Duas polêmicas ganharam destaques nos últimos dias em Fernandópolis. A primeira, objeto de reportagem do jornal CIDADÃO trouxe a público a queixa de moradores de Fernandópolis sobre grupos de pipeiros que se reúnem nos finais de semana para empinar pipas, utilizando linhas com cerol ou com cortantes, conhecidas linhas chilenas. A segunda polêmica é das multas aplicadas na área central da cidade, principalmente a motoristas que avançam no cruzamento da Rua São Paulo com Avenida Manoel Marques Rosa. Coube a 1º Tenente de Polícia Militar do 16º Batalhão de Polícia Militar do Interior.Rosana Miyuki Higashi Camilo, abordar os temas na entrevista que concedeu à Rádio Difusora FM e CIDADÃO.
“Nossa missão é proteger vidas”, destacou a policial na abordagem das questões. Sobre utilizar linhas com cerol na soltura de pipas ela alertou que isso é caso de polícia porque coloca em risco a vida de pessoas. “É uma brincadeira que pode se transformar em homicídio por causa do cortante”, cita. Sobre as multas e apreensões de veículos no trânsito foi enfática. “Quando a gente fiscaliza o trânsito queremos apenas conscientizar as pessoas e proteger vidas. Só isso. Quando estou lá e faço uma multa ao motorista que não parou na parada obrigatória é uma forma conscientiza-lo de que quando faz isso pode atropelar alguém e tirar uma vida”. Leia a entrevista:
Qual o papel da Polícia Militar na fiscalização do uso de linhas com cortante que são usadas por “pipeiros” em Fernandópolis?
Entra ano, sai ano, temos relatos dessas ocorrências. O que peço a população é que notifiquem a Polícia Militar sobre pessoas utilizando cerol ou outro tipo de linha cortante. E aos pais que fiquem atentos principalmente nesta época que é mais frequente a soltura de pipas. É uma brincadeira saudável, mas que com a utilização da linha com cerol fica perigosa e traz risco à vida das pessoas. Que os pais tenham essa atenção com as crianças. Mas, a gente sabe que essa prática envolve também adultos numa espécie de disputa no ar em que se utiliza o cerol ou outro tipo de linha com cortante para derrubar pipas. E essa linha com cortante pode causar até a morte de pessoas. Por isso, reforçamos para que as pessoas denunciem. E isso traz outro tipo de problema que é a invasão de casas, porque a partir do momento que a pessoa usa o cerol, corta a linha de outra pipa, quando essa pipa cai ocorre uma busca frenética para o resgate e eles invadem as casas das pessoas e as vezes sobem até em telhados. A Polícia Militar pede a colaboração das pessoas para que liguem no 190 na hora que estiver acontecendo. Muitas vezes, a gente vê acontecendo o problema e acredita que alguém vai ligar e isso pode não ocorrer. Por isso é importante que liguem e notifiquem. Não existe no nosso ordenamento jurídico ainda uma lei especificamente do uso do cerol. Mas, cada caso é um caso e vamos analisar de acordo com a situação que se apresenta. Pode existir a questão de colocar em risco a vida das pessoas, a questão de estar comercializando esse produto ilegal e aí entra até o Código do Consumidor. São várias as questões que precisam ser apuradas e é sim um caso de polícia.
"Soltar pipa é uma brincadeira saudável, mas que com a utilização da linha com cerol traz risco à vida das pessoas"
A Polícia precisa que a população faça as denúncias na hora da ocorrência?
É o que a gente pede a população na cooperação com a Polícia Militar e também na questão preventiva. Isso é uma ação de cidadania. Sempre que verificar o filho mexendo com pipa, ser participativo e questionar o que está fazendo. E isso vale também para os adultos. Tem que questionar. Então a gente pede essa consciência, essa cidadania das pessoas. O que parece ser apenas uma brincadeira pode fazer a pessoa responder por homicídio. O uso de cerol e cortante pode levar a tirar a vida de um pai de família, de um motoboy que saiu para trabalhar e que pode não voltar para casa. É um assunto importante e precisamos, sim, falar sobre isso, acabar com o uso dessas linhas com cerol para que possamos proteger vidas.
"O trânsito envolve uma questão de cidadania não só dos condutores, mas também dos pedestres"
Existe uma lei estadual a respeito desse assunto e até uma lei municipal. A Polícia Militar realiza algum tipo de ação ou só quando é acionada pelo 190?
Sempre que houver operações neste sentido, a Polícia Militar está pronta para agir juntamente com outros órgãos públicos para coibir essa prática perigosa, junto com a prefeitura, e demais órgãos de fiscalização.
Sobre o trânsito, cabe a Polícia Militar executar a fiscalização o que gera queixas dos motoristas. Como é feito esse trabalho?
A cidade está crescendo. Nós que nascemos e fomos criada aqui em Fernandópolis temos visto esse desenvolvimento. Isso é bom, mas exige providências que precisam ser tomadas na questão do trânsito pelo risco que representa à vida. Voltamos a questão da cidadania que também é importante no trânsito, não só dos condutores, mas também dos pedestres. A Polícia Militar é quem fiscaliza o trânsito. E, em muitas vezes, durante operações, são feitas apreensões de veículos. Mas, é importante lembrar que a fiscalização visa proteger vidas. Quando a gente fiscaliza o trânsito queremos apenas conscientizar as pessoas e proteger vidas. Só isso. Quando estou lá e faço uma multa ao motorista que não parou na parada obrigatória é uma forma conscientiza-lo de que quando faz isso pode atropelar alguém e tirar uma vida.
"Quando a gente fiscaliza o trânsito queremos apenas conscientizar as pessoas e proteger vidas"
O cruzamento da Rua São Paulo com a Avenida Manoel Marques Rosa tem gerado muitas reclamações por parte de motoristas que dizem serem multados por avançar o sinal de pare no cruzamento. Como devem proceder?
É o centro comercial de Fernandópolis e há um grande fluxo de pessoas e veículos nesse local. Ali, se observar, tem sinalização de trânsito nos quatro cruzamentos. Temos ali faixas de pedestres, sinalização de “pare” e temos o fluxo grande de veículos da Rua São Paulo e da Avenida Manoel Marques Rosa. Por conta disso, tem que ser feita uma fiscalização em que pese o motorista ter sim um pouco de dificuldade para visualizar o trânsito vindo pela Rua São Paulo e acaba tendo que avançar um pouco para executar o cruzamento ou ingressar na São Paulo. Mas, o problema é o motorista que passa sem parar ou olhar. O agente de trânsito, no caso o policial militar, tem que fazer essa fiscalização com muito bom senso. E é o que gente faz, visando coibir esse tipo de ação. Às vezes é o motociclista que passa sem olhar o fluxo de trânsito. É uma questão delicada que temos ali, com faixa de pedestre nos quatro cruzamentos. Gostaria de chamar a atenção também dos pedestres. A responsabilidade no trânsito não é só dos condutores, é também do pedestre. Muitas vezes percebe-se que falta ao pedestre essa responsabilidade pra si. É sempre importante que o pedestre ao atravessar uma via pela faixa de pedestre o faça observando também o trânsito. Isso é cidadania. Não é porque tem a faixa de pedestre vou atravessar sem olhar e observar o trânsito. O trânsito depende de todos nós, da cidadania de todos. Então, o agente de trânsito vai fazer a autuação quando necessário para gerar uma conscientização para prevenção de um mal maior. Ressaltamos que cada caso é um caso e precisa ser analisado. Quem for autuado tem a possibilidade de recurso que será devidamente analisado. O mais importante de tudo é a vida, a proteção da vida das pessoas. É importante destacar ainda que toda essa renda gerada pelas autuações no trânsito retorna para a cidade investir na educação do trânsito e na melhoria da sinalização como, por exemplo, instalar novos semáforos. Vou citar um exemplo. Temos no nosso comando de trânsito um programa super bacana que é o teatro de fantoches que leva educação de trânsito para as crianças. Aqui em Fernandópolis, quem foi na Expo este ano pôde ver que a Secretaria de Trânsito montou uma minicidade para nossas crianças terem noções de trânsito. Então, tudo gira em torno de conscientização e proteção à vida. E quando fazemos isso com nossas crianças, estamos preparando o condutor do futuro