Foi o que disse o comandante do 16º Batalhão da Polícia Militar do Interior com sede em Fernandópolis, Tenente Coronel Mário Siconeli em meio ao sucesso da realização do evento “Batalhão de portas abertas” para celebrar o Dia das Crianças. “O evento com as crianças é uma maneira de aproximação com a comunidade que é um dos pilares do nosso comando. Também para tirar o estigma, porque a polícia é chamada nas horas ruins, na briga familiar, no roubo, do homicídio. As pessoas veem a polícia sempre nos momentos ruins. Só que a Polícia Militar faz muito mais, é muito maior do que isso”, disse o comandante nesta entrevista. Ele lembra que o evento das crianças foi bem-sucedido porque a sociedade a sociedade organizada abraçou a causa. “Sem esse apoio seria impossível realizar o evento”, acrescentou.
O Tenente Coronel Mário Siconeli chegou em Fernandópolis em 2002. “Vim para cá para ser um trampolim, mas o destino me amarrou aqui”, relatou. Na entrevista, fala da honra em comandar o Batalhão e da paixão em ser policial militar. Leia a entrevista:
Quando a Polícia Militar abre as portas para receber a comunidade em um evento para as crianças, qual o objetivo?
O evento com as crianças foi uma maneira de aproximação com a comunidade que é um dos pilares do nosso comando. Também para tirar o estigma, porque a polícia é chamada nas horas ruins, na briga familiar, no roubo, do homicídio. As pessoas veem a polícia sempre nos momentos ruins. Só que a Polícia Militar faz muito mais, é muito maior do que isso. Nós estamos adotando todas as ações que nos permitam atingir esse objetivo. Essa com as crianças é uma delas, mas temos também a ação por meio do Proerd que está fazendo 30 anos, reativamos o Conseg (Conselho Municipal de Segurança), que é a voz do cidadão junto da polícia, em toda a região. Estamos incentivando o programa Vizinhança Solidária, que é onde a comunidade se junta por meio de aplicativo de celular, um ajudando o outro em prol da segurança. Em Jales tem um programa Vizinhança Solidária na área comercial. Os comerciantes se comunicam e ficam em alerta. Temos o Vizinhança Solidária na área rural onde as pessoas ficam em alerta para casos suspeitos e alertam a polícia. Tem também o Vizinhança Solidária escolar. Enfim, todas essas ações objetivam ter essa integração com a comunidade, conhecer seus anseios, para que possamos balizar as nossas ações de segurança.
É um prazer muito grande estar hoje no comando do 16º Batalhão. É a realização de um sonho
O senhor assumiu o comando do 16º Batalhão em maio, mas já conhece essa área como a palma da mão, não?
Sim, cheguei em Fernandópolis 2002. Sou de Monte Aprazível. Vim pra cá e me apaixonei pela cidade e fiquei. É um prazer muito grande estar hoje no comando do 16º Batalhão. É a realização de um sonho. Nós temos um time muito bom, excelentes policiais trabalhando com a gente. É lógico que, como em toda e qualquer grande empresa, problemas existem, não seria diferente na nossa Polícia Militar. No Batalhão temos um time competente, com os majores Ivan Cesar Belentani e o Kengi Takebe, que são muito dedicados aos problemas de segurança da região. O nosso batalhão abrange 49 municípios. O Major Takebe fica mais na área operacional e o Major Belentani na parte estrutural. Então conto com um suporte de gestão que ajuda no comando, que está sendo uma honra.
Precisamos dessa integração, conhecer anseios da comunidade, para que possamos balizar as nossas ações de segurança
Aqui em Fernandópolis, o senhor ficou muito tempo na Polícia Ambiental...
Eu trabalhei seis anos na Polícia Ambiental e foi uma experiência espetacular. Eu nasci no policiamento territorial, na viatura, onde trabalhei a maior parte da minha vida. Tive essa oportunidade de trabalhar no policiamento Ambiental da nossa região, uma atividade diferente, mas gratificante. Aprendi muito com eles e sou grato pelo tempo que passei lá.
Como chegou em Fernandópolis?
Me formei na Academia Barro Branco em dezembro de 1997 e fui trabalhar em São Paulo, na zona oeste, onde fiquei até 2002 quando vim para Fernandópolis. Vim para Fernandópolis por acaso, não conhecia a cidade. Como era de Monte Aprazível, queria vir para a região e o Batalhão que tinha menos oficiais na fila era o de Fernandópolis. Coloquei o nome porque tinha mais chance de ficar perto de Monte Aprazível. Vim para cá para ser um trampolim, mas o destino me amarrou aqui
Ser policial militar não foi um sonho, foi uma oportunidade que surgiu aos 45 minutos do segundo tempo
No Batalhão, essa “empresa” que o senhor administra, quantos policiais estão sob o seu comando?
Nessa “empresa” que abrange 49 municípios temos mais de 580 policiais. Mas, é obvio que se tivesse mais seria mais fácil. Até porque a polícia enfrentou um pouco de dificuldade em repor as aposentadorias. É uma empresa muito grande. Inclusive, estamos na iminência de termos uma escola de formação de soldados aqui no Batalhão. Já tivemos no passado e está previsto reativar em dezembro para formar profissionais para a Polícia Militar. A saída da 1ª Companhia da sede do Batalhão abriu espaço para reativar a escola de formação de soldados. Estamos com salas de aulas e alojamentos novos, toda uma estrutura preparada. Se o Estado decidir mandar esses alunos prá cá receberemos e faremos a formação dos soldados. Essa formação ocorre em dois blocos, o básico e o especifico. O básico é a sala de aula o dia todo, tendo instrução de Direito Penal, Civil, Administrativo, as questões militares e regulamentos. Enfim, será essa a parte que faremos. Depois eles irão para outros locais para a formação específica, que é a parte prática do policial. O curso todo dura um ano.
O que o levou a ingressar na Polícia Militar? Era um sonho?
Antes de entrar na Polícia Militar, não conhecia a polícia. Morava na rua do quartel, e quando a gente brincava ali em frente casa via a viatura passar que era ainda aquele opala cinza. Era o que sabia da polícia. Mas, um amigo um pouco mais velho, que morava na mesma rua, passou na Academia Barro Branco. A mãe dele contou para a minha mãe que tinha alojamento, comida, ia sair com uma faculdade, se fizesse mais um ano se formava em Direito e recebia para estudar. Ouvi tudo isso e pensei, vou fazer esse negócio. Prestei o concurso e passei. Então foi algo que surgiu na minha vida e eu me apaixonei. Adoro o que faço e tem que ser assim, para ser um profissional da polícia precisa gostar do que faz, porque não temos hora, podemos ser acionados a qualquer momento. Em 49 municípios, problemas acontecem e a gente precisa estar ligado. Ser policial militar não foi um sonho, foi uma oportunidade que surgiu aos 45 minutos do segundo tempo. Graças a Deus isso aconteceu na minha vida.
Como a Polícia se prepara para a eventualidade de enfrentamento de casos de grande monta?
Nós nos preparamos, tanto no campo tecnológico, da informação, como da muralha paulista que é um programa da Secretaria da Segurança Pública que estamos investindo na nossa área de atuação, com o monitoramento por câmeras. Temos muitas cidades da região com esse sistema e isso ajuda muito. Temos o sistema Detecta do Estado que ajuda monitorar veículos suspeitos. Fora isso, fazemos o nosso trabalho de prevenção por meio dos nossos treinamentos. Agora mesmo temos uma equipe com 22 policiais passando a semana toda em São José do Rio Preto treinando com o BAEP, treinamentos práticos para atuação em ocorrências de gravidade. Nós temos as nossas forças táticas que treinam para isso. Temos plano de contingência, onde estudamos todos os casos que acontecem, mapeamos e treinamos o nosso policial. Não ficamos parado esperando acontecer para ver como reage. A Polícia Militar, como um todo, faz isso. Nas madrugadas estamos treinando os nossos policiais equipados com fuzis, escudo, granada, drone, todo o aparato sobre como agir. A nossa intenção é que não aconteça, mas se acontecer, estamos preparados para agir. O time precisa estar preparado. Por isso o treinamento é constante.
A área de abrangência do Batalhão fazer fronteira com dois Estados, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais, é preocupante?
É um fator de risco. Já tivemos casos de quadrilhas que entraram por Minas, praticaram roubo em Ouroeste, explodindo caixas eletrônicos e depois fugiram prá lá, pela proximidade com a fronteira. Nós temos uma ótima interlocução com as Polícias de Minas e Mato Grosso do Sul para atuar em conjunto. Nossas agências de inteligências trocam informações o tempo todo. A gente se prepara.