom. Ainda não sentamos para conversar sobre a parte estética do centro, mas queremos nos engajar na busca da beleza, do conforto e na comodidade da população de nossa cidade e da região. Esse será um tema de nossas conversas daqui para a frente na Acif e buscar também a participação do poder público.

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