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O ouro da melhor idade



O ouro da melhor idade

Gilberto Hurtado no Atletismo B, e Tia Val (Valquíria Castro Tonissi) vão representar Fernandópolis na final estadual dos Jogos da Melhor Idade (versão atual dos antigos Jogos dos Idosos) em Presidente Prudente no mês de julho.Hurtado conquistou medalha de ouro na categoria B (65 anos) e Tia Val vai disputar a final estadual nas modalidades nado costas e nado livre. Tia Val é multicampeã. Em 2016, entrevistada pelo Observatório após mais uma das tantas conquistas revelava o prazer pelo esporte. “Não via a hora de completar 60 anos para participar dos Jogos”, contava. Na faixa dos 70 ela não perdeu o brilho no olho a cada conquista. O esporte, ela dizia na época, era um estilo de vida. “Escolhi viver bem”. Gilberto Hurtado é outro fernandopolense que escolheu viver bem pelo esporte. Desde os 17 anos participa de corridas, mas sua preferência era o futebol. “Aos 60 anos decidi me dedicar só a corrida”, afirmou em entrevista após conquistar a medalha de ouro nos Jogos da Melhor Idade. Por isso mantém uma rotina de treinos e participa de provas por toda a região. A rotina de treinos, que compartilha com sua atividade de professor de educação física na rede municipal, leva em conta melhorar a performance a cada dia. Desde que decidiu se dedicar ao atletismo, aos 60 anos, já coleciona 35 troféus e estabeleceu como meta chegar 
a marca dos 100 troféus aos 70 anos. Alguém duvida? Leia a entrevista de Gilberto Hurtado a seguir: 

Desde quando você participa de corridas?
Desde os 17 anos. Naquele tempo comecei por gostar de esporte, porque o meu sonho era jogar futebol. Há 40, 50 anos atrás, os pais não viam o futebol como uma profissão. Esse sonho do esporte sempre esteve aceso no peito, que arde, aquela paixão. Eu corria também, só que não treinava para correr. Quando completei 60 anos decidi me dedicar só a corrida. Faço treino de resistência, de velocidade, sempre procurando melhorar minha performance.

E a medalha de ouro?
Nos Jogos a disputa é por categoria, dividida de cinco em cinco anos, a partir dos 60 anos. Como vou completar 65 anos no dia 29 de junho, disputei a categoria B, prova de 1.500 metros e fui o primeiro colocado. Em 2019, disputei a categoria A, que era a minha categoria. Graças a Deus estou muito bem, não sinto nenhuma dor, tenho disposição para o trabalho, ainda sou professor de Educação Física. Comecei a semana (segunda-feira) com uma corridinha de 15 km pela manhã. Isso faz parte da programação de treino da semana quando tenho uma corrida. Como neste domingo vou correr em Mirassol uma prova de 5 km, faço uma programação de treinos para chegar no domingo descansado. Começo a semana com um treino mais forte, descanso um dia, e parto para o treino de velocidade, que é o chamado treino intervalado, com pique mais forte, sempre alternando, que vai te dar um ritmo melhor na corrida.

Qual foi a prova mais longa que disputou?
Foi a de Ouroeste, de 15 km, da cidade até a cachoeira João Veloso que vai ter de novo no dia 3 de julho e que vou participar novamente. Ainda não participei de maratona, mas quero participar de uma na minha vida. Acho que estou num momento bom, conseguindo treinar continuamente, não tenho machucado e isso ajuda a melhorar a performance na prova. O tempo vai passando e a gente vai aprendendo. Antes terminava de treinar não fazia nada, hoje já faço uma massagem para relaxar os músculos. Não tem idade para aprender (risos).

"Quando completei 60 anos decidi me dedicar só a corrida"

Qual o seu peso?
Molhado ou sem molhar? (risos) Peso 54 quilos. Se molhar peso 54,5 quilos.

Você está realizando um sonho, ser atleta?
Eu mexia com futebol até um tempo atrás. Quando completei 60 anos decidi que iria voltar a correr. Voltei a treinar e cada vez estou melhorando mais. Quando chego numa prova o pessoal vem logo me perguntar que faixa estou e se estou na categoria deles.

"Com a prática física, melhora tudo. Nunca é tarde para começar"

Como é a sua rotina como atleta, treino, alimentação?
Eu geralmente treino à tarde, de terça, quinta e sábado. O treino na segunda-feira depende se corri no sábado ou domingo. Sempre procuro dar um dia de descanso. A minha alimentação é a base de frutas, ovos, leite semidesnatado, pão integral no café da manhã. Almoço bem, depois o café da tarde. Procuro fazer uma alimentação de qualidade. De vez em quando, tomo uma cervejinha. 

A atividade física é garantia de saúde na terceira idade...
Sem dúvida. Nem lembro a última vez que peguei gripe. A gente adquire uma boa imunidade. E com a prática física a gente adquire também maior flexibilidade, equilíbrio e bem-estar geral. Melhora tudo. Nunca é tarde para começar. O importante é fazer um planejamento e seguir à risca, não furar, porque só vai melhorar a performance. Melhora o corpo e a mente, você fica mais confiante. É outra vida.

Onde você escolhe realizar o treinamento?
Quando decido fazer um treino mais longo, procuro correr lá pelos lados da Exposição, para pegar bastante subida, decida, um percurso mais pesado. Quando faço treino de velocidade vou no Beira Rio. 

"A vida é motivação. Se não tem meta, não tem motivação"


Você é professor de educação física na rede municipal e como está o trabalho de mobilizar as crianças para a prática do esporte?
As crianças gostam muito. Nós participamos em Araçatuba de um evento de atletismo do Estado, com o apoio da Secretaria de Esportes e Lazer. Logo depois eles participaram da corrida histórica em maio. Eles gostam muito do atletismo e precisamos continuar dando bons exemplos.

E como está a expectativa para a final estadual dos Jogos da Melhor Idade?
A gente não conhece as outras regiões e não sabemos como são os atletas que classificaram. Vou encontrar os corredores das outras regiões e vamos ver como vai ser a nossa performance. Vou continuar me preparando firme e forte para representar bem Fernandópolis. No domingo vou correr em Mirassol e já é parte da preparação.

Aos 65 anos, qual é a sua meta?
A gente em qualquer tempo tem que ter uma meta na vida. Eu tenho 35 troféus depois dos 60 anos. A minha meta até aos 70 anos é chegar aos 100 troféus. Estou vivendo uma vida de atleta e quero atingir essa meta. Tenho que ganhar uma média de 10 a 15 troféus por ano. A gente tem que ter meta em tudo que fazemos. A vida é motivação. Se não tem meta, não tem motivação. Você acorda no dia e não sabe o que fazer. Eu estou com essa meta e acordo todo dia com esse propósito. Vou comemorar e muito com meus familiares, meus amigos, quando alcançar essa meta. Depois a gente põe outra meta.

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