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“Jurei manter o seu legado vivo”



“Jurei manter o seu legado vivo”

Neste sábado, 2 de abril, Fernandópolis vai sediar o primeiro campeonato de judô após dois anos de pandemia. A expectativa é grande e são esperados judocas de várias cidades. O evento no Ginásio de Esportes “Querton Ribamar Prado de Souza” – o Beira Rio – começa às 8 horas e tem entrada franca. Começa com um festival para a criançada de 5 a 14 anos como forma de incentivar a prática do judô. Depois começam as disputas nas categorias sub-18, sub-21 e sênior. Os três melhores classificados em cada categoria conseguem classificação direta para a fase estadual do campeonato paulista, destacou o presidente da Associação de Judô Ricardo Viana. Além da retomada do judô, o evento deste sábado será em comemoração 42º aniversário da Associação de Judô de Fernandópolis, fundada por Osmar Aparecido Feltrin, o sensei Mazinho, que morreu em janeiro de 2020, dois meses antes da pandemia.  A retomada é um momento de expectativa especialmente para Fábio Feltrin, filho de Mazinho, que assumiu o posto do pai como diretor técnico da associação e delegado da 6ª Região da Federação Paulista de Judô. “A associação era a vida dele, a segunda casa dele. Ele sempre vestiu a camisa, representando a Associação e a cidade de Fernandópolis no Estado de São Paulo e no Brasil inteiro, como sempre foi reconhecido. Eu jurei para mim mesmo manter o legado dele, lutar pelo judô como ele sempre lutou”, disse o filho nesta entrevista. Fábio lembra que foi criado no tatame da associação. Se emociona ao olhar para a foto de Mazinho que ocupa lugar de destaque na sala de treinamento e se recorda que o pai, no momento mais difícil de sua vida, após acidente automobilístico, não desistiu de lutar para colocá-lo de pé. Leia a entrevista:

Após dois anos da pandemia, o judô retoma com o torneio de aniversário da Associação de Judô de Fernandópolis as atividades presenciais. Como está a expectativa?
A adrenalina e expectativa estão altas após dois anos parados por causa da pandemia. Será uma oportunidade para comemorarmos o 42º aniversário da associação neste sábado no Beira Rio. Esse campeonato acontece junto com Campeonato Paulista Fase Inter-Regional que abrange o interior do estado de São Paulo inteiro, desde a região de Botucatu, Presidente Prudente, Bastos, Araçatuba, enfim, o interior inteiro estará conosco na comemoração do aniversário da nossa associação. A expectativa é muito boa para essa volta, estamos esperando entre 250 a 350 atletas, masculino e feminino. Será um evento maravilhoso.

Essa retomada será um marco importante para associação depois de um 2020 muito difícil que começou com a morte precoce do sensei Mazinho e logo em seguida a pandemia. Como a associação enfrentou esse período?
Foi um ano (2020) muito triste para todos nós, chego a me emocionar. O meu pai, Mazinho, se dedicou a vida inteira ao judô. Então, a Associação de Judô e a diretoria não deixaram a peteca cair. Ficamos fechados durante a pandemia, mas com os pais de alunos e os diretores unidos, e aos poucos fomos voltando, estamos aqui firmes e fortes para seguir a nossa história. Isso era a vida dele, a associação era a segunda casa dele. Ele sempre vestiu a camisa, representando a Associação e a cidade de Fernandópolis no Estado de São Paulo e no Brasil inteiro, como sempre foi reconhecido.

"Será o primeiro torneio da região pós pandemia em comemoração ao 42º aniversário da Associação de Judô"

Você ocupa hoje o posto que era do seu pai, de diretor técnico da Associação e delegado da 6ª Região da Araraquarense na Federação Paulista de Judô. É uma forma de homenagear o Mazinho dando sequência ao trabalho e ao legado que ele deixou para o Judô?
Eu fiz uma promessa a mim mesmo de dar continuidade a esse projeto. Fui criado aqui dentro e não poderia deixar de manter o legado do meu pai. Fiz a promessa para mim, para minha mãe (Vera) que não iria me afastar da associação e que iria me dedicar como ele sempre se dedicou. Estou, como diretor técnico da associação e delegado da Federação Paulista de Judô, exatamente para isso para manter o seu legado.

Você cresceu aqui dentro da associação, viveu todas as histórias do seu pai e teve ele ao seu lado no momento mais difícil de sua vida...
Sim, foi uma lição de vida. Em 2003, em novembro, sofri um acidente automobilístico, a cidade sabe, fiquei sem os movimentos, praticamente na cadeira de rodas, considerado como paraplégico. E meu pai sempre se esforçando, nunca desistiu, mesmo quando o pessoal havia perdido a esperança. Isso me fortaleceu muito. Ele lutou e conseguiu uma vaga, me colocou dentro de um carro, coisa que não podia, e me levou para Brasília no Sarah Kubitschek (hospital de reabilitação) onde fiz o tratamento. Mas graças a dedicação e ao esporte, ao judô, que tive mais força ainda para me recuperar e estar aqui de pé e seguir a história do meu pai, o Mazinho do Judô. Na verdade, eu, minha família e todos aqui na associação, gostaríamos mesmo que ele estivesse aqui, porque tudo que representa a associação é fruto do trabalho dele. Temos empresários importantes da cidade que passaram pelas mãos do pai, o sensei Mazinho, que hoje são homens dignos graças ao judô, como eles mesmos fazem questão de declarar.  Estar aqui hoje, é uma honra muito grande representa-lo.

"Tudo aqui lembra ele. A gente chora, mas segue o trabalho que o meu pai deixou aqui no judô"

Em cada espaço da associação tem uma história do Mazinho? 
Com certeza. Tudo aqui lembra ele. Esse espaço é a construção do sonho do meu pai. Eu chego aqui antes para fazer a limpeza do tatame e organizar tudo para os treinos e tem a foto dele aqui para nos lembrar de sua luta e que é uma homenagem mais que merecida. Até evito olhar para foto, porque me emociono. Abrir o portão e chegar aqui é sentir a presença dele. A gente chora, mas segue o trabalho que ele deixou aqui no judô. Por isso a gente segue a risca a doutrina, como ele fazia. Judô é disciplina e o que ele passou para mim, passo para as crianças que estão aqui. Respeito e educação são os ensinamentos do judô.

Essa retomada é um momento de festa para o judô e também uma forma de homenagear o Mazinho?
Sim, esse campeonato é uma forma de homenageá-lo, mas é a comemoração do aniversário da Associação de Judô de Fernandópolis. Vou dar uma notícia que já está na agenda da Federação Paulista de Judô, vamos fazer um campeonato no mês de novembro aqui em Fernandópolis em homenagem ao sensei Mazinho com troféu transitório e futuramente, será com dois dias de disputas, no sábado equipe e no domingo, individual que é por peso, classe e idade. O projeto já foi discutido em reunião da diretoria e está certo a realização do campeonato para manter vivo o legado do sensei Mazinho. O Mazinho sempre será eterno para todos nós do judô.

"Já está na agenda da Federação Paulista de Judô, vamos fazer um campeonato em novembro em homenagem ao sensei Mazinho"

Que nessa retomada, o judô siga fazendo história e honrando o nome da cidade...
Essa retomada era muito aguardada, será o primeiro campeonato do ano na região, porque já tivemos há duas semanas a Copa São Paulo que foi realizada na cidade de São Bernardo, onde tivemos o atleta Glen (filho do Roberto Assis, ex-jogador e técnico do Fefecê) que pratica judô com a gente desde criança, na categoria dele, pesado, sub-18, de 19 atletas ele ficou entre os cinco no Estado de São Paulo, na primeira competição do ano. Já é um atleta que vai nos honrar a partir de agora na fase do campeonato Paulista em que ele estará representando a Associação de Judô de Fernandópolis. Neste sábado, nós também estaremos prestando uma homenagem a uma pessoa que tem sua história na Associação de Judô, na diretoria, que é o senhor Alcides Roberto de Sousa, o nosso querido Passo Preto que faleceu recentemente. Ele também se dedicou a Associação e neste sábado, vamos entregar à família uma placa em memória a ele pela dedicação e trabalho em prol da nossa associação. Uma homenagem muito merecida...

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