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“É uma oportunidade cheia de desafios”, diz novo presidente da Acif



“É uma oportunidade cheia de desafios”, diz novo presidente da Acif

Quando fui chamado para ajudar na Associação Comercial, percebi que existiam muitos planos e que nós, que atuamos no comércio diretamente, precisamos muito de uma associação fortalecida, que una e que faça a cidade prosperar. Porque se a cidade prospera, o comércio prospera, a população prospera e todo mundo prospera. Tem muita coisa a fazer, dar seguimento ao que o Mateus (Morales) está fazendo há dois mandatos. A pandemia atrapalhou um pouco no ano passado, continua atrapalhando, mas acredito que vai passar. Percebi então que tinha que ajudar. Quando fizeram o convite e, antes de dizer sim, procurei algumas pessoas, porque entendo que tem que renovar, misturar um pouco de gente que está lá fora, com um pouco de gente aqui dentro, para ter novas ideias, novas conquistas. Todos que consultei, 99,9%, aceitaram. De 22 convites que fiz, apenas um não pôde aceitar por questões particulares. Todo mundo topou e isso fortaleceu a ideia de que podemos melhorar ainda mais o que já é feito.

Como comerciante, qual era a visão que tinha anteriormente da Acif?

Não tinha uma boa visão da Acif, achava que era mais uma despesa para pagar na minha empresa. Até que um dia fui convidado para vir na Acif e conhecer o que ela faz e como pode ajudar o comerciante, o empresário, o investidor. Acabei me apaixonando, Nós que estamos no nosso comércio, as vezes, não temos noção do que a Acif pode fazer pelo empresário. A partir do momento que conheci, mudei o conceito e isso ajudou a fortalecer até minha empresa. 

Significa que muitos empresários, que não conhecem a Acif, tem essa ideia?

Acredito que muita gente. Eu tive a oportunidade de pensar assim e, depois de conhecer, ter uma nova visão do que a Acif proporciona e o que pode fazer mais ainda. Muitos não têm esse conhecimento, talvez por falta de tempo, por ter que dedicar um tempo maior ao seu negócio.

No dia 26, terça-feira, seu nome será aclamado presidente. Qual o compromisso que assume com os setores que movimentam o PIB (Produto Interno Bruto) da cidade?

"Precisamos muito de uma associação fortalecida, que una e que faça a cidade prosperar"

O compromisso é mobilizar os empresários, comércio, serviços e indústria, que todos estejam mais próximos da Associação. Esse momento delicado que estamos passando fez com algumas pessoas se afastassem ainda mais da entidade. E é ao contrário, juntos, podemos nos fortalecer. Nós temos poucas pessoas que se comprometem a fazer e a crítica, às vezes, é muito fácil, porque quando se está lá fora a gente enxerga mais. Agora, quando você está aqui dentro, é que se vê as dificuldades. Se pegarmos uma associação desse nível e repartir a responsabilidade com todos, temos condição de fazer Fernandópolis diferente, fazer o comércio e serviços, que são a principal arrecadação da cidade, serem diferentes.

Qual a primeira medida que deve adotar para marcar o início de sua gestão?

Não pensei em uma medida para marcar o início. Eu tenho algumas ideias em pauta que acredito que vão ajudar muito. Já compartilhei com alguns membros da equipe, mas acho que não é uma ação inicial que vai marcar o início da nossa gestão. Acho que é conjunto de ideias. Precisamos trazer gente para discutir tudo isso. Mas, a principal medida que podemos fazer, e gostaria de deixar aqui um desafio, é que nós vamos lançar, de início, o ‘Fale com a Acif’. Acho que tem que ter um número especifico para qualquer pessoa do comércio, associado ou não, ligar para a Acif e expor sugestão, criticar, se posicionar. Temos começar conversando com todos.

Chegou a surgir a candidatura do empresário Luis Carlos Rodrigues, que posteriormente anunciou desistência, que representava uma ala de descontentes com a atuação da Acif. Esse descontentamento existe e como pretende enfrentá-lo?

Acho que o descontentamento existe. Não se consegue em nenhuma empresa, nenhuma associação, a unanimidade. Já ouvimos os comentários de algumas pessoas em colocar porque estão insatisfeitas. Só sabendo disso é que poderemos mudar e buscar solução. Não vamos conseguir ser 100% nunca. Agora, acho importante que a Acif não tivesse uma chapa de consenso, mas que tivesse duas, três chapas. A concorrência, é salutar. Fica muito cômodo saber que será eleito sem nenhuma disputa, sem discussão de ideias. Não comungo do consenso geral. Prefiro uma boa disputa, porque quanto mais chapa tiver, mais associados teremos e isso vai dar mais vida para a associação.

O número de associados na Acif é compatível como a realidade do comércio e indústria?

Não é compatível. Se fizermos um gráfico e formos analisar pelo que as associações comerciais de São Paulo possuem de associados, nós estamos na média. Se a gente calcular que temos cerca de 4 mil empresas na cidade e temos 600 associados, isso representa 15% ou 16%. É a média que temos visto por aí. Porém, Fernandópolis é diferente. A cidade vive e sobrevive do comércio e serviços. A indústria também movimenta a cidade, mas é uma parte pequena. A partir do momento que temos 95% da nossa renda gerada por comércio e serviços, nós temos que ter mais associados, pelo menos 30%. Isso vai representar de 30 a 60% a mais de ideias, de debates e de criação de projetos para melhorar o comércio.

"Nós que estamos no nosso comércio, as vezes, não temos noção do que a Acif pode fazer pelo empresário"

A Acif sempre esteve à frente de grandes promoções em datas especiais, como Dias das Mães e Natal. Há espaço para resgatar esses eventos?

Promoção não pode deixar nunca de existir. Mas, ela tem que ser criada para ter vida do início até o final. Não é só lançar uma campanha e entregar a premiação. Precisa ter algo mais. Precisamos discutir isso. Eu vou fazer uma campanha de Natal? Quantas pessoas saem daqui para comprar em um local que dá um carro? Agora, quantas pessoas saem daqui para visitar uma cidade porque ela está enfeitada, está bonita? O Shopping de Rio Preto dá uma BMW todo ano e nunca saí daqui para comprar lá por causa do prêmio. No entanto já fui a uma cidade vizinha porque está enfeitada. Mas, não podemos nunca de deixar de pensar nas promoções da cidade. Vamos buscar melhorar cada vez mais.

Na sua ótica, qual o sentimento que hoje reina entre os geradores de emprego da cidade?

Nessa pandemia, participamos de várias reuniões com os empresários, com o prefeito e nota-se que o descontentamento é que a cidade não tem um desempenho à altura das empresas. Nós estamos ricos em comércio e pobre em criações. Exemplo: quem vem a Fernandópolis vai fazer o quê? No final de semana eu vou a Rubineia, almoçar, ver o lago. Vou a Fernandópolis fazer o quê? O que temos para oferecer? Agora estamos criando conselho de turismo, uma série de coisa e nós acompanhamos isso. Precisamos sair da mesmice. Acredito que o prefeito André, com essa reeleição, terá um tempo maior para viabilizar tudo isso.

Há muito se fala sobre o centro comercial de Fernandópolis, que está parado no tempo, precisando de investimentos do poder público. Essa questão está no seu radar? O centro da cidade te agrada?

De maneira alguma, não me agrada. Só que pensamos muito em centro da cidade e talvez isso seja um erro. Temos que renovar o centro, mudar muita coisa, pensar em um calçadão. Temos um Mercadão na cidade que pode atrair gente de fora. O centro precisa ser renovado, já passou da hora, mas acredito que a cidade como um todo precisa ser renovada, pensando de forma global.

"Não existe lado político. Estamos aqui para somar as ideias boas que tem em Fernandópolis"

Como pretende conduzir a relação com o prefeito e Câmara de Vereadores?

Estive com o André em várias reuniões durante a pandemia e não consigo entender outra forma, senão a de estarmos juntos. Até porque se a população escolheu ele para continuar e os 13 vereadores, só tenho que estar junto e procurar cada vez mais coisas boas para a cidade. Não existe lado político. Estamos aqui para somar as ideias boas que tem em Fernandópolis, juntar naquilo que a cidade precisa, no que temos que fazer.

Assumir a Acif neste momento é mais um desafio ou uma oportunidade?

É uma oportunidade cheia de desafios. O difícil não é fazer uma empresa crescer, o difícil é manter ela lá em cima. Esse momento difícil requer habilidade muito grande para lidar com essa situação. Por isso precisamos ter gente à altura disposta a fazer o que precisa ser feito, independente se vai agradar A ou B. Se não tiver equipe, não tem como fazer o que precisa ser feito. Acho muito mais oportunidade do que desafio.

Retornar para Fernandópolis foi uma boa decisão?

Foi fantástico. Devia ter retornado não em 2012, mas em 2005. Sempre tive vontade de retornar. Adoro essa cidade. Encontrei muita gente de Fernandópolis pelo Brasil e todos têm vontade de voltar. Fernandópolis não oferece tantas opções, está melhorando muito, em gastronomia e diversão. Mas, quem sai não consegue ficar fora, você quer voltar. Estou satisfeitíssimo em ter voltado.

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