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Hora de cuidar da pele



Hora de cuidar da pele
Na foto, Dr. Alan Marques

O verão nem chegou, estamos ainda no início da primavera, mas o fernandopolense já está sofrendo com a forte insolação que vem atingindo a região nos últimos dias. Dias de sol escaldante e calor acima dos 40 graus, servem de alerta em relação aos cuidados com pele, órgão do corpo humano, que sente primeiro os efeitos do sol.

A pele compõe-se, essencialmente, de três grandes camadas: uma superior – a epiderme; uma camada intermediária – a derme; e uma camada profunda, a hipoderme. A pele é o maior e o mais pesado órgão do corpo humano. Cobre entre 1,5 e 2 metros quadrados e contribui com um sexto (mais de 15%) do peso corpóreo total. Assim, como ao coração cabe a função de bombear o sangue, e ao pulmão oxigenar o organismo, é responsabilidade da pele proteger e regular a temperatura do corpo humano.

O médico dermatologista Alan Marques Ferreira, a pedido do CIDADÃO, preparou uma lista de cuidados essenciais para esta época do ano, sempre com o alerta, que sol demais, sem a necessária proteção, causa danos à saúde e pode gerar até um câncer de pele. Alan é formado em Medicina pela Universidade Iguaçu (RJ) com especialização em Dermatologia pela Fundação Pele Saudável (SP) e Pós-Graduação em Laser, Cosmiatria e Procedimentos Estéticos pelo Albert Einstein. Atua em Fernandópolis desde 2009. A propósito: neste domingo, comemora-se o Dia do Médico. Veja a entrevista:

Estamos vivendo um período de altas temperaturas e forte insolação. Quais os cuidados que as pessoas precisam ter?

Durante a primavera/verão, aumentam as atividades realizadas ao ar livre. A radiação solar incide com mais intensidade sobre a Terra, aumentando o risco de queimaduras, câncer da pele e outros problemas. Por isso, não podemos deixar a fotoproteção de lado. Tem dicas importantes para se aproveitar a estação mais quente do ano sem colocar a saúde em risco.

A radiação solar incide com mais intensidade sobre a Terra, aumentando o risco de queimaduras e câncer da pele

Quais?

Além do filtro solar, é importante usar chapéu e roupas de algodão nas atividades ao ar livre, pois elas bloqueiam a maior parte da radiação ultravioleta.  Tecidos sintéticos, como o nylon, bloqueiam apenas 30%. Evite a exposição solar entre 10 e 16 horas. As barracas usadas na praia devem ser feitas de algodão ou lona, materiais que absorvem 50% da radiação UV.  Outro objeto que tem extrema importância são os óculos de sol, que previnem catarata e outras lesões nos olhos. É o momento de intensificar o uso de filtro solar, que deve ser aplicado diariamente, e não somente nos momentos de lazer.  Os produtos com fator de proteção solar (FPS) 30, ou superior, são recomendados para uso diário e também para a exposição mais longa ao sol (praia, piscina, pesca etc.).O produto deve proteger contra os raios UVA (responsáveis pelo envelhecimento precoce da pele e também podem causar câncer) indicado pelo PPD e contra os raios UVB (que penetram superficialmente na pele, causam vermelhidão e a sensação de ardência) indicado pelo FPS. Aplicar o produto 30 minutos antes da exposição solar, para que a pele o absorva. Distribuí-lo uniformemente em todas as partes de corpo, incluindo mãos, orelhas, nuca e pés. Reaplicar a cada duas horas. Porém, atenção, esse tempo diminui se houver transpiração excessiva ou se entrar na água. Outra dica: o uso de fluidos siliconados nas pontas dos cabelos impede que eles se danifiquem com o vento, sol ou maresia. É importante também proteger as cicatrizes, especialmente as novas, que podem ficar escuras se expostas ao Sol. Já as antigas também devem ser protegidas, pois há risco de desenvolvimento de tumores, apesar de ser um evento raro. A proteção pode ser feita com uso de barreiras físicas como adesivos, esparadrapos ou por meio do uso de filtro solar.

Quais os cuidados com as crianças?

Em crianças, inicia-se o uso do filtro solar a partir dos seis meses de idade, utilizando um protetor adequado para a pele que é mais sensível, de preferência filtros físicos. Recomenda-se buscar orientação com pediatra ou dermatologista sobre qual o melhor produto para cada caso. É preciso que crianças e jovens criem o hábito de usar o protetor solar diariamente. Fica aqui um alerta: pessoas de pele negra têm uma proteção “natural”, pela maior quantidade de melanina produzida, mas não podem se esquecer da fotoproteção, pois também estão sujeitas a queimaduras, câncer da pele e outros problemas. Assim como as pessoas de pele mais clara, precisam usar filtro solar, roupas e acessórios apropriados diariamente.

As temperaturas mais quentes exigem hidratação redobrada, por dentro e por fora

Em relação ao dia a dia, quais medidas podemos adotar?

As temperaturas mais quentes exigem hidratação redobrada, por dentro e por fora. Portanto, deve-se aumentar a ingestão de líquidos no verão e abusar da água, do suco de frutas e da água de coco. Todos os dias, aplicar um bom hidratante, que ajuda a manter a quantidade adequada de água na pele. Alguns alimentos podem ajudar na prevenção aos danos que o sol causa à pele, como cenoura, abóbora, mamão, maçã e beterraba, pois contêm carotenoides, substância que se deposita na pele e tem importante ação antioxidante. Ela é encontrada em frutas e em legumes de cor alaranjada ou vermelha. No verão estamos mais dispostos a comer de forma mais saudável, ingerindo carnes grelhadas, alimentos crus e cozidos; frutas e legumes com alto teor de água e fibras e baixo de carboidratos. Apostar nesses alimentos ajuda na hidratação do corpo, previne doenças e adia os sinais do envelhecimento. No banho, recomenda-se usar sabonetes compatíveis com o tipo de pele, porém, sem excesso. A temperatura da água deve ser fria ou morna, para evitar o ressecamento.

Quais são as doenças de pele mais frequentes neste período?

A combinação sol, areia, praia, piscina e excesso de suor elevam o risco de algumas doenças da pele. Por exemplo, as micoses, infecções causadas por fungos e que podem ocorrer na pele, unhas e cabelos.  Quando encontram condições favoráveis ao seu crescimento, como calor, umidade e baixa de imunidade, estes fungos se reproduzem e passam então a causar a doença. Os pés, a virilha e as unhas são os lugares mais comuns em que elas aparecem, mas isso não significa que outras partes do corpo estejam imunes. Vale lembrar que ninguém está livre delas, crianças, jovens, adultos e idosos. A melhor forma de evitá-las é manter hábitos de higiene, como: secar-se bem após o banho, principalmente áreas de dobras da pele, como virilha, entre os dedos dos pés e axilas. Deve-se também evitar andar descalço em pisos constantemente úmidos (lava-pés, vestiários, saunas). Recomenda-se, ainda, evitar calçados fechados o máximo possível, optando pelos mais largos e ventilados. Importante também é usar somente o seu material para manicure. Tem as brotoejas, pequenas bolinhas que surgem, especialmente em bebês, devido ao contato da pele com o suor, principalmente nas “dobrinhas” da própria pele ou das roupas. Podem ser bolhas transparentes com pouca coceira ou “bolinhas” avermelhadas que coçam bastante. Usar roupas leves e soltas e evitar locais muito abafados que propiciam a sudorese excessiva são algumas dicas para evitar brotoejas, sobretudo em pessoas predispostas. As manchas e as sardas brancas surgem devagar e, quando menos se espera, lá estão elas.  Representam danos que os raios solares causaram na pele e aparecem gradativamente com o tempo, principalmente nas áreas expostas da pele. As sardas brancas aparecem quando há ação acumulativa da radiação solar sobre áreas de pele expostas ao sol de forma prolongada e repetida ao longo da vida A acne solar é outra situação provocada pela mistura da oleosidade aumentada da pele, sudorese, uso do filtro solar e da própria radiação solar. Recomenda-se lavar o rosto com um sabonete adequado para o tipo de pele, usar tônicos mais adstringentes e filtros solares com base aquosa ou em gel, o que pode diminuir a oleosidade.

A combinação sol, areia, praia, piscina e suor elevam o risco de algumas doenças da pele

E os idosos, quais os cuidados que devem tomar?

Nos idosos, as manchas senis ou melanoses solares são mais frequentes, em geral, são escuras, de coloração entre castanho e marrom. Surgem em áreas que ficam muito expostas ao sol, como a face, o dorso das mãos e dos braços, o colo e os ombros. A melhor forma de evitá-las é não se esquecer do protetor solar. Essas lesões são benignas, não evoluem para o câncer da pele, entretanto, recomenda-se avaliação pelo dermatologista para diferenciá-las de lesões suspeitas, que merecem uma avaliação mais detalhada.

A chegada do verão, muita gente se expõe ao sol em busca do bronzeamento...

Compreenda que, para se bronzear, você não precisa se queimar. Queimaduras repetidas ao longo dos anos podem levar ao câncer e devem ser evitadas. Antes de mais nada, nunca tente adquirir a cor de um verão inteiro no primeiro dia. O bronzeado só vai começar a aparecer 48 a 72 horas após a primeira exposição solar. Este é o tempo necessário para que a melanina (pigmento que dá cor à pele) seja produzida e liberada pelas células. É um processo gradual e não adianta exagerar no sol para tentar apressá-lo. E evitar o horário entre 10 e 16 horas, período que aumenta muito o ultravioleta B, causador das queimaduras solares, portanto, neste horário, proteja-se sempre. Já o ultravioleta A, não causa queimaduras, mas bronzeia. Está disponível antes das 10 e após as 16 horas.

Quais os riscos reais de câncer de pele pela exposição exagerada ao sol?

Aumenta muito a probabilidade do desenvolvimento do melanoma altamente maligno e altamente metástico, sobrevivendo os pacientes que fizerem diagnóstico bem precoce.

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