Março de 2022 marca 30 anos de um evento importante na história de Fernandópolis. É o aniversário de instalação da Empresa Funerária Fernandópolis do Colombano que foi responsável pela quebra do monopólio funerário na cidade que durava 50 anos. Um marco. “Não foi fácil o processo de quebrar um monopólio.
O meu pai (Oswaldo Soler Colombano) acreditou nessa ideia. Nos orgulhamos muito de ser a única empresa 100% fernandopolense”, relatou o empresário Renato Colombano, há mais de 10 anos à frente das empresas (funerária e posto de combustíveis) da familia. “A empresa segue com gestão familiar. O meu pai, com os problemas de saúde precisou se afastar, mas acompanha tudo. A minha mãe (Sônia) trabalha comigo. Quanto mais pessoas pensando um negócio, melhores serão os resultados”, diz. O serviço funerário é uma concessão do município e a empresa precisa cumprir uma série de obrigações. Das três empresas que têm concessão, a Empresa Funerária do Colombano é a única 100% fernandopolense. Na entrevista, Renato Colombano, relembra a história do fim do monopólio que acabou com marcas dolorosas na cidade, como por exemplo, a de famílias fazendo “vaquinha” para sepultar um ente querido. Leia:
A Funerária Fernandópolis está completando 30 anos. Conte um pouco dessa história que marcou o fim do monopólio funerário na cidade?
Começamos em 1992, com o meu pai, que quebrou de monopólio de mais de cinquenta anos na época, quando apenas uma empresa prestava o serviço funerário na cidade. Não foi fácil o processo. O meu pai acreditou nessa ideia. Nos orgulhamos muito de ser a única empresa 100% fernandopolense no segmento. Com o fim do monopólio e a popularização do plano de assistência familiar, hoje não se vê mais a população fazendo vaquinha para sepultar um ente querido, o que era comum na época. Hoje com o plano a gente conseguiu dar dignidade às famílias e zerar esse problema. Na época a gente chamava de plano funerário, porque era somente o serviço funerário. Hoje se transformou em um Plano de Assistência Familiar, onde englobamos outros serviços para o associado. E no início, eu preciso fazer essa homenagem, a uma pessoa que auxiliou muito que foi o senhor Universo Souza. Ele quem idealizou o plano, junto com meu pai, para implantar esse sistema que ainda estava engatinhando no Brasil. Todas as empresas estavam se adaptando a esse processo de ter um plano funerário. E trinta anos depois temos a certeza que esse trabalho deu certo, porque o grupo de associados não para de crescer, porque a população acredita no nosso trabalho. Só temos gratidão por esse reconhecimento.
Você era um menino na época. Como acompanhou essa luta do seu pai Osvaldo Colombano?
Eu tinha sete anos na época. Ouço muito o que os meus pais, minha família, contam. Foi uma época muito difícil, porque no processo do monopólio nós ficamos com a empresa um ano fechada esperando o alvará para funcionar. Foi preciso entrar com um processo na Justiça para que fosse dado o alvará e a empresa pudesse começar a funcionar, quebrando o monopólio. Foi um ano de luta com uma empresa parada gerando custos. O importante é que deu certo. Meu pai idealizou, acreditou e conseguimos chegar aos objetivos e estamos há 30 anos trabalhando por Fernandópolis e região.
"Com o fim do monopólio e a popularização do plano de assistência familiar, não se vê mais a população fazendo vaquinha para sepultar um ente querido"
Esse tipo de negócio lida com pessoas em um momento de fragilidade pela perda de ente querido. Qual o conceito que a empresa mantém como marca nestes 30 anos?
Principalmente a humanização. É um momento difícil para a família a perda de um ente querido e nesse momento temos que ter um atendimento humano. E se você tiver um estresse, algum tipo de problema nesse atendimento, a família nunca vai esquecer. Então a humanização do serviço é fundamental para que possamos dar um serviço de qualidade. Acolher a família neste momento e dar toda a assistência aos familiares para o processo de escolha da urna e todo o processo funerário.
Ser uma empresa 100% fernandopolense faz aumentar a responsabilidade na prestação de serviço?
Aumenta muito. Nós já tivemos diversas empresas desse segmento em Fernandópolis nestes 30 anos. A única que continua em atividade, de origem fernandopolense, é a nossa. Então essa responsabilidade aumenta ainda mais porque temos compromisso com a cidade e região, gerando empregos e receita.
"Foi um momento desesperador na pandemia. Você ligava para as indústrias e não havia como elas atenderem os pedidos de urnas funerárias para sepultamentos"
Nestes 30 anos, qual foi a maior dificuldade enfrentada?
O primeiro obstáculo, sem dúvida, foi a abertura da empresa e quebrar um monopólio de 50 anos. Depois se adaptar à realidade do serviço funerário, porque até então era apenas um serviço funerário, ou seja, a preparação de um corpo e o velório. Depois foi se modernizando, veio o plano funerário e depois o Plano de Assistência Familiar com mais serviços. Com o passar do tempo fomos aperfeiçoando os nossos serviços. Ultimamente, o grande obstáculo foi a pandemia. No auge da pandemia, março, abril, com o aumento significativo de mortes, algo que não tinha presenciado ainda de chegarmos a não ter urnas funerárias para atender a população. Foi um momento desesperador. Você ligava para as indústrias e não havia como elas atenderem os pedidos. Isso gerou uma grande preocupação. E graças a Deus, graças a vacina, os números caíram drasticamente e a gente conseguiu sair desse processo grave. Estamos podendo respirar agora. Foi angustiante a gente ver famílias não podendo velar seus entes queridos, tinha que sepultar de madrugada. Tinha que seguir um protocolo nacional. Foi tudo muito triste. Outro fato que marcou muito a história da nossa empresa foi a morte dos dois prefeitos, Newton Camargo e Rui Okuma, que estavam no exercício do mandato. Fizemos o velório de ambos e foi algo que nos marcou pelo fato de serem os prefeitos em exercício.
Como a empresa se organizou nesse período da pandemia, diante do risco de contaminação?
Procuramos tomar todos os tipos de cuidado necessários para proteção da equipe. O pessoal usava um macacão especial, luva, máscara, protetor fácil, óculos especiais, mas mesmo assim tivemos pessoas contaminadas. A mão de obra de um agente funerário é muito especializada, difícil de encontrar no mercado. A doença é muito transmissível e mesmo tomando os cuidados tivemos profissionais contaminados. Mas, não foi só isso tivemos problemas com luvas descartáveis, máscaras, que começaram a faltar no mercado. Foi seguramente um período muito difícil, desesperador. Esperamos não passar por isso de novo.
"Comecei na empresa como ‘guardinha’, e hoje estar representando a família e o meu pai nos negócios, é muito gratificante e uma responsabilidade enorme"
O que o plano de assistência familiar representa para a empresa?
Nós passamos ao longo do tempo por um processo de evolução do plano. Começamos com um plano funerário onde a gente vendia urna funerária. Com o passar do tempo fomos incorporando outros serviços. Hoje nós temos descontos em médicos em Fernandópolis, Jales, São José do Rio Preto, clinicas odontológicas credenciadas, psicólogos, farmácia (Drogasilva), emprestamos bengalas, cadeiras de rodas, cadeiras de banho, muletas, então, a cada dia estamos buscando aperfeiçoar o plano na área voltado à saúde. Os benefícios oferecidos pelo plano amortizam a parcela conforme for utilizando, seja uma consulta médica, com dentista, psicólogo ou mesmo em uma compra na farmácia. É um ciclo constante de agregar novos serviços e novas parcerias para benefício do associado que acredita em nosso trabalho. Momento de agradecer também os nossos colaboradores que estão conosco a tantos anos. O Valdecir está conosco há 29 anos, o Jair há 25 anos. São pessoas que fazem parte dessa história também.
O que representa estar no comando da empresa, seguindo o exemplo de seu pai?
É uma honra (se emociona). É uma mistura de sentimentos muito grande, porque lá no início, acompanhava a empresa de longe e depois vim trabalhar com eles, comecei na empresa como “guardinha”, e hoje estar representando a família, representando o meu pai nos negócios, é muito gratificante e uma responsabilidade enorme. Os meus pais fizeram, construíram e eu tenho a obrigação de dar continuidade ao projeto, fazer a coisa certa, fazer o trabalho correto, ser honesto todos os dias. Foi o que aprendi com meus pais. Sempre ouvi, aconteça o que acontecer, faça sempre a coisa certa. É isso que procuro fazer todos os dias.
Quais são os planos para o futuro?
Continuar crescendo, aumentar o número de associados e expandir a empresa para outros municípios da nossa região, sem perder a essência da humanização, estar presente na vida do associado. Eu estou lá para disponível e acessível a todos. Não queremos perder essa humanização, perder a alma da empresa. Essa pandemia vai passar e nós vamos continuar o crescimento dentro de Fernandópolis e também na nossa região.