Boa de Garfo

PANTANAL: os sabores e os encantos da culinária da região sul-mato-grossense



PANTANAL: os sabores e os encantos da culinária da região sul-mato-grossense
O carreteiro é o tradicional prato das comitivas pantaneiras

O remake da novela Pantanal, na rede Globo, mal começou e teve gente que já mergulhou nas tradições gastronômicas pantaneiras para deixar todo mundo com água na boca. Inclusive eu! Aliás, alguns costumes são bastante conhecidos e adaptados por nós paulistas, como é o caso do arroz carreteiro.

A culinária pantaneira é extremamente rica, variada e está sempre aliada às tradições pecuária e pesqueira. Segundo a secretaria do turismo do estado de Mato Grosso do Sul, são destaques na gastronomia pantaneira os peixes pacu, pintado e o dourado que podem ser fritos, cozidos ou assados, além do caldo de piranha. O churrasco com mandioca e a carne seca, o tereré (erva-mate servida gelada em chifre de boi), a chipa e a sopa paraguaia. Além disso, a comida típica da região mescla os costumes dos peões boiadeiros, tradições bolivianas e paraguaias com um toque bem pantaneiro.

O carreteiro é o tradicional prato das comitivas pantaneiras que acompanhavam os rebanhos durante o transporte de uma fazenda para a outra. O prato consiste basicamente de dois ingredientes: arroz e carne seca, o famoso charque, que eram transportados no lombo de animais em baús, conhecidos como broacas. Confesso que meu carreteiro é bem mais incrementado. Gosto de adicionar, bacon, calabresa, muita cebola e alho e arrematar com cheiro verde. E quando tem sobra de carne de churrasco, ao invés do charque, uso as sobras. Fica divino!

O caldo de piranha é um ensopado feito com peixe batido e bem temperado

O caldo de piranha também é um dos pratos mais tradicionais da região do pantanal sul-mato-grossense. Trata-se de um ensopado batido com temperos e a carne de piranha. Como o peixe é difícil de comer inteiro por conta da quantidade de espinhos, o caldo é a receita mais preparada deste pescado. Aqui na região o caldo de piranha, ou pirão como é popularmente conhecido, costuma acompanhar as peixadas servidas nos pesqueiros, como no Villa D’ Itália, que acompanha a porção de peixe frito, bolinho de peixe, arroz, salada de folhas e tomate e batata frita.

Filé de pintado de rio com tradicional molho de urucum com muito queijo gratinado

Aliás, os peixes de água doce de um modo geral, são referência na gastronomia pantaneira. Com a carne consistente, o pintado pode ser saboreado grelhado, à urucum (com creme de leite, leite de coco, molho de tomate e mussarela), ensopado com mandioca, no prato conhecido como mojica de pintado. O pacu, que também é encontrado em nossa região, se comem as longas costelas fritas (ventrechas) ou assado recheado com banana da terra frita.

Agora, uma receita que me chamou atenção foi a ‘Sopa Paraguaia’, que na verdade, de sopa não tem nada. É um bolo de fubá com queijo e cebola, herança da guerra do Paraguai, consumido essencialmente no café da manhã e no chá da tarde. Tá bom pra você? É uma receita muito regional e típica do pantanal, por isso talvez você nunca tenha ouvido falar. Mas é óbvio que podemos experimentar, né? Então, mãos na massa.

Sopa paraguaia

Sopa paraguaia

Ingredientes

4 colheres (sopa) de óleo de milho

2 cebolas médias raladas

4 xícaras (chá) de leite

2 e 1/2 xícara (chá) de queijo meia cura ralado

2 xícaras (chá) de farinha de milho amarela flocada

4 unidades de ovo batidos

Sal à gosto

1 colher (sopa) de fermento químico

Modo de fazer

1 - Em uma panela com o óleo, refogue a cebola até murchar um pouco.

2- Junte o leite e deixe em fogo médio. Quando iniciar a fervura, desligue o fogo.

3 - Acrescente o queijo meia cura, a farinha de milho e os ovos, mexendo até formar uma massa uniforme. Tempere com sal, adicione o fermento e misture bem.

4 - Em uma assadeira untada, leve ao forno preaquecido a 180°C por 30 minutos ou até que a torta fique firme e dourada.

5 - Sirva logo.

Receita da chef Ana Luiza Trajano, do Instituto Brasil a Gosto.

Boa de Garfo - Giovanna Simioli