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“Eu topo ser candidata a prefeita”, diz Janaína



“Eu topo ser candidata a prefeita”, diz Janaína

O convite para a vereadora Janaína Andrade Alves (PP) assumir a Secretaria de Assistência Social na administração do prefeito André Pessuto, abriu margem para especulação de uma possível candidatura a prefeita no ano que vem. Questionada sobre essa possibilidade, durante entrevista que concedeu quinta-feira, 13, no programa Rotativa no Ar da Rádio Difusora, a agora vereadora afastada e secretaria não titubeou: “Eu topo, desde que seja uma decisão do grupo. Por que não? Se tiver apoio e puder contar com o grupo, com certeza eu topo”. Janaína era a única representante do universo feminino na Câmara. Com sua saída para assumir a Secretaria de Assistência Social, a vaga foi aberta para o suplente de vereador Ademir de Almeida (PP). Assumir o novo cargo foi uma indicação do PP (Progressistas) partido do deputado federal Fausto Pinato. Enfermeira de formação, Janaína atuava na coordenação da UPA – Unidade de Pronto Atendimento 24 horas. Leia os principais trechos da entrevista:

Você vem da coordenação da UPA, na prática de sua atividade como enfermeira. Você disse que Saúde e Assistência tem que andar juntas. Como pretende conduzir esse novo desafio na Secretaria da Assistência Social?
Quando digo que Saúde e Assistência Social devem andar juntas é porque uma completa a outra. Sempre fui de fazer visitas domiciliares fosse para uma medicação que precisava ser feita, nas campanhas de vacinação eu e uma equipe percorríamos a cidade, ou fazer curativos. Sempre que chegava na casa, procurava observar o ambiente em que o paciente vivia, por que, para o curativo que ia fazer dar certo, ter bom resultado, precisava conferir se a pessoa está em um ambiente adequado, se tem boa alimentação. Então, sempre juntamos a questão da saúde com lado social. Agora que estou na Assistência Social vamos, mais do que nunca, reforçar essa parceria. É muita novidade que estou encontrando na Assistência Social onde fui muito bem recebida pela equipe. Estamos buscando tomar ciência de todo o trabalho, mas com fé, vamos fazer o melhor. 

"Quando digo que Saúde e Assistência Social devem andar juntas é porque uma completa a outra"

Qual o primeiro passo que pretende dar à frente na gestão da Assistência Social?
É tudo muito complexo. Percebi que a equipe tem muito conhecimento de todo o lado técnico. O primeiro passo é entender o funcionamento da Assistência Social, não para cobrar a equipe, mas fazer parte da equipe, para somar no trabalho. Aliás, foi o que pedi para Deus, que se não fosse para somar nesse trabalho que não me colocasse ali. Se Deus me colocou nesse lugar, é porque posso fazer muito, somar e ajudar. Neste momento quero conhecer muito esse lado da assistência. 

"Se Deus me colocou aqui (na Assistência Social), é porque posso fazer muito, somar e ajudar"

Com sua ida para a Secretaria de Assistência Social a Câmara perdeu a única representante feminina. Você costuma cobrar as mulheres para um olhar para a política para não ocorrer de a Câmara não ter essa representatividade...
Eu acho que as mulheres não sabem a força e a garra que tem. Somos guerreiras desde o momento do nascimento. De frágil não temos nada. Damos conta do trabalho fora, da casa, das compras, filhos. Eu, por exemplo, chego em casa vou cuidar do almoço, a tarde vou lavar roupa, dar uma limpada na casa e sempre com muita disposição. Vamos dormir tarde e sempre levantar muito cedo. É uma pena que as mulheres não queiram aceitar o desafio da política, por que na nossa vida tudo envolve política.

Como foi o convite para assumir a Secretaria de Assistência Social?
Na verdade, cerca de um ano atrás, na troca da secretaria, meu nome chegou a ser ventilado nos corredores da prefeitura. No primeiro momento nem levei em conta porque sempre gostei de estar na linha de frente na saúde e a Assistência Social era uma coisa assim de muita papelada e que isso não me caberia. Quando foi no início deste mês, antes de começar a sessão na Câmara estava lá fora conversando com vereadores (Gustavo Pinato e Julinho Barbeiro) e surgiu a discussão de quem ocuparia o cargo. O Gustavo perguntado se iria, disse que poderia conversar. Quando perguntaram a mim, eu respondi: por que não? Podemos conversar. Na segunda-feira, o prefeito me chamou, conversamos, fez o convite e deu tudo certo. Não posso deixar de agradecer o prefeito por este presente que está me dando e minha gratidão ao deputado federal Fausto Pinato.

"Quero muito ir para a rua, quero o contato com a população, sentar e conversar com as pessoas"

Pós sua eleição você chegou a aventar a possibilidade de ser o último mandato como vereadora. Na política as coisas mudam a todo instante e você ganhou projeção nos últimos tempos. Se o grupo ao qual pertence achar que você deve ser a candidata prefeita, topa?
Topo. Desde que seja uma decisão do grupo. Por que não? Se tiver apoio e puder contar com esse grupo, com certeza eu topo. Sei que tenho muito para aprender, não só na vida, mas na política também. Tenho pensado e falado com as pessoas que tenho interesse em fazer um curso de gestão pública, entender um pouco mais. Estou tentando também um curso de gestão de saúde. Com isso, vai ficando mais fácil entender a política como funciona. Não adianta apenas querer e chegar lá e não fazer a coisa certa. Sou uma pessoa determinada, o que eu pego quero resolver. Quando fui para a coordenação da UPA, várias pessoas disseram que isso iria me atrapalhar politicamente, que não iria dar certo, porque saúde é uma coisa complicada, difícil agradar todo mundo. Mas, a minha preocupação não é só em relação à política. Sabia que precisava fazer aquilo para uma população inteira, porque eu também dependo do SUS, tenho pais idosos, filhos e quero que dê muito certo pra mim e para toda uma população. E graças a Deus ir para a UPA me ajudou. Tenho muita fé e tenho pedido a Deus que me abençoe e guarde porque ali também quero fazer o melhor porque tem muita gente que precisa, muitas pessoas carentes, que precisam dessa assistência.

Como você vê a nossa realidade em termos da Assistência Social?
Eu falo que aqui em Fernandópolis as pessoas são muito bem assistidas por essa equipe que me recebeu de braços abertos. Nesses primeiros dias convivendo com essa equipe notei como é prestativa na atenção às pessoas, na condução dos vários programas que são disponibilizados. 

Você pretende ser uma secretaria de gabinete ou quer ir a campo?
Meu negócio é rua. Lógico que nesse primeiro momento eu quero entender como funciona a Assistência Social. Mas, superado isso quero muito ir para a rua, quero o contato com a população, sentar e conversar com as pessoas. Meu negócio sempre foi esse, ir na casa das pessoas, sentar no chão e conversar e ver o que é possível e resolver ali mesmo. Como a Saúde está em mim, a enfermagem faz parte da minha vida, vamos juntar as coisas e fazer o melhor. 

Você demonstra que está com vontade de fazer a diferença?
Por mais que a gente saiba da nossa capacidade, quando temos o reconhecimento, é um presente, da gente pensar, puxa vida não pensava em chegar tão longe. Por isso tenho que dar muito valor e fazer as coisas com maestria, como sempre fiz na minha vida. Daqui pra frente, o que vier será um pulo. 

Em seis anos de Câmara você sempre se virou bem mesmo sendo a única mulher, como nesse mandato?
Nunca tive problemas com nenhum dos vereadores, nem no primeiro mandato, nem agora. Graças a Deus sempre me dei bem com todos os vereadores, tenho um relacionamento maravilhoso. E isso ficou demonstrado na terça-feira, quando fiz a minha despedida da Câmara pelo depoimento de cada um. Fiquei muito feliz e isso me deu forças para esse novo desafio. Agora é muito trabalho para fazer o melhor para a população.

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