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“O jogo está aberto”



“O jogo está aberto”

O Palácio 22 de Maio Prefeito Edison Rolim está sob nova direção. Eleito presidente em novembro, o vereador João Pedro Siqueira (PSDB) comandará o legislativo nos próximos dois anos com a missão de fazer o melhor, mas defende uma ação conjunto com todos os vereadores. “Não depende só de mim”. Na presidência da Câmara, o vereador já tem no radar as eleições de 2024 e vê no cargo que passa a ocupar uma chance de viabilizar o seu nome para a disputa. Ele lembra que o atual prefeito foi presidente da Câmara. “Acho que é de suma importância o Chefe do Poder Executivo ter passado pela presidência da Câmara. Se for um presidente atuante, que vá ao encontro da população, isso me colocará mais próximo de figurar no rol dos pré-candidatos”, afirma. Nesta entrevista para o CIDADÃO e Rádio Difusora FM. João Pedro diz que os próximos dois anos vão definir o quadro e diz que para a sucessão do prefeito André Pessuto tem muitos nomes, mas não tem uma liderança consolidada. “O jogo está aberto”, avalia. Leia a entrevista:

O que a população pode esperar do vereador João Pedro no cargo de presidente da Câmara?

Que vou fazer o meu melhor, isto é certo. Todas as vezes em que assumimos uma posição de comando temos que buscar ser o melhor em sendo o comandante. Já mostrei isso nos seis primeiros anos dos dois mandatos de vereador. A busca é sempre fazer o melhor junto com os colegas vereadores, porque nem tudo depende apenas de mim. No que depender da minha ação será sempre fazer o melhor para nossa cidade.

Gustavo Pinato, enquanto presidente, dizia que a Câmara era uma panela de pressão no fogo e sem água, prestes a explodir. Em 2022, a Câmara teve problemas com dois vereadores no Conselho de Ética. E agora vamos para o segundo biênio que é sensível, já que os vereadores olham para as urnas em 2024. Isso aumenta a pressão?

Depende do momento. Por que as pessoas, muitas vezes, fazem pressão em coisas que não levam a nada. Muito estardalhaço em coisas sem significância. A Câmara hoje é mais madura, mas se não fosse os dois episódios que foram para o Conselho de Ética teria passado tranquilamente a gestão do Gustavo Pinato. Foram dois episódios que colocaram a Câmara em evidência, mas foram motivadas por decisões pessoais, não de colegiado.

"No que depender da minha ação como presidente será sempre para fazer o melhor para nossa cidade"

Qual o maior desafio como presidente?

Entendo que o maior desafio é, de fato, fazer com que a Câmara permaneça unida em prol do benefício coletivo, ou seja, da população. As vezes a gente vê atitudes de vereadores que são pessoais, pensa muito na futura eleição dele e esquece dos outros 12 vereadores que compõe a Câmara. Temos que pensar que sozinho não fazemos nada. Nós temos essa proposta de trabalho e os vereadores estão na vitrine. Se fizermos um excelente mandato, temos uma chance maior de ser reeleito que é o propósito da maioria dos vereadores. Temos que unir os 13 vereadores, por que o maior problema geralmente é por decisão pessoal, ou seja, de um vereador querer aparecer mais que o outro. Esse é o maior desafio do presidente, de mostrar que, se trabalharmos juntos, todos terão mais chances na reeleição. O objetivo é buscar isso e fazer da Câmara a representação de toda a população.

Deve chegar logo a Câmara a reforma administrativa proposta pelo Executivo. É um momento apropriado para se discutir uma matéria como essa?

Já passou da hora. Nós, enquanto vereadores, já vínhamos cobrando o Executivo para que encaminhasse o projeto ou anteprojeto para que pudéssemos avaliar o que seria possível. Infelizmente, vai se tocando enquanto o Ministério Público vai deixando. Até agora, não temos um esboço do que vai acontecer. Contratou-se uma empresa para consultoria para ajudar no projeto e estamos aguardando. Acho que não tem mais o que esperar. Essa reforma tem que sair ainda no primeiro semestre. Acho possível isso. Esperamos clareza na discussão para que possamos fazer uma coisa justa, transparente e, acima de tudo, que melhore o atendimento ao cidadão e cidadã fernandopolenses.

"Acho que é de suma importância o Chefe do Poder Executivo ter passado pela presidência da Câmara"

Acredita que essa reforma vai resolver o problema de falta de mão de obra da prefeitura?

A busca é sempre é servir melhor a população. Sabemos que hoje está difícil arrumar pessoas para trabalhar no cabo da enxada, como se costuma dizer. Temos que resolver isso de uma forma ou de outra, porque a cidade está sofrendo na prestação de serviços essenciais. Fizemos o processo seletivo depois do fim da Frente de Trabalho e não resolveu. Hoje não se consegue ir a um velório e não ser cobrado pelo munícipe de uma situação que é uma constante, básica, ou seja, por uma melhor prestação de serviço público. Esperamos que agora, com a terceirização, que é a maior licitação já realizada pelo município, se consiga melhorar essa prestação de serviço. O processo está andando e esperamos que resolva esse problema.

Ser presidente da Câmara te coloca mais perto do sonho de ser eleito prefeito de Fernandópolis?

Sim, quer queira ou não o último prefeito foi presidente da Câmara. O André Pessuto foi presidente da Câmara. É também uma experiência a mais se olhar para o currículo do candidato. Acho que é de suma importância o Chefe do Poder Executivo ter passado pela presidência da Câmara. Isso me colocará em condições melhores de figurar no rol dos pré-candidatos.

"Tem nomes, mas não temos ainda uma liderança consolidada para a sucessão do André Pessuto"

Quando olha para 2024, você enxerga essa possibilidade com clareza?

Acho que vai passar por esses dois anos. Se for um presidente fraco, ruim, as chances diminuirão. Se for um presidente atuante, que vá ao encontro da população, isso me colocará muito mais próximo do Executivo, do que se for um presidente apenas para assinar a papelada e sentar na cadeira nos dois anos.

Hoje você está filiado no PSDB. Tem futuro no partido?

Hoje, se olhar para o cenário local, o vice-prefeito Artur Silveira é PSDB. Eu, presidente da Câmara sou PSDB e o prefeito André Pessuto é do União Brasil. O que se fala hoje no grupo em termos de sucessão é que o sucessor natural é o vice-prefeito, que é do meu partido. Diante do cenário que temos, vou precisar definir lá na frente, na abertura da janela partidária, se de fato vou ficar no PSDB num grupo que tem vários outros nomes, não apenas o meu, como pretenso candidato. Em tendo essa possibilidade de não ser o candidato do grupo, ficaria melhor desfiliar do PSDB e ir para outro partido e formar uma chapa concorrente. Mas é uma decisão lá na frente.

Hoje o prefeito André Pessuto, pode-se dizer, detém o maior peso político na cidade. Isso significa transferência de votos?

A transferência de votos é difícil em termos de Brasil, mas o apoio é sempre bem-vindo, ainda mais do André que foi o primeiro prefeito reeleito da história e tem feito, aos olhos da população, dois bons mandatos. Eu o coloco como um dos prefeitos mais dinâmicos que Fernandópolis já teve e vai ficar na história por um bom tempo como realizador de projetos que alavancaram a cidade. O prefeito lidera um grupo onde cheguei recentemente e não sou muito de participar de reuniões, tomar café. Não conheço muito esses bastidores.

Mas, qual é a importância de um grupo para viabilização de um projeto dessa ordem?

O grupo é importante porque, sem ele, é muito difícil de se viabilizar e ter seu nome conhecido. Eu vi isso na última eleição. Eu coloquei o meu nome assim que o Zambon declinou de ser candidato, mas quem foi o escolhido para ser o vice foi do meu partido, mas não fui eu, porque não tinha grupo. Se tivesse um grupo forte, o meu nome teria sido escolhido. Eu sempre fui meio que independente. Quando você é independente você não tem grupo. Fica mais difícil de fazer política. Sem grupo numa disputa para o Executivo é mais difícil chegar.

Você está pensando em formar um grupo?

Acho que o grupo tem que ser construído de forma natural. Não é buscar essa ou aquela pessoa simplesmente, precisa ter cacife político ou então não agrega ninguém. E isso a gente espera construir nestes dois anos. Já estamos trabalhando nos últimos anos. O meu nome é bem quisto pela população, tido como pessoa séria, capaz, íntegra, que pensa no nosso município, que tem conhecimento e tem condição de também estar no executivo. Mas, o grupo ainda sim tem restrições ao meu nome.

Com o André concluindo o mandato, sem poder disputar novo mandato, ele abre espaço e a pergunta é: tem alguma liderança preparada para ocupar esse espaço?

Eu vejo que hoje nós não temos ainda essa liderança. Tem nomes, mas nenhum consolidado perante o eleitorado que deixa para discutir política lá na época. Está um jogo aberto, com vários nomes que querem ser candidatos. Quem vai se viabilizar nós não sabemos.

O que te incomoda na administração e que teria que mudar?

A comunicação. Tem que ser mudada. Isso cria muito ruído na relação Executivo e Legislativo. Esse é um problema de gestão política. O prefeito tem feito uma gestão de abrir o gabinete e ouvir os vereadores, só que quando sai do gabinete, a coisa atravanca. Não pode ter esse problema. O vereador, que é porta voz do cidadão, faz a indicação e precisa ser atendido. Se o vereador não é atendido, imagina o coitado do cidadão. Agora para ter uma cobrança mais efetiva, os vereadores precisam estar unidos. Como presidente queremos igualdade no atendimento e vamos trabalhar por isso.

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