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Estância turística é a meta



Estância turística é a meta
Na foto, o Secretário de Cultura e Turismo de Fernandópolis, Cássio Araújo

“É inadmissível uma cidade igual Fernandópolis, pioneira em águas quentes, e não sermos ainda Estância. Nós vamos fazer a nossa lição de casa para recuperar o tempo que se perdeu no passado”. A fala enfática é do novo secretário de Cultura e Turismo de Fernandópolis, Cássio Araújo, que é também presidente do MDB local. Ele assumiu a pasta neste segundo mandato do prefeito André Pessuto e colocou o projeto da Estância Turística como bandeira.

Araújo assumiu a pasta da Cultura ainda impactada pela pandemia do coronavírus que suspendeu todas as atividades culturais. Através da Lei Aldir Blanc, os primeiros projetos online começam a ser produzidos. Nesta entrevista ao CIDADÃO, ele diz que, com poucos recursos disponíveis na pasta, a prioridade será concluir os projetos em andamento, antes de lançar outro. A primeira mudança na pasta foi de endereço. A Cultura deixou os fundos do Teatro e já ocupa espaço no novo Paço Municipal. Leia a entrevista:

Em meio a pandemia, assumir a pasta da Cultura e Turismo, é um desafio?

Sem dúvida, porque o setor cultural e o de turismo foram impactados pela pandemia. Então há muito o que fazer. Mas, não podemos esquecer do trabalho que já vinha sendo feito na Secretaria de Cultura e Turismo, justamente para se conseguir tirar esse pessoal da área cultural do sufoco. O lockdown total, podemos dizer, aconteceu mesmo no setor cultural que precisou parar tudo. A Lei Aldir Blanc veio amenizar esse problema, contemplando projetos culturais e em Fernandópolis, foram 36 projetos contemplando diferentes modalidades, como artesanato, música, dança, fotografia, literatura, teatro, entre outras, que receberam aporte de R$ 188,8 mil. Uma das dificuldades dos nossos artistas é transformar as habilidades artísticas em projetos e por isso muitos não conseguiram ser contemplados. A secretaria disponibilizou sua equipe para auxiliar esses artistas e agora esperamos conseguir alavancar esse setor. Como tem mais de R$ 1,2 bilhão que ainda não foi utilizado, trabalha-se para conseguir a prorrogação que esperamos que aconteça para contemplar outros artistas. Nesta semana iniciamos no Anfiteatro da Estação Cidadania (antigo CEU) as gravações dos primeiros trabalhos que serão apresentados online. A primeira turma foi do artesanato, depois virá a música, a dança. E já estamos preparando para o Festival EuRiso que acontecia sempre no mês de janeiro em Fernandópolis e que, por conta da pandemia, ganhará uma versão online em março e outra em julho. Queremos dar uma atenção maior aos nossos artistas neste momento, para mitigar os efeitos da pandemia. Foi um pedido do prefeito e estamos trabalhando para isso.

"O lockdown total, podemos dizer, aconteceu mesmo no setor cultural que parou tudo"

Em meio a esse cenário da pandemia, foi preciso estabelecer prioridades?

Sim. Como não temos como desenvolver projetos novos, a meta é concluir os que estão em andamento. Temos cinco obras na pasta para serem inauguradas que vão dar estrutura para os nossos artistas trabalharem. Uma delas, é a nova sede da Osfer, ao lado do Mercadão. A outra é a Estação Cidadania, que abriga várias secretarias como Esporte, Assistência Social com o CRAS e a Cultura, com espaço de biblioteca e anfiteatro completo com iluminação e som. Estamos caminhando para a fase final dessa obra que se arrasta por várias gestões para poder entregar esse espaço multiuso à população. É uma das prioridades colocadas pelo prefeito. Tem também o palco na praça, que vai possibilitar dar maior visibilidade aos nossos artistas, e a conclusão da reforma do Teatro Municipal, sem esquecer do projeto da Casa do Artesão, uma obra importante porque o artesanato representa muito para o turismo. O turista sempre quer levar lembranças dos locais por onde passa. Por isso queremos dar condições para esse artista trabalhar e ter visibilidade.

Como anda a PPP (parceria público-privada) para a reforma da Estação das Artes, antiga Estação da Fepasa?

Estamos cobrando os empresários do Loteamento dos Ingleses que assinaram essa PPP com a prefeitura para que iniciem a obra. Infelizmente em meio a essa pandemia, o empresário também enfrentou dificuldades, mas ele tem prazo para entregar essa obra, conforme o projeto apresentado que engloba a reforma da estação e do entorno.

"Juntando as riquezas de cada cidade vamos fazer o turismo regional crescer como um todo"

Nossa região vem se mobilizando para desenvolver o potencial turístico que tem. Aonde a gente pode chegar nessa área?

A partir desse consórcio Maravilhas do Rio Grande já se avançou muito nessa proposta de turismo regional. O turista não fica restrito a uma cidade, mas ele busca dispor de uma gama de passeios que possam ser oferecidos no pacote. E isso é uma das preocupações do consórcio, de oferecer ao turista a possibilidade de conhecer todo o potencial turístico da região, desde o turismo de pesca e lazer no Rio Grande, o turismo rural, turismo religioso e o turismo das águas quentes. Então temos uma variedade de possibilidades na região que precisam ser integradas em pacotes para atrair o turista para cá. É assim, juntando as riquezas de cada cidade que vamos fazer o turismo regional crescer como um todo. Fernandópolis entrou com força neste consórcio porque acreditamos no projeto de turismo regional. Estamos cobrando do governo do Estado para que ele nos dê incentivos. Quando as cidades se unem, a força é maior.

E temos o potencial do turismo das águas termais?

Sou fernandopolense e fico frustrado em saber que em Fernandópolis temos as águas quentes há muitos anos e até hoje não somos Estância Turística. Essa é uma das principais bandeiras no turismo, vamos lutar muito por isso com o apoio do André e do Artur. Hoje como MIT – Município de Interesse Turístico - recebemos R$ 600 mil do governo do Estado. Passando a ser reconhecida como Estância, com foco nas águas quentes, onde hoje temos o empresário Luis Carlos Rodrigues investindo no Água Viva que é o carro chefe do turismo de Fernandópolis, nós passaremos a receber R$ 3 milhões por ano, aumentando os investimentos nessa área. Basta ver o que aconteceu com Santa Fé do Sul desde que foi transformada em Estância Turística. Nós vamos fazer a nossa lição de casa para recuperar o tempo que se perdeu no passado. É inadmissível uma cidade igual Fernandópolis, pioneira em águas quentes, e não sermos ainda Estância. Já estamos trabalhando. Tivemos uma reunião do Comtur – Conselho Municipal do Turismo – que é presidido pelo Rafael Araújo e discutimos muito sobre isso.

"Só as águas quentes já credenciariam Fernandópolis como estância turística"

Você entende que tanto Fernandópolis quanto a região despertaram para o potencial que representa o turismo?

Tanto é verdade que hoje Fernandópolis já oferece uma estrutura hoteleira de qualidade, uma gastronomia que é uma das melhores do estado, para todos os bolsos. Era preciso organizar isso. É um projeto de curto, médio e longo prazo, porque há muito por fazer.

Para Fernandópolis obter o reconhecimento de Estância Turística, quais passos precisamos dar para alcançar essa meta?

Não foi fácil conquistar o selo de Município de Interesse Turístico e agora temos um check list para cumprir para chegar à condição de Estância. Temos que cumprir várias etapas de um processo no site do governo que precisa ser alimentado com todas nossas riquezas turísticas, o turismo rural, o turismo religioso e principalmente nossas águas quentes. Na minha ótica, só as águas quentes já credenciariam Fernandópolis como estância. O que estamos fazendo é alimentando esse site, em contato permanente com a Secretaria de Estado do Turismo. Já estamos preparando uma visita a São Paulo junto com o deputado do nosso partido (o MDB), Itamar Borges, o Fausto Pinato (PP) que está junto com a gente para o trabalho político em favor dessa causa. Precisamos trabalhar para que Fernandópolis esteja mais envolvida com o turismo.

Nesse check list que você coloca como necessário para alcançar o selo de Estância Turística, de 1 a 10, onde estamos?

Vou ser bem pé no chão. Hoje estamos num estágio de 5,5 a 6. Nós temos muito a ser feito, principalmente a conscientização das pessoas sobre o que representa o turismo. O município faz a parte dele, estamos abertos a todos que querem investir no turismo, mas também precisamos mudar a mentalidade de que tudo é investimento. O que hoje pode estar bom, pode melhorar mais se abrimos nossa mente sobre o potencial do turismo. A cidade, a região, ganham com isso. O empresário precisa acreditar no turismo. Não podemos perder mais esta oportunidade. Neste processo, a capacitação é a chave para alcançarmos o objetivo. É bom lembrar que o turismo é grande gerador de mão de obra que precisa estar capacitada para atender o turista. Tem muito trabalho a ser feito e vamos fazer o que for preciso, por amor à cidade, e isso envolve toda a equipe da Secretaria de Cultura e Turismo, o prefeito André Pessuto, o vice Artur, os nossos vereadores e nossas lideranças.

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