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“Se o grupo permanecer unido faremos o novo prefeito. Se rachar, não sei”



“Se o grupo permanecer unido faremos o novo prefeito. Se rachar, não sei”

O alerta foi feito pelo vice-prefeito de Fernandópolis Artur Watson Silveira (PSDB), 57 anos,  durante entrevista à Rádio Difusora FM e jornal CIDADÃO quando abordou o tema da sucessão do prefeito André Pessuto no ano que vem. Embora reconheça que é cedo para tratar do assunto, ele não fugiu da pergunta quando questionado se seu nome, como atual vice-prefeito, seria o candidato natural do grupo para a sucessão de Pessuto. “Sou o vice-prefeito e, claro, seria um dos nomes, mas não tenho essa vaidade de impor meu nome. É uma decisão de grupo. Temos que continuar unidos”, disse. E acrescentou mais um alerta: “o principal é deixar a vaidade de lado. A vaidade quebra o homem”.  Segundo Artur, que também trabalha para resgatar o Diretório do PSDB após o trauma que enfrentou nos 
últimos anos que culminou com a intervenção da Executiva Estadual, a hora é de traçar planos diante do novo cenário político que está aí com os novos governos estadual e federal. Leia a entrevista: 

Explique sobre essa reorganização do PSDB em Fernandópolis, no Estado e nacional?
Com o governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite assumindo a direção Nacional do PSDB houve uma mudança de estratégia no processo de reorganização do partido. Como estamos com processos de fusões partidárias em andamento decidiu-se deixar as convenções para o segundo semestre quando as questões estarão mais claras. Assim, as convenções municipais que aconteceriam agora em fevereiro foram transferidas para agosto. Nós tivemos a infelicidade de nos tornarmos uma Executiva Provisória. Estamos trabalhando para recuperar status de Diretório que vinha desde a fundação. 

Nesse período o partido sofreu inclusive intervenção do Diretório Estadual?
Acho que avançaram o sinal. Não quero condenar ninguém, já passamos essa fase, mas o que houve é que abocanharam o partido. Foi onde ocorreu a intervenção e nomearam uma comissão sem consultar os fundadores. Foi uma falta de respeito inclusive a família Farinazzo que representa o ex-prefeito Armando Farinazzo fundador do partido em Fernandópolis. Foi quando entramos, conseguimos aparar arestas e fizemos uma composição para podermos resgatar o partido. Agora, vamos voltar a ter Diretório em Fernandópolis a partir desse ano.  

Apesar de todas as turbulências, você acha que o PSDB conseguiu manter sua representatividade política ocupando o cargo de vice-prefeito e a presidência da Câmara?
De fato, hoje temos a presidência da Câmara e o vice-prefeito, temos alguns secretários que compõem o governo de André Pessuto. Creio que o PSDB continua dando sua contribuição para Fernandópolis. Temos que ter paz para fazer o melhor para a cidade.
O partido está pacificado ou ainda tem gente ofendida com tudo que aconteceu?
Teve gente sim que ficou ofendida, mas posso dizer que agora o PSDB está bem pacificado. Houve uma ingerência de uma determinada parte, mas agora é hora de reunir todo mundo. Tenho conversado com o João (Pedro Siqueira) que é o único vereador do partido e que está na presidência da Câmara, com os secretários e com aqueles que foram candidatos já pensando em preparar candidaturas a vereador e, se possível, candidatura a prefeito para a próxima eleição. Vamos participar do pleito eleitoral em 2024. Isso é certo.

O PSDB que desde a fundação do partido vinha comandando o estado de São Paulo, hoje está fora. Como o partido está convivendo com essa nova realidade?
A renovação faz parte da política. Fomos governo por 28 anos e tem uma história de contribuição não só para São Paulo, mas para o país, desde Mário Covas, Franco Montoro e Fernando Henrique. Hoje vimos diminuir as bancadas tanto estadual quanto federal, mas o partido se faz presente e atuante. O nosso presidente Eduardo Leite está propondo uma renovação partidária. Então, vamos seguir essa mentalidade, trazer gente nova para a política, trazer a juventude para dentro do partido.

Avançaram o sinal e abocanharam o partido (PSDB). Ocorreu a intervenção sem ouvir os fundadores

Sabemos que os prefeitos são pragmáticos e muitas vezes suas opções partidárias são atreladas a quem está no comando do Estado. Acha que o PSDB deve perder prefeitos?
Sim, devemos perder alguns prefeitos. É natural isso. O prefeito pensa sempre no seu município. Automaticamente vamos ver prefeitos se movimentando para outro lado. Mas, volto a frisar, teremos fusões de partidos e blocos partidários estão se formando tanto no Senado como na Câmara Federal. Creio que deveremos chegar a 8 ou 10 partidos o que deve melhorar, e muito, o cenário das eleições. Vamos viver uma fase de fusões dos partidos. 

O futuro na política é 2024. E quando se fala em eleições, olha-se para o vice-prefeito como candidato natural à sucessão do prefeito que não pode concorrer mais. Você está se preparando para ser candidato a prefeito?
Eu não pensava em ser candidato, voltar para a política. Foi naquele momento da crise envolvendo o PSDB de Fernandópolis que, quase por acaso, me tornei vice-prefeito dentro de uma composição política. Hoje, tenho feito o papel de forma discreta, porque o bom de voto é o André Pessuto, o primeiro prefeito reeleito da história de Fernandópolis. Como o André não tem reeleição, automaticamente alguém do grupo vai assumir essa missão de sucede-lo na gestão da cidade. O grupo terá um candidato. Eu sou um nome, faço parte do grupo. Dentro do próprio grupo temos vários pretendentes, sem citar nomes, mas eles mesmos estão vindo a público dizendo serem pré-candidatos, o que é natural. Fernandópolis sempre começou com 10 ou 12 candidatos e depois baixa para seis, cinco e acaba ficando entre quatro ou até três. Isso é natural na montagem do jogo político. Se você perguntar se hoje sou candidato, digo que não sou. Tivemos uma reunião no começo do ano no gabinete do prefeito sobre como conduzir o processo nestes dois anos. Está muito cedo ainda e a nossa preocupação agora, com os novos governos federal e estadual, que estão iniciando, é saber quando vamos para Brasília e quando vamos para São Paulo. Acho muito prematuro falar em eleição.

Sou o vice-prefeito e, claro, um dos nomes, mas não tenho essa vaidade de impor meu nome

Esse grupo político está completando dois mandatos. Como manter o grupo fechado para continuar esse projeto?
A ideia é essa, permanecer unido. Veja que fizemos a maioria na Câmara de Vereadores e a presidência da Câmara, antes e agora, continua com o grupo. Temos que sentar e alinhavar o projeto daqui para frente. Se o grupo permanecer junto, não tenho dúvida que faremos o novo prefeito. Se rachar, não sei. Não falo de nome, falo do grupo. O principal é deixar a vaidade de lado. A vaidade quebra o homem. Quem fala muito em primeira pessoa não chega a lugar algum. 

Qual o momento propício para decidir?
Sou o vice-prefeito e, claro, um dos nomes, mas não tenho essa vaidade de impor meu nome. Mas, é uma decisão de grupo. Posso ser candidato, como também auxiliar alguém do grupo ser prefeito. Hoje abriu-se um horizonte para o Artur ser candidato? Sim, eu sou um dos que podem ser o candidato no grupo. Dentro desse grupo temos uns sete ou oito nomes em condições de ser candidato a prefeito. 

A vaidade na política quebra o homem. Quem fala muito em primeira pessoa não chega a lugar algum

Podemos dizer que você voltou com tudo para a política?
Eu tive uma escola muito boa com Armando Farinazzo. Fui para São Paulo trabalhar na Secretaria da Agricultura, depois fiquei quase nove anos com nosso deputado federal Julio Semeghini onde tive oportunidade de aprender muito. Voltei depois e fui trabalhar no gabinete do secretário de Transporte que era Saulo de Castro e também fui diretor da Drads aqui. Vivi toda essa experiência política. Tenho escritório aqui e em São Paulo onde advogo em parceria em oito estados. Voltei para a disputa política, como disse, quase que por acaso. Sou pré-candidato sim, como também não sou. O que sei é que temos que permanecer unidos, porque senão a gente não faz o sucessor do André. Quem alimenta a fragmentação é a oposição. Isso interessa a ela, não ao grupo.
 

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