Observatório

Delícias do Coqueiro: Mulheres do campo provam que agroindústria é bom negócio para Fernandópolis



Delícias do Coqueiro: Mulheres do campo provam que agroindústria é bom negócio para Fernandópolis
Uma parceria entre a Sebrae – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas e o Sindicato Rural de Fernandópolis deu início ao projeto Delícias do Coqueiro que ajuda mulheres da zona rural a obter renda mensal através de produtos fabricados com mandioca. De acordo com a presidente do Núcleo da Associação de Produtores Rurais, Valderes Bertolini, o projeto teve início no mandato do falecido prefeito Ruy Okuma e beneficia hoje sete mulheres do campo.

“As mulheres trabalham em uma cozinha cedida pela diocese da igreja do Córrego do Coqueiro. Como o local é utilizado apenas uma vez por ano não houve problema em nos ceder a cozinha”, explicou Valderes.

As mulheres produzem o salgadinho “chips” a partir da mandioca que é vendido em vários pontos da cidade como padarias, açougues e quitandas. O chips de mandioca também é comercializado na cantina da Fundação Educacional de Fernandópolis, local que, segundo Valderes, consome por mês 600 pacotes produzidos pelas mulheres.

“Antes trabalhávamos apenas com doces cítricos, depois esse mercado ficou muito restrito e passamos a utilizar a banana, mas com a chegada da mandioca as pessoas só queriam consumir o chips feito dela”, conta a presidente.

A mandioca é frita e colocada em esteiras com papéis absorventes que deixam a mandioca seca até se tornar o chips. Depois o produto é pesado e embalado pelas mulheres que distribuem em pontos de venda. “Como eu moro na cidade fica fácil para eu colocar esse produto no mercado”.
O perfil das mulheres que produzem o chips de mandioca se baseia em senhoras com 50 anos ou mais, moradoras da zona rural que dependiam (até o início do projeto) da renda de seus maridos. De acordo com Valveres a maioria delas nunca trabalhou fora e agora pode contar com uma quantia mensal de cerca de R$ 200.

“Elas dependiam do marido para tudo. Até para comprar um batom era necessário pedir dinheiro a eles. Agora isso mudou, elas adquiriram uma certa independência e esse é o objetivo do projeto”.

A presidente relata que as mulheres participantes do projeto trabalham durante a manhã no sítio com os maridos, tirando leite de vaca, tratando do gado e da casa. Durante a tarde elas se dedicam à fabricação do chips da mandioca durante dois dias por semana.
Elas trabalham as terças e quintas-feiras. Tudo depende da demanda. “Antes trabalhávamos uma vez por semana, agora que vendemos mais, os dias de trabalho aumentou, às vezes chega a três ou quatro dias”, explica Valderes.

Em relação ao futuro Valderes conta que existe a intenção de vender o chips de mandioca em supermercados que hoje estão fora do alcance devido às regras exigidas a venda de produtos nesses estabelecimentos.

“Para vender o chips no supermercado é necessário código de barra. Não temos esse recurso á disposição. A Sebrae nos prometeu que em breve vão providenciar isso para a gente. As vendas vão aumentar e a renda dessas mulheres também”.

As mulheres envolvidas no projeto afirmam que querem caminhar devagar e que a venda em supermercados é um projeto para o futuro.

“Qualquer mulher pode participar da fabricação de chips de mandioca com a gente. Por ser um trabalho do Sindicato Rural, apenas exigimos que ela seja moradora da zona rural”, disse a presidente.

De acordo com o presidente do Sindicato Rural, Marcos Mazeti, a sede do projeto necessita de algumas melhorias como a troca do telhado, que é muito quente, e do conserto de portas que estão quebradas.

“Além de melhorar a infra-estrutura do lugar para garantir um local mais fresco e arejado para as mulheres do projeto Delícias do Coqueiro, vamos também batalhar três fritadeiras para agilizar o trabalho delas”, contou Mazeti.

Para Lucinéia de Oliveira e Maria Augusta Rodrigues, integrantes do projeto, o trabalho significa mais que apenas uma fonte de renda.

“É onde conversamos e interagimos com outras pessoas. Isso é o que mais vale para nós. A parte financeira, mesmo que importante é um complemento para a alegria que é participar desse grupo”, disse Lucinéia.

Desde a aparição das mulheres no programa de televisão da emissora Rede Globo, a procura pelo chips de mandioca aumentou a nível de outros estados brasileiros.

“Nós recebemos uma ligação de uma noiva de Uberlândia que gostaria de receber o chips para oferecer a seus convidados em sua cidade, ela queria um cardápio diferente. Recebi também muitos e-mails de pessoas interessadas em nosso trabalho”, contou Valderes.
Mazeti acrescentou que não foi apenas Valderes que foi procurada após a reportagem da Rede Globo. “Eu recebi uma ligação do Ceará de um agricultor procurando aprender sobre o Delícias do Coqueiro para aprender a utilizar a mandioca que ele produz. Tenho certeza que depois dessa divulgação elas terão que produzir mais”, disse ele.

As mulheres do projeto Delícias do Coqueiro procuram apoio de empresários, Legislativo e Executivo de Fernandópolis para garantir uma melhoria em suas instalações para conseguir levar o nome da agroindústria fernandopolense cada vez mais longe.
Observatório