O mês começou com movimento internacional conhecido
como “Outubro Rosa”, que tem como objetivo conscientizar mulheres quanto a prevenção do câncer de mama. Fernandópolis é uma referência regional na prevenção como cidade sede do Instituto de Prevenção Júlia Marsola Faria,
que integra a rede do Hospital de Amor de Barretos.
A campanha começou no sábado, 1º, com a tradicional
carreata e terá até dezembro o reforço de uma unidade móvel para realização de 3 mil exames para mulheres de 40 a 69 anos.
Essa ação, segundo Juliane Secco, enfermeira responsável pela unidade móvel do Instituto de Prevenção do Hospital de Amor de Fernandópolis, é de rastreamento. “Queremos rastrear essa população, saber se há alguma alteração na mama.
A descoberta em fase precoce a chance de cura é
muito alta”, disse a enfermeira. Leia a entrevista:
Qual a importância do “Outubro Rosa”
Outubro Rosa é um evento que a gente faz de conscientização, focado na prevenção do câncer de mama. Mas, estamos o ano todo fazendo campanha, conscientizando as mulheres para não deixar apenas para outubro. A prevenção é o ano todo, câncer não para, não vai esperar outubro. Nós temos no Instituto de Prevenção um mamógrafo de última geração, numa sala humanizada para o melhor atendimento às mulheres. Escolhemos o município de Fernandópolis para ter a carreta em outubro, novembro e dezembro para chamar a atenção das mulheres. A carreta vai entrar para mostrar às mulheres que elas não precisam esperar para fazer o exame na carreta, mas dispõem de um mamógrafo esperando por elas o ano todo no Instituto. Iremos rastrear a população de 40 a 69 anos do município. Elas podem procurar a UBS mais próxima para fazer o agendamento e o exame.
A carreta sempre permanecerá junto ao Instituto de Prevenção, ou ela se deslocará pela cidade?
Sim, ela percorrerá outros espaços. A partir do dia 10, segunda-feira, a carreta estará no estacionamento do Paço Municipal e ali permanece até o dia 25. No dia 26, iniciamos uma outra etapa percorrendo outros pontos da cidade. Quem não tem tempo para agendamento, nos procure, não deixe de fazer o exame. Buscamos disponibilizar horário alternativo para as mulheres que não podem fazer o exame porque trabalham. No dia 10, por exemplo, teremos atendimento noturno e nas quartas-feiras teremos um período alongado. Começa às 8 horas da manhã e se estende até às 21 horas.
Qual a expectativa de exames durante a campanha?
Em Fernandópolis, reservamos mais de 3 mil exames no período de 10 de outubro a 9 de dezembro. Não é um número alto, perto da população que temos na faixa etária. Colocamos esse número de exames, porque temos um mamógrafo em Fernandópolis para atender o ano inteiro.
As mulheres não precisam esperar para fazer o exame na carreta. Temos o Instituto de Prevenção com exame disponível o ano inteiro
O Instituto de Prevenção tem atingido a cota de exames?
Olha, por incrível que pareça, sobram exames no final do mês. Poderíamos realizar até 50 exames por dia. Infelizmente onde a mulher tem acesso fácil a mamografia, como em Fernandópolis, não tem essa cobertura tão alta quanto era de esperar. Quando a gente leva a carreta para um pouco mais longe do Instituto, há uma busca maior pelo exame. A impressão é que quando se tem tudo muito fácil, a mulher não adere bem. Em alguns lugares tem mulheres que ficam 4 a 5 anos na fila por um exame e quando chega a carreta o desespero dela é tão grande que as vezes dorme na fila para conseguir uma vaga. Nossa região é privilegiada. Nós temos o Instituto de Prevenção do Hospital de Amor, temos a carreta que percorre os 52 municípios da DRS de Rio Preto e mais 38 da DRS de Araçatuba. Podemos dizer que na nossa região, as mulheres estão bem amparadas para fazer seus exames.
Quando a paciente recebe um diagnóstico de câncer de mama, a vida dela muda, tanto físico quando psicológico
Qual a periodicidade que a mulher deve realizar o exame?
A mamografia, na faixa entre 40 e 49 anos, deve ser feito anualmente. E de 50 a 69 anos a cada dois anos.
Como é essa campanha de rastreamento?
No rastreamento a gente trabalha com a faixa de 40 a 69 anos porque queremos rastrear essa população. Queremos saber se há alguma alteração na mama. O câncer descoberto em fase inicial tem chance de cura muito alta. Batemos sempre na tecla da prevenção. Se a mulher fez exame há ano, descobre um nódulo e que seja maligno, ela terá maior chance de cura do que as vezes uma mulher que demorou 5, 6 anos ou que nunca fez um exame de mamografia. Muitas vezes chegam a nós mulheres com mais de 60 anos que nunca fizeram exame.
Na questão do câncer de mama entra fator genético?
Geneticamente uns 10%. O restante é mais estilo de vida: sobrepeso, não pratica atividade física, bebe, fuma. A gente trabalha muito com fatores.
Qual foi o impacto da pandemia na campanha?
A pandemia foi um fator que atrapalhou a gente no processo de rastreamento, porque precisamos adotar cuidados com as mulheres. Tivemos que parar a carreta por um período de seis meses e depois o Hospital desenvolveu um protocolo que a gente segue até hoje para segurança da mulher. Apesar dos números da pandemia terem reduzido, temos o cuidado de oferecer todas as medidas de segurança.
Podemos dizer que na nossa região, as mulheres estão bem amparadas para fazer seus exames
Essa campanha também reforça a importância de parcerias no Outubro Rosa?
Sim, temos encontrado muitos parceiros que enxergam a importância do nosso trabalho. Nesse ano conseguimos agendar várias parcerias. Barretos disponibilizou o caminhão com mamógrafo e com isso conseguimos montar uma agenda. No dia 25, estaremos na Alcoeste. No dia 26, o caminhão estará na Comufer – Comunidade Evangélica de Fernandópolis. No mesmo dia estaremos no Pessoto Flex na Avenida dos Arnaldos e no dia 27, estaremos com evento em Jales que vai envolver não apenas a campanha de prevenção do câncer de mama, mas outros tipos de cânceres porque envolve o setor de tratamento que é o Hospital do Amor. No dia 28, vamos para o Frigoestrela em Estrela d`Oeste e no dia 31 estaremos na Usina Cofco de Sebastianópolis do Sul. Os exames estarão disponíveis nesses locais tanto para as funcionárias quanto para parentes e população.
A partir de um exame que constata uma anormalidade na mama, qual o protocolo do Hospital do Amor?
A partir do exame, a mulher será acompanhada. Se for um nódulo benigno ela continuará fazendo a prevenção conforme o médico orientar, com os exames complementares e consultas médicas. Se o caso for positivo para câncer de mama, essa mulher ela é encaminhada para nossa unidade mais próxima que é Jales ou Barretos. A partir do momento que faz o exame na prevenção ela tem todo um seguimento, ou seja, nosso trabalho tem um começo, meio e fim. A gente não deixa a mulher sem respaldo, de pegar o exame na mão e dizer “e agora? ”. Não, temos todo esse cuidado, todo o amparo com essa mulher. Todo o atendimento é feito pelo Hospital de Amor e de forma gratuita.
A mastectomia ainda assombra a mulher?
Quando a paciente recebe um diagnóstico de câncer de mama, a gente diz que a partir daquele momento a vida dela muda, em todos os fatores, tanto físico quando psicológico. Geralmente ela recebe esse diagnóstico aqui no Instituto de Prevenção de Fernandópolis e a gente tem esse cuidado de dar amparo para essa mulher. No momento que ela chega na Unidade de Tratamento em Jales, os médicos vão definir o tratamento adequado. Por isso a gente reforça a importância da prevenção. Antigamente se fazia mastectomia radical, ou seja, retirava toda essa mama. Hoje, às vezes, é necessário retirar apenas um quadrante ou muitas vezes as mulheres não precisam nem para a cirurgia. Por isso a importância da prevenção, ela reduz o risco de um tratamento mais agressivo. É importante ressaltar que muitos nódulos são apenas perceptíveis nos exames. Ela não consegue perceber no autoexame.