A frase é da nova presidente da Volfer – Associação dos Voluntários da Santa Casa de Fernandópolis - Vanderlice de Lourdes Lazarin Moreira da Silva e sintetiza a esperança de dias melhores. A associação fundada em 2008 (vai completar 12 anos no próximo dia 30) viveu uma posse inusitada por
conta da pandemia do coronavírus e pela morte da ex-presidente Sueno Sato, no início de junho.
A cerimônia presencial foi substituída por uma mensagem em vídeo pelas redes sociais. “Nossa mensagem foi de gratidão à Deus, às amigas/parceiras e a toda sociedade fernandopolense que sempre nos apoiou e incentivou. Colocamos ainda, a nossa crença de que continuaremos a ser mensageiras das bem aventuranças, espalhando sementes de fé e esperança. Lembramos também a partida da amiga Sueno deixando em nós um vazio, mas que devemos nos espelhar em suas atitudes”.
Nesta entrevista ao CIDADÃO, a professora Vanderlice, que está na associação desde a fundação, diz que o primeiro desafio será organizar reuniões virtuais para planejar novas ações mais voltadas para o trabalho humanitário dentro do hospital. Leia a entrevista:
A posse da nova diretoria da Volfer este ano foi marcada por uma mensagem nas redes sociais por conta da necessidade de distanciamento social. Qual foi o recado?
A posse da nova diretoria foi marcada por situações inusitadas. O distanciamento social nos levou a manifestar nossos sentimentos através das redes sociais. Nossa mensagem foi de gratidão à Deus, às amigas/parceiras e a toda sociedade fernandopolense que sempre nos apoiou e incentivou. Colocamos ainda, a nossa crença de que continuaremos a ser mensageiras das bem aventuranças, espalhando sementes de fé e esperança. Lembramos também a partida da amiga Sueno deixando em nós um vazio, mas que devemos nos espelhar em suas atitudes e seguir em frente com fé, força, alegria e muito amor!
"Continuaremos a ser mensageiras das bem aventuranças, espalhando sementes de fé e esperança"
No momento de troca da diretoria, a associação foi abalada pela morte da ex-presidente Sueno Sato. Qual legado que ela deixou?
SUENO BABÁ SATO: amiga, parceira de tantos momentos. Sua liderança, sua garra, sua inteligência, sua sabedoria, seu entusiasmo, sua exigência na perfeição em tudo que fazia foram marcantes. Sua vida nos remete ao poema “Não Sei”, de Cora Coralina: “não sei se a vida é curta ou longa demais pra nós, mas, sei que nada do que vivemos tem sentido se não tocamos o coração das pessoas”. Ela tocou nossos corações! Acolheu, confortou, respeitou, alegrou, promoveu o amor! Viveu intensamente enquanto durou! Sua passagem pela Volfer foi extraordinária. Seu nome é lembrado nas grandes obras que ela coordenou. Reforma na Unidade VI, na ambientação da creche, a melhoria da brinquedoteca, na remodelação do espaço hoje destinado à Maternidade SUS e em outros tantos projetos que atenderam às necessidades do hospital. Ela soube florir lindamente onde o Senhor a plantou!
A senhora falou na responsabilidade em suceder Wandalice Franco Renesto, Alice Ferrarezi e Sueno Sato...
Como não reconhecer nossa pequenez diante dessas valorosas mulheres!!! Elas simbolizam tudo o que acreditamos ser exemplo de generosidade, amor fraterno, dignidade, honestidade, empreendedorismo, sabedoria, inteligência... Seus nomes estão sempre ligados à educação, às diversas instituições humanitárias, à paz, à solidariedade. O que nos fortalece é saber que contamos com a presença de Deus a nos capacitar e iluminar e que temos uma grande e importante equipe. Parceiras que nos auxiliam e encorajam. Juntas somos fortes!
No dia 30 de julho a Volfer vai completar 12 anos de fundação. O que essa associação representa hoje para a Santa Casa?
Fazemos parte da Associação desde a sua criação. Doze anos se passaram, deixando marcas de amor e solidariedade. Nosso nome está ligado ao da Santa Casa de modo indelével. Representa uma parceria que deu certo e que queremos continuar colaborando em todas as ações promovidas por seus gestores.
"Doze anos se passaram, deixando marcas de amor e solidariedade. Nosso nome está ligado ao da Santa Casa de modo indelével"
Nos últimos tempos, a Santa Casa tem passado por graves problemas, mas a Volfer sempre esteve à postos para ajudar. Como está a relação com a nova direção?
Ao longo desses anos, acompanhamos momentos de calmaria, de esperança seguidos de situações conflitantes, de incertezas, de denúncia, de decepções que causavam apreensão e muita tristeza. Mas, estávamos lá sempre pensando e agindo em benefício dos pacientes e procurando atender, na medida do possível, as solicitações dos dirigentes. Toda a nossa contribuição era feita em bens materiais possíveis de serem vistos por quem se interessasse. Tivemos oportunidade de nos apresentar aos novos gestores, conversamos e nos colocamos à disposição para colaborar com seus projetos. Eles chegaram a participar de nossa reunião mensal. Porém, chegou o Covid-19. Não estamos nos reunindo... A nova direção sabe que, mesmo à distância física, podem contar conosco, pois nosso pensamento e nossos projetos estão voltados para o bem estar dos pacientes. Acreditamos que tudo vai passar, com a graça e o poder de Deus... logo voltaremos a nos reunir com os gestores para definirmos metas para os próximos tempos que, certamente exigirão novos olhares. Olhar de compaixão e cuidado!
Como é fazer parte do grupo de voluntárias do Jaleco Rosa?
A cor rosa é símbolo do voluntariado. Ela nos leva a pensar na beleza, na suavidade, na delicadeza, na simplicidade, na fragilidade, no florescer. Como é bom imaginar e também observar um lugar antes seco e solitário se tornar fértil e florescer. Assim é usar o Jaleco Rosa. O paciente em um leito hospitalar está “seco”, fragilizado. Sentir o acolhimento com um pequeno gesto de carinho, um olhar afetuoso, um sorriso num ambiente limpo e organizado faz florescer em seu coração ânimo e a paz. Nisso consiste nossa missão: sermos portadoras da fé, da esperança, da alegria. Vestir o Jaleco Rosa é revestir-se de amor e gratidão pela graça de fazer o bem. O voluntário não tem necessariamente o tempo, ele tem o coração! Se você se sentir tocada/o pelo rosa venha vivenciar conosco essa experiência!
Nesses tempos de distanciamento social por conta da pandemia, como a associação está se organizando e quais os projetos desta nova gestão?
Vivenciamos um tempo de renovação, de adequação, de nos reinventar. Estamos aprendendo a nos comunicar virtualmente, sentindo falta de conversar olhando nos olhos, de sentir o que o outro pensa, o que acredita. Precisamos nos acostumar com essa mudança de olhar. Esse será nosso primeiro desafio: organizar reuniões virtuais para planejar nossas ações. Tivemos nos últimos anos uma atuação mais voltada para as instalações físicas para oferecer um maior conforto aos pacientes SUS, às crianças atendidas na creche. Devemos agora nos voltar mais para o atendimento humanitário. Queremos nos unir a equipe do hospital que já atua nesse sentido, prestando todo nosso auxílio.
"Vestir o Jaleco Rosa é revestir-se de amor e gratidão pela graça de fazer o bem. O voluntário tem o coração"
O coronavírus chegou para mudar a rotina das pessoas e a afeta a vida de todos. Qual o ensinamento, na sua opinião, que fica dessa experiência que estamos vivenciando?
Ao longo da nossa vida passamos por diferentes fases e, muitas vezes, quando insistimos em um caminho que não nos leva mais à paz, ao amor fraterno, ao companheirismo somos surpreendidos por um acontecimento que nos obriga a mudar de direção. O coronavírus veio abalar nossas estruturas. Nós que vivíamos apressados, estressados, trabalhando intensamente, envolvidos num consumismo desenfreado, sem tempo para contemplar a beleza existente a nossa volta... de repente tivemos que parar! Essa parada nos faz rever nossos conceitos: estamos aprendendo a valorizar mais o que realmente importa: a vida, a família, a amizade; que necessitamos e podemos silenciar nossa mente e nosso coração para enxergar nossos sentimentos, resgatar nossos sonhos; a olhar o outro com empatia, a cuidar dos nossos semelhantes sem mesmo conhecer sua face; a termos esperança, a acreditar que o amor puro e sincero é capaz de fazer renascer em nós e nos outros a alegria de viver e ser feliz! Peçamos a Deus que esses sentimentos, essas aprendizagens não fiquem esquecidos nos porões da nossa memória quando tudo isso passar.
Qual a mensagem que a senhora deixa para os fernandopolenses?
“Seja uma semente boa na terra desse mundo e faça florescer as coisas boas para enfeitar a vida de quem sofre qualquer tipo de dor”. Reflita conosco: nesse momento que vivenciamos, você tem pensado na possibilidade daquele seu ente mais querido ou você mesmo precisar de atendimento médico/hospitalar?! Pois bem, acreditamos que todos já tenham sentido esse temor. Porém, não é somente durante a pandemia que poderemos necessitar desses cuidados. Que tal nós, como sociedade, cidadãos comprometidos com a vida e a saúde dos fernandopolenses, reunir todos os nossos esforços para garantir o bom funcionamento de todos os órgãos que já atuam positivamente e também colaborar para melhorar o que é deficitário? Pense nisso!