O bispo de Jales, Dom Reginaldo Andrietta vai celebrar na manhã deste sábado, 2, no Espaço Integrado da Cofasp – Comunidade das Famílias São Pedro – no Jardim Araguaia em Fernandópolis, a Missa em Ação de Graças pelos 50 anos da entidade. Dom Reginaldo participou da inauguração desse espaço na terça-feira e conclamou a todos para um trabalho de humanidade. “Temos que ser o povo de Deus organizado”, afirmou.
Dom Reginaldo completou 5 anos como Bispo da Diocese de Jales. São 45 municípios, com uma população aproximada de 360 mil habitantes. Durante sua estada na terça-feira em Fernandópolis ele concedeu entrevista à Rádio Difusora e jornal CIDADÃO. Falou dos desafios impostos pela pandemia, das provas do caminho e chamou a todos para se colocarem a serviço do bem. Leia a entrevista:
A inauguração do Espaço Integrado Cofasp é resultado da ação da ação da Igreja e comunidade?
Sim, é fruto da missão que a igreja realiza expressando a caridade de Cristo. E tantas pessoas já passaram por esta entidade, hoje estamos celebrando e agradecendo a Deus a dedicação e pelo bem que foi e está sendo realizado e continuará por este gesto tão bonito de solidariedade que a Cofasp está recebendo por parte de tantas pessoas, grupos, entidades. Só podemos expressar a todos o agradecimento.
A Cofasp chega para integrar a comunidade?
Como o nome diz será um Espaço Integrado e aberto a todas as pessoas, de todas as idades, particularmente as pessoas mais carentes, que muitas vezes não têm acesso fácil aos serviços de atenção à saúde odontológica, psicológica, de trabalho e assistência social. Então é um centro integrado contando com parcerias significativas de entidades que estão se dispondo a colaborar conosco, o mundo acadêmico, todo o serviço público da parte da prefeitura. O que é bonito são os gestos de pessoas que estão colaborando não apenas financeiramente, mas com a presença e seus serviços. Trata-se de uma comunidade, por isso a sustentabilidade e por isso a defesa da comunidade de famílias. Ninguém vive sem família, portanto, estamos unificando iniciativas das famílias em favor das próprias famílias. O propósito acolhimento e inclusão de todos e todas com responsabilidade cidadã, que implica em responsabilidade social, educativa e ambiental.
"O que é bonito de ser ver, são os gestos de pessoas que estão colaborando com esse espaço que integra a comunidade"
A Diocese que senhor comanda há cinco anos é composta por 45 municípios. Como avalia esse período?
É um período de muitas graças recebidas de Deus, muitas amizades bonitas e compreensão da missão do Bispo. O Bispo tem a missão de pastorear o povo de Deus em nome de Cristo e conta com o presbitério, como também religiosos e religiosas, para que esse povo santo de Deus se uma cada vez mais. Sou feliz aqui, porque é um povo que se une sempre mais em boas causas para fazer o bem.
A pandemia da Covid-19 está sendo o maior desafio?
Foi e continua sendo um desafio. Não terminamos ainda essa fase, possivelmente ela continuará entre nós como tantos outros problemas sanitários que nos envolve. Por isso, a importância também das forças vivas da sociedade estarem sempre unidas com o trabalho educativo em favor da vida. Nós mesmos, na Diocese, criamos a Rede de Protetores da Vida que tem trabalhado muito na conscientização sobre a prevenção a tudo aquilo que coloca em risco a vida, em especial neste tempo de pandemia, bem como a solidariedade com aqueles que estão sofrendo muito a exclusão social por causa da pandemia mas também por uma política econômica que não condiz com as necessidades do nosso povo.
"Nós já temos muito na sociedade que nos divide, temos que nos aproximar, abrir nossos corações e sermos profundamente humanos"
A pandemia fez aflorar a solidariedade e também o antagonismo entre as pessoas. Vivemos tempos de provas?
Muitas provas, a maior delas é ter que encarar cuidados com pessoas que passaram pelo risco de morte e aquelas que perderam seus entes queridos, o consolo, o acompanhamento espiritual por causa das perdas. Mas, nós vivemos sempre perdas em nossas vidas e temos que saber lidar com elas, não desanimando, e também evitá-las no sentido de perder vidas neste mundo por causa de negligências dos nossos comportamentos. É uma educação permanente. Esse é o propósito também da Cofasp, educar a todos e todas que recorrerem a serviços de assistência a se cuidarem e a cuidarem dos outros. Criar esse tipo de consciência de educação para o cuidado, por exemplo, do meio ambiente no momento que estamos sofrendo consequências dessa seca por causa do desmatamento. Temos que ter uma consciência ecológica, de cuidado com o meio ambiente, e assim fazer o que a igreja faz, promovendo a vida. Afinal vivemos a nossa missão em nome do Cristo para que todos tenhamos vida em plenitude.
"O propósito também da Cofasp é educar a todos a se cuidarem e a cuidarem dos outros neste momento de provas"
Em tempos tão difíceis, qual a mensagem que senhor deixa à população?
Cristo nos ensinou que devemos estar a serviço do bem. Na última ceia, quando ele se curvou e lavou os pés dos apóstolos e disse para que fizessem o mesmo. Se coloquem a serviço dos outros. Eu estou a serviço. O meu ministério é o serviço da unidade, unificando também todos que fazem ou querem fazer o bem. É um serviço de coordenação, de unificação de esforços em favor do bem. Fica a mensagem de comunhão. Nós já temos muito na sociedade que nos divide, preconceitos, desentendimentos, e nós temos que nos aproximar sempre mais, abrir nossos corações e nos colocar atentos nas necessidades uns dos outros, sermos profundamente humanos, em referência a Cristo, tão humano assim só poderia ser Deus. O convite é para vivermos a plenitude dos valores humanos cuidando juntos dessa casa comum que nós vivemos que é todo o ambiente, toda a criação. Vamos cuidar da vida e estar a serviço do bem.