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Casa de Portugal investe para resgatar associado



Casa de Portugal investe para resgatar associado

Em meio a pandemia do coronavírus, a diretoria da Casa de Portugal está tomando decisões importantes com o objetivo de resgatar as tradições de um clube, fundado pela colônia portuguesa há 51 anos e que já foi o point para muitas gerações de fernandopolenses. No último sábado, 17, em assembleia geral extraordinária, foi aprovada a venda de área pertencente ao clube e que estava ociosa (sete terrenos) e a permuta de terreno com a prefeitura para quitar dívidas tributárias.

A partir dessa perspectiva, o presidente do clube, o cirurgião dentista Márcio Mello Carnelossi, espera iniciar uma nova fase para o “Clube da Colina”. Ele assumiu a presidência do clube no início deste ano e logo precisou fechar os portões por conta da pandemia do coronavírus. Ao decidir pela venda de área ociosa, a diretoria olha para a necessidade de investir na manutenção do parque de lazer que requer reformas e investimentos em novos atrativos para motivar o associado a retornar ao clube.

A Casa de Portugal de Fernandópolis é um dos clubes mais tradicionais da cidade e sofre com a fuga de associados. Já chegou a ter mais de dois mil associados e hoje tem em torno de 600. O objetivo é investir em melhorias e na manutenção da área de lazer que possui um dos maiores complexos de tênis do interior paulista (8 quadras profissionais), paredão de tênis de treinamento, 5 minicampos de futebol, 2 quadras poliesportivas, 2 quadras de vôlei de areia, 2 pistas de bocha, saunas, playground, bar, salão de festas com capacidade para 800 pessoas e estacionamento amplo. “Acreditamos que isso pode trazer de volta o associado”, diz o presidente nesta entrevista:

Você assumiu a presidência da Casa de Portugal e logo chegou a pandemia. Como foi?

É, foi no começo do ano, entre fevereiro e março. Como tudo fechou por conta da pandemia do coronavírus, não tivemos nem um ato para formalização da posse. Foi uma coisa bem interna. Nesse período todo, estamos à frente do clube sem poder fazer nada, com o clube fechado. Só no mês passado (setembro), com a fase amarela, é que conseguimos autorização da prefeitura para voltar a funcionar, onde pudemos reabrir alguns setores do clube. Teve um setor que não pôde ser reaberto, a sauna que permanece fechada. Os demais setores, com os protocolos de segurança, distanciamento, uso de máscara, estão abertos, casos do futebol, tênis, piscinas.

"Tomamos posse e não pudemos fazer nada, com o clube fechado pela pandemia do coronavírus"

Qual foi o impacto da pandemia para o clube?

Veja, a Casa de Portugal vinha mantendo um calendário de eventos todos os anos, como a feijoada, bacalhoada, carnaval, entre outros. A pandemia nos proibiu de fazer esses eventos que ajudam a equilibrar as finanças do clube. Nós temos despesas com funcionários, com energia, despesas que não cessaram durante a pandemia. E tivemos num determinado trimestre, em meio a pandemia, que conceder para os nossos associados um desconto de 50% no valor das mensalidades, o que reduziu absurdamente a receita. Então, está sendo muito difícil esse período. Estamos tocando devagar, trabalhando sem dinheiro.

Com a liberação para retomada das atividades com restrições, o associado está voltando ao clube?

Está voltando lentamente. Agora a gente entra numa fase boa para o clube, é a fase de colheita do clube, com a temporada de verão. Moramos numa terra muito quente e nesta época do ano a procura pelas piscinas aumenta. Isso deve ajudar a aumentar a receita.

Faça um paralelo da Casa de Portugal, da sua juventude para hoje quando está na presidência do clube em meio a essa crise sanitária?

Olha, na nossa época de juventude a Casa de Portugal era muito efervescente. O carnaval era um espetáculo, vinha um monte de gente, o clube estava sempre cheio, as piscinas, era tudo maravilhoso. Durante nossas férias, a gente ia para o clube todos os dias encontrar os amigos. A gente não ia de segunda-feira porque o clube fecha normalmente. Hoje, é tudo muito triste, a gente vê o clube deserto e isso não ocorre só aqui em Fernandópolis. Esse cenário se repete em toda a região. Os clubes estão passando por dificuldades financeiras. Parece que essas novas gerações optaram por outro tipo de lazer e deixaram o clube de lado. A Casa de Portugal, na cidade, é o único clube que oferece uma gama enorme de opções de lazer. Tem as piscinas, campos de futebol, quadras de tênis, sauna, quadras poliesportivas, quadra de vôlei de areia, bocha, um ótimo parquinho para as crianças. Enfim, tem muitas opções de lazer para toda a família.

"A necessidade de melhorias é urgente, é para hoje, para que o sócio volte a frequentar o clube"

Ver esse cenário é uma frustração?

Sem dúvida. A gente sabe que isso ocorre e não é de agora, por causa da pandemia. Essa situação vem ocorrendo lentamente ao longo dos últimos anos. O clube vem perdendo associados e diminuindo a frequência em suas instalações. Mas, a gente acredita que é possível melhorar. Estamos trabalhando para realizarmos melhorias no clube para atrair o associado de volta. Hoje a Casa de Portugal tem uma um espaço físico magnífico para encontrar os amigos, realizar festas, fazer um churrasco em família nos quiosques. É uma delícia esse espaço de convivência no clube, teria que ter mais gente lá.

O clube realizou uma assembleia para decidir sobre venda de área. Qual a finalidade?

Essa venda, que foi autorizada, é para que o clube tenha recursos para investimentos em melhorias. É claro, que também vai ajudar a compensar a queda de receitas por conta da pandemia. Mas, o objetivo é investir no clube. Estamos com problema nas piscinas e precisamos arrumar, trocar motores antigos. Queremos também investir em energia fotovoltaica para reduzir a conta de energia que é alta. A ideia também é montar uma academia no clube, construir uma quadra de beach tennis (quadra de tênis de areia) e melhorar a estrutura que já temos. Esse é o objetivo maior dessa venda, mas devemos usar um pouco desse recurso para compensar as despesas desse ano. Para o ano que vem, a gente espera voltar a fazer os eventos que são tradicionais no clube e que ajudam nas despesas.

Com essa decisão, você vê boas perspectivas para o clube?

É a nossa torcida. Investindo nas melhorias que precisam ser feitas e acrescentando novidades nas opções de lazer, acreditamos que o clube voltará a atrair o associado. Nós temos uma área grande que fica ociosa pelo número de associados que temos. O clube já chegou a ter em outros tempos até 2 mil associados. Hoje estamos na faixa de 600. Não adianta pensar em expansão da área. Temos que achar um jeito de cuidar da estrutura que temos lá e acrescentar outros benefícios. A área que possuímos para lazer é muito boa e precisamos cuidar. Então, a gente abre mão de uma área ociosa para investir nesse patrimônio e deixá-lo bom para o sócio, para que ele volte a frequentar o clube. A necessidade de melhorias é urgente, é para hoje. Temos o nosso salão social que precisamos atualizar para ficar no nível com os demais espaços da cidade, porque é uma fonte de renda para o clube com o aluguel para festas, casamentos e eventos. Estamos um porquinho defasados. Temos que melhorar para poder competir no mercado.

"Estamos tentando pavimentar uma estrada para as próximas diretorias conseguirem trabalhar com mais tranquilidade"

A Casa de Portugal tem futuro?

Eu e as pessoas que estão na diretoria somos muito otimistas. E o clube do qual somos frequentadores assíduos é a nossa área de lazer. Não temos outro lugar para ir. Eu gosto de jogar tênis, frequento a sauna, encontro amigos. E a gente está sentindo falta disso por causa da pandemia. A gente sabe que tem muita gente que gosta de ir no clube. Então não podemos olhar por uma perspectiva negativa. Temos que olhar com uma visão de que vai melhorar. Está dando muita dor de cabeça, mas vamos superar.

O objetivo dessa diretoria é resgatar o clube para ser um espaço de lazer para os fernandopolenses?

Estamos tentando pavimentar uma estrada para as próximas diretorias conseguirem trabalhar com mais tranquilidade. Tendo dinheiro a gente pode oferecer um pouco mais para o nosso associado, criar uma política para manter um ciclo de investimentos. O clube precisa de manutenção, não jeito, e essas manutenções são caras e fundamentais para manter a qualidade do lazer oferecido aos associados. E o ano que vem, tomara Deus, seja um ano diferente, que a gente saia dessa fase que estamos por conta da pandemia, que apareça uma vacina, para que possamos retornar a ter o convívio social no clube, aproveitando aquele espaço maravilhoso e voltando a realizar os eventos tradicionais do nosso calendário que sempre foram prestigiados pela nossa sociedade que gosta de ir na Casa de Portugal. É isso que a gente quer fazer. Nossa luta é para não deixar a peteca cair, trabalhar sem esmorecer.

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