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Prevenção começa na alimentação



Prevenção começa na alimentação

Neste mês em que se celebra o “Outubro Rosa” em alusão ao câncer de mama, o tema “prevenção” ganha destaque. Fernandópolis virou referência nacional por sediar o Instituto de Prevenção do Hospital de Amor de Barretos. E prevenção é a palavra-chave. E ela começa na alimentação, como diz a nutricionista Vanessa Roveri que há seis anos cuida do setor de nutrição do Hospital de Amor em Fernandópolis, onde divide o tempo com sua clínica. Ela concedeu entrevista ao programa “Crias da Casa” no último sábado, 30, quando deu ênfase aos cuidados com a alimentação. Existe uma relação direta entre nutrição, saúde e bem-estar físico e mental do indivíduo. As pesquisas comprovam que a boa alimentação tem um papel fundamental na prevenção e no tratamento de doenças. Na alimentação, a nutricionista foi taxativa: “o vilão é o excesso”. Veja os principais trechos da entrevista:

Como é a sua atuação como nutricionista no Hospital de Amor?

Hoje, a nossa unidade de Fernandópolis é voltada mais para a prevenção. Então, normalmente a pessoa sai daqui com o diagnóstico. Normalmente, é ali na frente do Instituto, no jardim, que a gente encontra aquele paciente triste com o diagnóstico que não era o esperado. Por enquanto, aqui não tem o tratamento. Então, o nosso cuidado é com a alimentação dos pacientes que vem para os exames preventivos e funcionários, buscando garantir a qualidade nutricional da refeição.

"Os alimentos industrializados, os embutidos, estão na lista do que devemos evitar"

Toda essa alimentação servida no Hospital de Amor é fruto de doação?

O Hospital de Amor se mantém de pé por conta dos voluntários doadores. É uma corrente e é muito gratificante. Geralmente a pessoa começa a ser doadora por ter tido uma experiência com o hospital. A gratidão é tão grande que eles continuam vinculados como voluntários doadores, mesmo depois do tratamento. Temos pacientes que chegam lá com um litro de leite, saco de batata, de cenoura, café, bolacha. O que recebemos ali é basicamente o que ofertamos para os pacientes. Muitos vêm para exames de várias cidades do estado, alguns chegam de madrugada e ficam o dia todo. Então temos leite com chocolate, chá, bolacha, pão, a famosa sopa. E tudo isso com produtos de doação.

A partir do diagnóstico de câncer, a alimentação muda muito?

Sim. Tanto que a gente começa com alimentação na prevenção. A gente pode prevenir muitas doenças, inclusive o câncer, pela alimentação. Pessoas que têm alimentação saudável e se exercitam, protegem melhor o corpo contra aquela célula cancerígena. Ir pelo outro caminho, com alimentação não muito saudável, sem praticar exercício físico, deixa o corpo debilitado propício a ter doenças. Não é só engordar que preocupa. Eu tive experiência com paciente que perdeu 15 quilos em um mês e isso não é uma notícia muito boa. Quando acontece isso a gente fica preocupado e no caso desse paciente, ele descobriu um diabetes.

"Pessoas que têm alimentação saudável e se exercitam, protegem melhor o corpo contra aquela célula cancerígena"

O que devemos evitar na alimentação?

Podemos dizer que os alimentos industrializados, os embutidos, estão nessa lista. É onde entra a moderação. Aliás, moderadamente podemos comer o que quiser. Hoje em dia a questão dos alimentos industrializados está mudando. A indústria tem até esse mês de outubro para se adequar à nova legislação da rotulagem que entrou em vigor há um ano. Se reparar, já tem embalagem com a lupa mostrando alto teor de gordura, de açúcar e isso já ajuda. E a indústria está cada vez mais preocupada em dispor um alimento mais saudável. Não é apenas a nutricionista, ou quem deseja uma vida saudável, que quer um produto saudável. A indústria sabe disso e está investindo na melhoria dos seus produtos. Quem gosta muito de alimento industrializado tem de olhar sempre o que tem mais no primeiro ingrediente. Se o primeiro ingrediente for mais açúcar ou gordura, já evita. E quanto menos ingrediente na composição, melhor. São dicas importantes na hora de comprar um produto industrializado. Já temos bons alimentos industrializados e que podemos fazer uso.

"É importante iniciar o dia com água que é, como digo, um bom dia para o metabolismo"

Produtos com conservantes para esticar o prazo de validade entram nessa lista de risco?

Sim. A correria do dia a dia pede esses produtos e com fácil acesso o pessoal ama. O que está dentro da embalagem, bem escondidinho, não fará bem para a saúde. A gente costuma dizer do tempo de vida dos produtos na prateleira. Quanto maior for a validade, mais conservante tem ali dentro. Exemplo: o leite em caixinha, a validade dele é de seis meses a um ano. O leite natural dura poucos dias.

O vilão é o carboidrato ou açúcar?

O vilão será sempre o excesso. No caso do pão, uma dica legal, é não comer o pão sozinho. Coloca um ovo mexido, um queijo para não deixar o açúcar ir de uma vez para a corrente sanguínea. Quando coloco uma proteína, uma fibra, esse açúcar vai de uma forma mais lenta dando mais saciedade. No caso da cerveja, dá para encaixar, principalmente uma de melhor qualidade, sempre aquela com menos ingredientes na composição. E, uma dica, é intercalar com água, para liberar a saída do álcool mais rápida do organismo. E evitar o excesso sempre.

Qual o ideal de consumo de água?

Tem um cálculo simples. Se for mulher faz o seu peso vezes 35. Se for homem vezes 40. Você terá o resultado ideal de água por dia. E, importante, é também iniciar o dia com água que é, como digo, um bom dia para o metabolismo.

Na internet tem muito do “chamado terrorismo” nutricional. Qual o segredo para uma alimentação saudável e evitar aquelas dietas para emagrecer e voltar a engordar?

Isso é o efeito sanfona, aumenta e diminui o peso. E não é isso que a gente quer hoje. Queremos perder peso, que seja duradouro e traga qualidade de vida. A restrição alimentar acaba sendo um obstáculo. Quando impõe uma restrição muito severa em tudo aquilo que a gente gosta, um pão, chocolate, um doce, uma cerveja, a gente não consegue manter.

O que a inspirou para a nutrição?

Ainda no colegial tinha uma nutricionista da merenda escolar que foi apresentar como era o trabalho e sobre a alimentação. Reforçou esse interesse. Antes disso, tinha pensado em ser dentista, agrônoma, mas conhecendo os detalhes, me encantei com a nutrição. Hoje divido o meu tempo com o trabalho no hospital, onde sou responsável técnico nesta área da nutrição, e na clínica aqui em Fernandópolis e aos finais de semana atendo em Auriflama.

 

 

 

 

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