Um filho da terra no comando do 16º Batalhão da Polícia Militar do Interior em Fernandópolis. O Tenente Coronel Rodnei Sebastião Dutra Hernandes, de família tradicional da cidade, vai completar na próxima semana o primeiro mês no comando do Batalhão da cidade onde nasceu. O seu sentimento foi resumido na frase acima durante entrevista ao CIDADÃO e Rádio Difusora.
Sua trajetória na Polícia Militar começou ainda no Ensino Médio e na sequência o Curso de Formação de Oficiais na Academia Barro Branco. Em 2020 concluiu o Doutorado em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública, o que o habilitou a exercer a função de Comandante de Batalhão com a adequada competência profissional. Dutra está completando 25 anos na Polícia Militar no comando do maior Batalhão da Polícia Militar do Estado com 49 municípios. Segundo ele, isso não significa pressão. “É um desafio”, assinalou. Próximo de galgar o posto máximo na Polícia Militar (o de Coronel), Dutra Hernandes, casado com Luciane Miotto Hernandes e pai de duas filhas também fernandopolenses, afirma que a base de tudo é a família. “A minha família é meu suporte”. Leia a entrevista
Qual o sentimento ao assumir o comando do Batalhão da Polícia Militar de sua cidade natal?
Sentimento é de gratidão por ter chegado com saúde ao último posto que posso ficar em Fernandópolis. Tem mais um posto na PM que é de Coronel. É uma satisfação muito grande ter trabalhado somente neste Batalhão. Dos oficiais da Polícia Militar, sou o único no estado que consegui ficar, de aspirante, recém formado na Academia do Barro Branco até chegar ao posto de Tenente Coronel e de comandante do Batalhão, na sua cidade. Pude escolher trabalhar em Fernandópolis.
"Comandar um Batalhão de 49 municípios é um desafio, porque em número de municípios é o maior do estado"
O que o levou a buscar formação na Academia e fazer carreira na Policia Militar?
Na época tinha entre 15 e 16 anos e teve a divulgação do vestibular das Academias Militares. Após pegar informações com um tio que era policial militar, prestei para conhecer e naquele ano não consegui passar. Na segunda tentativa, fui aprovado e ingressei na Academia onde fiz o colegial (2º grau) e também a academia que é o curso de formação de oficiais na sequência. Comecei fazendo a escola preparatória que chamamos de CPFO (Curso Preparatório de Formação de Oficiais). Essa preparação nos deu a vaga na Academia. Com pouca idade já fui assumindo um compromisso de servir ao cidadão. E é bom você ajudar. Então, minha profissão é de ajudar as pessoas nas 24 horas do dia e isso deixa no coração o sentimento do dever cumprido. Isso é ensinado lá nos bancos escolares e depois vivenciado ao longo da carreira. Imagina o meu privilégio de poder servir a comunidade onde nasci!
Assumir o Batalhão da sua cidade, que coordena 49 municípios, aumenta a responsabilidade, coloca mais pressão?
Pressão, creio que não. É uma troca, assim como trabalho com segurança pública eu participo da vida da cidade. Estou inserido na vida da comunidade. Então, somos credores e devedores de serviços de uma comunidade onde vivemos. O fato de estar em um Batalhão de 49 municípios é um desafio, porque em número de municípios é o maior Batalhão do estado de São Paulo, com uma área muito grande, com muitos policiais trabalhando ao mesmo tempo e a gente coordena isso aqui de Fernandópolis. Trabalhar numa área grande e conhecendo pessoas com as quais se convive desde a infância traz um dos princípios da nossa Polícia Comunitária, que é o compromisso com o local onde você trabalha e vive. Então esse laço fica mais forte.
Qual a meta que definiu quando assumiu o comando do Batalhão?
O objetivo maior da Polícia Militar é diminuir os índices criminais para gerar segurança na comunidade onde a gente vive. A nossa região é uma das mais seguras do Estado. Isso nos dá motivação para continuar a perseguir a meta de redução do número de ocorrências. Toda vez que tem uma ocorrência há um sofrimento para a sociedade. Prevenir é a nossa missão. Como meta e objetivo único, diminuir os índices criminais, melhorar a sensação de segurança de nossa comunidade e para isso tenho que otimizar os meios materiais e força de trabalho que está de prontidão 24 horas. Mesmo em época de pandemia, não paramos porque no momento da emergência, quando alguém precisar de nós, temos que estar preparados para o atendimento.
"A nossa região é uma das mais seguras do Estado. O objetivo único é diminuir os índices criminais"
Numa região tão ampla quanto a nossa, o Batalhão dispõe de pessoal e equipamentos suficientes para o trabalho de segurança?
Sim, temos equipamentos suficientes, inclusive tem investimento em armamento novo, já dispomos de uma série de tecnologias, sistemas informatizados e isso permite diminuir distâncias e rapidez na informação para que ela chegue a todos os policiais para uma pronta resposta à sociedade.
Hoje praticamente todas as operações da polícia militar são vigiadas por câmeras que estão nas mãos das pessoas. Isso ajuda ou atrapalha o trabalho da Polícia?
A transparência é uma busca de todo mundo hoje em dia. A sociedade busca pela transparência e nosso serviço é transparente. Atendemos fardados, com viaturas ostensivas, isso já identifica de longe o prestador de serviços que é o policial militar. A nossa ação é pautada em protocolos definidos para cada uma das ações. Protocolo é uma trilha, não um trilho. As etapas que o policial tem que seguir estão definidas e podem ser filmadas, fotografadas que a gente terá condições de explicar cada uma das nossas ações.
Quando o senhor vê alguma ação que foge desse protocolo padrão, qual o sentimento?
A Polícia Militar depura internamente. Toda vez que há uma inconsistência temos procedimentos disciplinares para corrigir. O regulamento militar, por si só, já traz essa obrigação de retidão, de comportamento adequado, de tratamento educado. E isso é trabalhado lá nos bancos escolares. Todos nós fomos formados nas escolas militares com os mesmos valores de civismo, patriotismo e de educação para atender a população com qualidade.
Qual o tipo de crime que mais preocupa na região?
Nós somos medidos por três indicadores: furto/roubo de veículos, homicídio/latrocínio e violência contra pessoas e também roubos diversos, são os chamados crimes violentos. Na nossa região isso é praticamente diminuto, tanto que temos um dos melhores índices do estado. Nós temos ainda o furto que é uma preocupação. De acordo com os indicadores criminais e com o planejamento inteligente, a gente distribui a força nos 49 municípios.
O tráfico de drogas é uma preocupação regional?
O tráfico é uma preocupação de todas as regiões do estado. O número de ocorrências com drogas que aumenta ano a ano é perceptível. Há um combate efetivo sim, porque estamos em área de fronteiras. O nosso Batalhão faz fronteiras com os estados de Minas Gerais e Mato Grosso do Sul onde, tanto pelo rio, quanto por rodovias, se consegue acessar a região. Mas, há uma série de órgãos policiais que se preocupam com isso, como a Policia Militar, Polícia Rodoviária e Polícia Ambiental. É uma preocupação porque a droga destrói famílias. A droga depois que entra na família traz um prejuízo social muito grande. Mas, a força da família é que diminui o problema com as drogas.
Na última semana, o senhor esteve com o prefeito André Pessuto e um dos temas foi o apoio da polícia militar na fiscalização diante do aumento crescente de casos e internações. O que ficou acordado?
A Polícia Militar atua em apoio aos fiscais da vigilância sanitária e de posturas municipais na fiscalização contra a pandemia, contra ações que por decreto foram limitadas ou restringidas e que pessoas continuam praticando. O fiscal, que é quem tem o poder de polícia, mas ele precisa de garantias para a sua atuação. Estamos engajados nesse trabalho de parceria.
Haverá mudanças nos comandos das Companhias subordinadas?
Com a promoção de oficiais temos que fazer a classificação dos oficiais de acordo com as vagas. Nesse rearranjo nós estamos trazendo o capitão Ferrarez que estava em Santa Fé do Sul na 4ª Companhia e vem para Fernandópolis na 1ª Companhia. O capitão Takebe, que é o mais antigo e que comandava a 1ª Companhia, vem para a função de Planejamento e Operações, próximo do comando do Batalhão para nos ajudar. O Capitão Alexandre, recém promovido assume a 4ª Companhia. O Capitão Takebe é o mais próximo agora da promoção a Major.
"O objetivo é transformar em um Batalhão Escola, com a parte de formação também aqui em nossa cidade"
A 1ª Companhia da Polícia Militar vai deixar a sede do Batalhão e terá sede própria ao lado do novo Paço Municipal. O que muda na organização do Batalhão?
O Batalhão é dividido em cinco companhias: a 1ª Companhia em Fernandópolis, cuja sede hoje é junto com o 16º Batalhão. O Batalhão é uma OPM – Organização Policial Militar – e a companhia é Divisão. A 2ª tem um quartel em Jales, a 3ª em Votuporanga, a 4ª em Santa Fé do Sul e a 5ª em Cardoso. Com a construção da sede da 1ª Cia, nós vamos deslocar o seu efetivo para esse novo prédio e no Batalhão nós poderemos receber em breve uma Escola de Formação de Soldados. A área que era ocupada pela Companhia utilizaremos para o gabinete de treinamentos e faremos a proposta para o Comando da Corporação para formar policiais em Fernandópolis. O objetivo nosso é transformar em um Batalhão Escola, com a parte de formação também aqui em nossa cidade.