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“Quem mais me incentivou a ser padre foi Jesus”



“Quem mais me incentivou a ser padre foi Jesus”

A frase é do recém ordenado padre, o jovem fernandopolense Igor Kawakame Rathlef25 anos, da tradicional família Kawakame de Fernandópolis. Ele foi ordenado padre durante celebração que ocorreu domingo na Igreja Matriz Santa Rita de Cássia. Em fevereiro ele assume oficialmente a Paróquia Santo Expedito de  Fernandópolis em substituição ao padre Eduardo de Lima que vai ocupar posto na Diocese de Jales. Um dia após ser ordenado padre, Igor concedeu entrevista ao jornal CIDADÃO e à Rádio Difusora FM. Contou que o chamado de Jesus para o sacerdócio chegou cedo e que recebeu o apoio da família, dos pais Marcia Kawakame e Carlos Rathef, e do irmão, Levy. “Nasci numa família católica e sempre participei da Igreja desde criança, quando ingressei na catequese até o momento da crisma. Foi quando senti este chamado para ser padre”, relatou. Aos 17 anos foi para o seminário e após oito anos de estudo, foi ordenado padre e está pronto para assumir sua primeira paróquia, na cidade onde nasceu. Leia a entrevista do jovem sacerdote:

Como foi a ordenação no domingo durante celebração na Igreja Matriz Santa Rita de Cássia?
Foi um momento muito bonito, solene, quando fui ordenado presbítero, que é a mesma coisa que padre. Foi uma liturgia de vida que celebramos na Igreja Matriz Santa Rita de Cássia. Nasci numa família católica, principalmente meus avós. Sempre participei da igreja desde criança, quando ingressei na catequese até o momento da crisma. Foi quando senti este chamado para ser padre. Quem fez o primeiro convite foi o padre Zezinho que trabalhou por muitos anos em Fernandópolis. Ele me encaminhou para encontros vocacionais promovidos pela Diocese de Jales para ajudar os jovens a discernirem sobre a vocação sacerdotal.

Quem mais o incentivou a seguir a carreira sacerdotal?
Quem mais me incentivou foi Jesus. O Cristo é aquele quem primeiro nos chama. Mas, também recebi o incentivo de vários padres que trabalharam em Fernandópolis, meus avós, meus pais sempre deram apoio ao longo da minha vida e trajetória. Muitas pessoas foram importantes nesse caminho.

"Desejo fazer um caminho de simplicidade, de humildade, mas também de testemunho da graça de Deus"

Quando decidiu ser padre e levou a notícia para a família, qual foi a reação?
A princípio foi um certo choque, porque eles esperavam que fizesse uma faculdade, um curso comum, não Filosofia e a Teologia que são os cursos que fazemos no seminário. Mas, eles já sabiam e me deram total liberdade e apoio para seguir o meu caminho, ir para o seminário e fazer essa experiência na vida religiosa.

A Igreja Católica enfrenta dificuldade para formação de novos padres. Como é o processo de formação de um padre?
O processo formativo de um jovem para ser padre culminando com sua ordenação é um momento de alegria para toda a igreja, porque as vocações continuam a acontecer. Talvez não em grande número como no passado, de ter seminários enormes. Hoje temos seminários menores, mas para se ter uma ideia, da Diocese de Jales são 9 seminaristas em São José do Rio Preto, onde estudei. São nove jovens que se dedicam a preparação ao sacerdócio.

"Nesse mundo tão complexo, o desafio é o anúncio do evangelho, apresentar Jesus aos jovens"

Como foi todo o processo de preparação até a ordenação?
Na verdade, o tempo de seminário é longo. São oito anos de preparação. Fazemos duas faculdades, a de Filosofia por três anos e depois mais quatro anos de Teologia e um ano de Pastoral, como se fosse um estágio para a vida sacerdotal, convivendo em várias paróquias da Diocese de Jales. É um caminho longo, mas um caminho feliz, de encontro com muitas pessoas, convivências com padres e assim vamos trabalhando na nossa formação intelectual, formação afetiva e também espiritual. Tudo isso vai nos moldando para culminar com o momento da ordenação.

Durante todo esse processo formativo, chegou a ser provado sobre essa decisão de ser padre?
Eu fui para o seminário com 17 anos e, claro, o mundo de hoje nos apresenta muitas propostas. Nunca duvidei da vocação, do chamado de Deus. Segui esse caminho. Passei, claro, como toda pessoa, por momentos de dificuldade, de crise, mas a graça divina nos auxiliou nesse caminho para chegar ao dia da ordenação presbiteral.

Ordenado padre, qual missão pretende abraçar?
Sendo padre permaneço até o final de janeiro onde estou que é na Paróquia Santo Antônio e Nossa Senhora do Carmo de Santo Antônio do Araranguá. Dia 2 de fevereiro tomo posse na Paróquia Santo Expedito aqui em Fernandópolis. Então virei a ser padre em Fernandópolis por um período indeterminado, enquanto assim a Igreja desejar. 

"O meu estilo como padre é ser presença no meio do povo, no meio da comunidade"

Qual sua expectativa para essa posse?
Expectativa muito boa, apesar de ser uma paróquia territorialmente muito extensa, com oito comunidades. Olhando os padres que me antecederam nesta paróquia, padre Valdair, padre Rodolfo e o padre Eduardo, isso passa segurança de saber que a comunidade vai caminhando com o auxílio da Igreja sendo presença de Deus na vida do povo.

Já tem definido seu projeto na condução da paróquia?
Sim, num primeiro momento após tomar posse será conhecer e dialogar com as pessoas, com as pastorais, os conselhos e depois propor novas atividades ou potencializar aquelas que já existem, sempre no caminho de muita simplicidade, de muita humildade, como nos propõe o evangelho.

Vivemos momentos difíceis na pandemia e de turbulências no Brasil e no mundo. Qual o papel da igreja nestes momentos?
A igreja tem um papel importante na sociedade, sobretudo, na vida das pessoas, dos católicos que é aquela missão dada por Jesus de restaurar a humanidade ferida pelas dificuldades da vida. É assumir essa missão do Cristo e com alegria ser a presença de Deus na Paroquia Santo Expedito.

Em um mundo cheio de oportunidades, como disse, isso tem afastado o jovem da Igreja?
Por um lado, vemos sim a presença de poucos jovens. Mas, há também comunidades onde existem muitos jovens engajados. Acho que essa é nossa missão, eu que sou um jovem de 25 anos, de fazer com eles também estejam apaixonados por Jesus, como vários testemunhos que presenciei nessa minha caminhada de jovens que se doam pela causa da igreja e buscam viver uma vida voltada ao próximo. 

O que te move nessa jornada sacerdotal?
No domingo, com a ordenação presbiteral eu assumi um lema, não só para o momento da ordenação, mas para a vida. Peguei o evangelho de Lucas, capítulo IV, versículo 18, onde Jesus diz: o Espirito do Senhor está sobre mim. Então é esse lema que também assumo para a vida e conto com essa graça do espirito que está sobre mim para a missão que a igreja me confia aqui em Fernandópolis, já que não é tão comum que um padre venha assumir uma paróquia na sua própria cidade, mas assim a igreja desejou e eu desejo fazer um caminho de simplicidade, de humildade, mas também de testemunho da graça de Deus, testemunho do amor de Jesus. 

Como padre, tem o sonho de galgar outros postos na Igreja?
O meu sonho é ser fiel ao evangelho. Então, pra onde a Igreja me enviar quero desempenhar bem a minha função. Mas, um sonho particular que tenho é de continuar os estudos em Teologia e alguma área especifica para poder contribuir sempre com a igreja e com o povo de Deus. 

Qual será o maior desafio?
Acho que nesse mundo tão complexo, o anúncio do evangelho. Como disse sobre os jovens, fazer com os jovens estejam apaixonados por Jesus. Acho que o maior desafio é esse, apresentar Jesus, apresentar a Igreja, de modo que todas as pessoas forem confiadas aos meus cuidados estejam sempre com o coração aberto na graça de Cristo.

Vemos hoje muitos padres equiparados a “pop star”. Qual será seu estilo como padre?
O meu estilo é o que chamamos na igreja de Pastoral, ou seja, de estar presente em uma paróquia, fazer as celebrações, as visitas aos doentes, ajudar quem precisa. Então, é um estilo de fazer presença na paroquia que me foi confiada. Existem vários estilos, padres mais midiáticos, o que é muito bom, é uma graça de Deus. Mas, meu estilo mais especifico é ser presença no meio do povo, no meio da comunidade.

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