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“É hora de ter fé”



“É hora de ter fé”

No momento em que as pessoas estão emocionalmente abaladas e transtornadas com a pandemia do coronavírus, o pastor Marcos Deboni Ulle da Comufer – Comunidade Evangélica de Fernandópolis – diz que o remédio é um só: “É hora de ter fé em Deus”.

Desde que foi fundada em Fernandópolis, em 2008, a Comufer adotou a missão de orar pela cidade. Todos os anos, centenas de pessoas saem às ruas na “Marcha de Oração”, com este objetivo, motivo pelo qual surgiu o slogan: “Ame Fernandópolis, ore por ela”. 

De acordo com o pastor, responsável e fundador da igreja, essa missão foi adotada pela comunidade antes mesmo de sua fundação, quando a igreja ainda era apenas uma célula. 

“Nós temos um entendimento bíblico de que a Igreja precisa ocupar seu papel na cidade, que é de ser um agente de benção e intercessão pela cidade”, afirma. Em 2015, o grupo “Mulheres que Edificam”, da comunidade, realizou a primeira “Marcha de Oração”. Vestidas de rosa e com cartazes que incentivavam a população a olhar com amor para sua cidade, dezenas de mulheres percorreram as ruas de Fernandópolis em oração, realizando paradas em pontos onde entendiam necessitar mais de sua intercessão. “Paramos e ajoelhamos em frente ao Batalhão da Polícia Militar, depois de frente à Prefeitura, o Fórum, a Câmara Municipal, a Santa Casa e também nas principais entradas da cidade, sempre pedindo para que Deus olhe por Fernandópolis”, contou. O evento já se tornou, inclusive, parte do mês de aniversário da cidade em maio.

Por isso, neste momento em que a humanidade está aflita com a pandemia do coronavírus, CIDADÃO buscou a palavra do pastor Marcos Ulle. Veja a entrevista:

O que podemos fazer para enfrentar esse momento que espalha medo e pânico entre as pessoas?

É uma situação que não é normal, nunca vista. Eu acredito que a crise é uma grande oportunidade para que a gente reflita onde está a nossa segurança, que lugar Deus ocupa na nossa vida. Em um momento como esse, complicado, difícil para nossa cidade, para o Brasil e o mundo, o nosso papel como igreja é orar. A bíblia diz que nós, cristãos, temos que orar pela cidade. Desde quando iniciamos a igreja a gente saía de madrugada orando, fizemos a nossa marcha de oração e vamos continuar. Temos orados pela nossa Nação, pela nossa cidade, pelas autoridades. Nesse momento de crise, mais do que nunca, temos que ter fé em Deus. Muita gente diz que acredita em Deus, mas agora é preciso ter fé, porque Deus é antes da crise, durante a crise e depois da crise. Ele é poderoso e bom, mas o que muda a história de uma pessoa para trazer paz neste momento é a fé. Provérbios 3, 5 e 6 diz que devemos confiar no senhor de todo nosso coração. O que temos passado para a igreja e para a sociedade em geral é que este é o momento de se voltar para Deus.

“Nesse momento de crise, mais do que nunca, temos que ter fé em Deus”

Estamos vivendo em um mundo de relações virtuais, acelerado. Essa pandemia é uma espécie de freio?

Quando as coisas estão boas, ninguém se lembra de Deus, ninguém reflete sobre a vida, apenas vai gozando a vida. Agora é um momento que o mundo está parando e vai afetar a todos. Neste momento, temos que buscar uma palavra de esperança e não de desespero. Uma passagem na bíblia conta que Jesus não pôde fazer muitos milagres em Nazaré que era a cidade onde nasceu, porque ali havia muitas pessoas incrédulas. Então, chegou o momento, então, de ter fé. O problema é que as pessoas buscam uma religião e a religião não tem o poder de trazer paz para se crer em uma esperança, para recomeçar a vida e, mais do que nunca, muita gente terá que recomeçar a vida. Então, o recado que tenho é que as pessoas não se desesperem, mas entreguem suas vidas para Jesus. Temos que parar de dar ouvido às coisas ruins e nos voltarmos para Deus. Quem confia Nele vai passar por essa situação, vai sofrer, mas vai ter uma esperança. Temos que olhar para dentro de nós.

Nesse momento de aflição para as pessoas a busca da fé é uma saída para proteger a saúde mental?

Essa é uma realidade, o desespero desestabiliza as pessoas. A calma nessa hora vem pela fé. Tem um texto bíblico, em que Davi fala para sua própria alma, aquieta-te alma. Mas, essa calma vem com a fé. A história de Nicodemus nos mostra isso. Ele era um fariseu dos mais proeminentes do judaísmo. Ele orava, jejuava, ia na igreja, cumpria todos os ritos religiosos. Mas, ele foi até Jesus e perguntou o que fazer neste momento para ser salvo. Jesus disse, você precisa nascer de novo Nicodemus. Esse nascer de novo é confessar Jesus como único senhor e salvador da minha vida. Se a gente ficar na frente da televisão, a nossa alma fica desestabilizada. Não estou aqui defendendo uma religião, cada um tem a sua, estou falando de algo que vai dar esperança e certeza de vencer essa crise. Ela vai passar, mas quem não estiver com sua estrutura emocional em Deus, vai se desestruturar. A crise é a oportunidade da gente colocar Deus no centro da nossa vida.

“Estamos realizando nossos encontros e cultos online, abençoando todo mundo”

Como a comunidade está buscando manter a mobilização de todos neste momento em que não se pode ter cultos e aglomerações?

A gente era uma igreja em células, ou seja, cultos nas casas, de grupos pequenos durante a semana. Esses grupos, hoje as famílias, estão nas casas, eu faço a gravação online da célula e eles recebem essa palavra em seus lares, oram com a família, aproveitando esse tempo que não tinham, pais com os filhos, tendo esse tempo de comunhão que não tinham por conta da correria, tempo de sentar-se à mesa e orar. Aos domingos, a gente faz o culto online ao vivo. No culto vai só quem está trabalhando. Estamos tendo um alcance muito bom e creio que assim a palavra vai chegar longe, porque pessoas podem acompanhar de suas casas. Realizamos a reunião de oração online, abençoando todo mundo. Nesse momento em que não se pode fazer aglomeração, estamos usando esse meio para levar paz aos corações das pessoas.

O senhor disse que crise é oportunidade. Que mundo nós teremos pós coronavírus?

A crise pode gerar duas situações: ou leva a pessoa para o buraco, fica totalmente desanimada e isso é um caos, ou ela pode se levantar em Deus agora. Acredito que o mundo não será mais o mesmo. Acredito nisso. Creio que as pessoas vão se voltar mais para Deus. Acredito que povo cristão, que é maioria no Brasil, vai ter um relacionamento mais íntimo com Deus, de recomeço, daquilo que importa. A crise dá essa oportunidade. Muitas vezes a gente coloca o ego no centro, busca Deus para ser agraciado e não para se entregar a ele. Deus, como um bom pai, vai cuidar do filho. Nenhum pai quer ver o filho sofrer. Jesus disse, eu sou o caminho, a verdade e a luz, ninguém vai ao pai senão por Jesus. Não é religião, é Jesus. Todo mundo vai passar pela crise, a igreja vai sofrer com a crise, mas temos que ter fé em Deus, em Jesus, que ele vai nos dar a vitória. E depois da crise vamos sair mais fortes. É hora também de ajudar as pessoas. Nós agora estamos nos preparando para arrecadar cestas básicas para atender o povo da igreja e aqueles da cidade que vão precisar. Estamos nos mobilizando para sermos solidários, fazermos ações visando o bem das pessoas.

“A crise é a oportunidade da gente colocar Deus no centro da nossa vida”

Qual mensagem deixaria aos fernandopolenses?

É hora de se voltar para Deus. Em muitas passagens de Jesus, vendo o povo sofrendo, ele dizia para caminhar com ele. Jesus é quem vai trazer a paz necessária que precisamos. O mundo tem uma paz passageira, que é o dinheiro, o sucesso, festas. A paz verdadeira é a de Jesus. É hora de ter fé. Abençoo a cidade de Fernandópolis, os governantes, os médicos e profissionais que estão na linha de frente, abençoo o nosso Brasil. A bíblia diz que muito posso pela oração. Que a paz de Deus invada nossa cidade.

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