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“Contar a história dos 60 anos do Fefecê em livro é meu sonho”



“Contar a história dos 60 anos do Fefecê em livro é meu sonho”

A frase é do comerciante Gilmar Furia Gavioli, um inveterado torcedor do Fernandópolis FC. Nos últimos anos ele vem resgatando em sua página no facebook pílulas da história do clube, relembrando conquistas, jogadores que vestiram a gloriosa camisa da Águia Fernandopolense, técnicos, presidentes. Momentos que resgatam uma parte da história da cidade. As publicações recebem centenas de curtidas e geram comentários de uma torcida saudosa dos grandes momentos do clube. Como o Fernandópolis FC completará na segunda-feira, dia 15, 60 anos de fundação (primeiro como ABE, depois como Fefecê), CIDADÃO convidou o comerciante Gilmar Gavioli para compartilhar essa história com os leitores. Leia a entrevista:


O Fernandópolis FC completa neste dia 15 de novembro, 60 anos de fundação. O que o levou a resgatar a história do clube e publicá-la nas redes sociais?
Em 2011, quando o time fez 50 anos, eu ainda realizava aquele tradicional evento “Copasasp”, que era uma competição entre os torcedores dos principais times de SP. E nesta festa do futebol, que se reuniam os principais amantes deste esporte, tive a ideia de produzir um DVD com a historia do time e apresentar durante este evento. Então coletei todos os dados possíveis, fiz a edição, a produção e apresentei a todos os presentes, para homenagear o nosso grande Fefecê. Foi um sucesso...

Como tem garimpado as informações e fotos de todos os tempos?
É uma tarefa árdua, trabalhosa, que envolve paixão pelo que está fazendo e colaboração de varias pessoas. Contatei ex-jogadores (Bereco, que mora no Rio, me ajudou bastante), ex-técnicos, ex-diretores, imprensa, torcedores. O primeiro que visitei foi o Cecato (ex-lateral da ABE), em sua Oficina, na Avenida Sete. Depois visitei a casa do Dicão, Pauleta, Zé Bastos, Maurinho (pai) e até do Marcão Carteiro, um fanático torcedor. Solicitava álbuns de fotos, recortes de jornais, revistas, etc. Eles me informaram bastante coisa. Preciso de alguma informação ou sanar alguma duvida, ligo pro Darci Araújo, pro Fred Jorge ou até mesmo pro Gil Cipriano, que é também um historiador. Pesquisei bastante também na internet, com o nosso amigo inseparável, Dr. Google (rsrs). Ai fui juntando tudo e montei um grande acervo, com bastante imagens, informações e dados.  Sem essa ajuda, nada seria possível. Ficarei eternamente gratos a eles...

"Resgatar um passado tão digno e glorioso, dá um prazer incrível"

A Águia sempre fez parte como mascote do time?
Desde sua fundação, o escudo do time é uma Águia, inicialmente com as letras A na asa direita, B no peito e E na esquerda formando a sigla ABE. Depois da troca do nome para Fernandópolis Futebol Clube as letras foram trocadas para FF, mantendo a mesma ordem. 

Como esse trabalho de pesquisa tem repercutido entre os torcedores? 
Penso que fez e está fazendo muita gente feliz. Principalmente os ex-jogadores, suas famílias e os amantes do Fernandópolis F.C. Resgatar um passado tão digno e glorioso como foi, me dá um prazer incrível. E como é bom sentir a gratidão dos homenageados (foram 60 jogadores, que escolhi como o destaque do time) e torcedores, em geral. E o interessante é que muita gente, que era de Fernandópolis e mudou-se daqui, acompanha todo sábado a edição que publico na minha página do Facebook, desde junho de 2020. A gente vem recebendo muitos cumprimentos, elogios, pelo trabalho que venho desenvolvendo...  

"A cidade ‘vestia a camisa’ azul e branca do nosso Fefecê"

Neste trabalho de pesquisa, você junta todos os fragmentos e tem uma visão ampla da história do clube. Qual o sentimento sobre o que representou o time para a cidade neste período?
Quando eu vejo as fotos antigas do nosso estádio lotado, seja aos domingos à tarde, no meio de semana à noite, eu fico morrendo de saudade. Teve ano, que os jogos finais foram marcados durante a semana, em horário comercial normal. Mas a cidade literalmente estava “fechada” com o time: O comércio fechava as suas portas, meia hora antes dos jogos para liberar seus funcionários para ir ao estádio. A cidade “vestia a camisa” azul e branca do nosso Fefecê.  

Como torcedor, consegue definir o melhor Fefecê de todos os tempos?
Quando lançamos o DVD dos 50 anos do time, em 2011, fizemos pesquisa com os principais jornalistas que acompanharam a trajetória da Águia e ficou então definido, a seleção de todos os tempos. Isto foi motivo até de algumas discussões, torcedores concordando e discordando, o que já era esperado, é logico né...Porém a minha seleção, é um pouco diferente daquela, mesmo por que eu não vi grandes jogadores que passaram por aqui, como Téia e Canhoto, por exemplo. Vamos lá: Betinho, Carlúcio, Osmar, Noronha e Chico Amorim; Bereco, Beline e Carlos Silva; Jorginho, Tato e Pauleta. 

"É torcer para que apareça investidor para colocar nossa Águia no lugar que merece"

Nos registros históricos já publicados, você destaca vários nomes de jogadores que vestiram a camisa da Águia. Quais foram, na sua opinião, os maiores ícones do time, que a torcida não esquece?
Téia foi o primeiro grande ídolo do FFC (na época era ABE) e que depois fez um grande sucesso na Ferroviária, de Araraquara e no São Paulo. Noronha era um jogador diferenciado e com uma qualidade impressionante na zaga. Hoje, penso que ele jogaria em qualquer time da Serie A do futebol brasileiro e até na seleção, acredito. Mas foi Carlos Silva que marcou a minha vida, como amante do futebol. Aquele meia direita, franzino, magrinho, fazia milagres com a bola nos pés. Lembro que num domingo, ele fez chover: Contra a Votuporanguense, ele simplesmente driblou a zaga inteira do nosso maior rival e marcou um golaço, talvez o mais bonito que já vi pessoalmente. Depois desse gol o Estádio veio abaixo, tanto em euforia da torcida, como numa chuva abençoada que os deuses mandaram pra celebrar aquela pintura de gol...

E os técnicos? Quais ficaram na memória do torcedor?
O Fefece foi comandado por 72 treinadores em toda a sua história. Grandes nomes dirigiram a nossa Águia, como Acosta, Ary Martha, Dalmo Gaspar, Galdino Machado, Henrique Passos, João Magoga, José Carlos Fescina, Laone Luz, Piorra Mendonça etc. Até dois excelentes artilheiros do Santos FC, por coincidência, treinaram a equipe: Juari e Serginho Chulapa. Mas foi, em minha opinião, o Sr José Carlos Viriato Mendes o técnico que mais está na memoria do torcedor, até por que, ele comandou o time, por 14 temporadas. Sempre quando a Diretoria demitia algum treinador, era ele que assumia a “bucha”. Isso sem contar, a grande conquista que ele comandou em 94 né... 

Você conseguiu montar a galeria dos ex-presidentes. Qual, na sua opinião, foi o cartola mais emblemático na história do time?
Ser presidente de um time do interior é um grande desafio. E um dos requisitos principais para exercer esta função é ser um grande empresário e gostar muito de futebol. Por que quase sempre, é necessário colocar a mão no bolso. Apesar do Sr Jesus Moretti ter exercido esta função por 10 temporadas (o campeão nesse quesito), o Sr. Fernando Sisto foi o grande presidente que o Fefecê teve na sua história. 

Nas pesquisas encontrou algo pitoresco na história do Fernandópolis FC?
Sim. Aconteceu em Ribeirão Preto, no Estádio Palma Travassos, quando o FFC foi enfrentar o Comercial, na fase final do campeonato, em 1989.  Quando o ônibus do nosso time, que era da Prefeitura Municipal, chegou para entrar no estádio, foi barrado no portão principal. Os porteiros não deixaram o ônibus entrar, dizendo que não era dia de jogo de usina não (existiam muitas usinas na região de Ribeirão). Até o Diretor de Futebol João Chaves se acalmar e explicar que era o Fernandópolis Futebol Clube, deu um trabalho danado hein... rsrsrs Acho até que esta confusão serviu para motivar os jogadores e ai demos o troco em campo: vencemos o jogo por 1x0...   

Quando olha para o passado, cheio de memórias, e observa o presente, qual a sua perspectiva sobre o futuro do Fefecê?   
Sempre fui da opinião que um time de futebol tem que andar sozinho. Hoje muitas equipes se profissionalizaram e viraram empresas, como é o caso do Mirassol, do Novorizontino, do Bragantino, etc. Então acho que devemos seguir esses exemplos e torcer para que apareça um grande investidor, para colocar a nossa AGUIA DE SANGUE AZUL, no lugar que ela merece...

Pensa em transformar essas publicações online em livro?
Muitos amigos vêm me incentivando a fazer isso. Propondo até ajudar em patrocínio, se for necessário. Até vários ex-jogadores também, mas ainda não conclui toda a história do time. Esse projeto é um dos meus sonhos. E se o realizar, será totalmente sem fins lucrativos, com a renda revertida em 100% para alguma entidade social...

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