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Será que sou quem penso que sou?



Será que sou quem penso que sou?
Na foto, o escritor fernandopolense, Francisco Ortolan

A pergunta é o título da obra literária espírita lançada esta semana pelo fernandopolense Francisco Ortolan, 57 anos, que há 31 anos está na Doutrina como orador motivacional e espírita.

“Essa obra é parte do resultado de 18 anos de estudo sobre o tema que me ajudou muito no decorrer desse tempo, esclarecendo dúvidas que me faziam sofrer. Sempre arrumamos culpados pela nossa infelicidade”, escreveu o autor no prólogo do livro. No prefácio, o tenor e maestro Evandro Oliva diz que “começando pelo desafiador título, o livro nos convida, por meio de temas rápidos e profundos, a pararmos um pouco e entendermos mais sobre nossos pensamentos, comportamentos e sentimentos e agir para modificar o que não está nos fazendo felizes”. O livro, em 19 capítulos, trata de temas como perdão, culpa, superação, motivo das aflições, afetos e desafetos, depressão, modelos mentais de julgamento, relacionamentos, entre outros.

Francisco Ortolan é um dos fundadores da Comunidade Espírita Cristã Esperança de Fernandópolis, apresentador do programa Momento Esperança na Rádio Difusora e graduando em Psicanálise Clínica. Nesta entrevista ao CIDADÃO, ele fala sobre o processo de conhecimento interior para a mudança que deu origem ao livro. Leia a entrevista:

Como surgiu a ideia de se lançar para o mundo literário espírita?

Há 18 anos venho estudando a reforma interior, relacionamentos, mudança de comportamento e comecei a me encantar por esse tema. Sem pretensão nenhuma fui fazendo anotações e guardando, na expectativa futura de, quem sabe, se transformar em um livro. A ideia era, se não virar livro disponibilizar esse material na internet para às pessoas. Se o material me ajudou, e muito, me fez muito bem, ajudou a esclarecer muitas questões, não tinha porque não compartilhar para ajudar alguém.

"Todos os questionamentos que me fiz ao longo desses 18 anos de estudo sobre reforma interior estão nessa obra"

O título do livro é uma pergunta (Será que sou o que penso que sou?). Ele traz a resposta?

Na realidade é difícil dar essa resposta. É uma descoberta individual. Essa, é uma pergunta que me faço há anos. Você já se observou ao receber uma crítica? De pronto, já digo aqui, não leve a crítica pelo lado mal, é uma benção. O amigo, geralmente passa a mão na cabeça, nos consola, mas não nos ajuda a resolver quem somos. Aquele que nos critica, ao contrário do que pensamos, está nos colocando numa situação onde temos a oportunidade de nos questionar: Será que realmente sou quem penso que sou? Então, todos os questionamentos que me fiz ao longo desses 18 anos estão nessa obra. Vamos entender que ninguém me faz sofrer, mas eu me permito sofrer com as atitudes do outro, buscando culpado para nossa infelicidade. Muitas mágoas têm origem na decepção com outra pessoa que falou uma coisa que não gostaria de ouvir. Então, preciso me conhecer para entender e mudar.

O título nos leva a questionar se também não estamos iludidos com o que pensamos ser?

De fato, nós temos a ilusão de nos acharmos o dono da verdade. E ai surgem os questionamentos “Você não me entende? ”, “Não enxerga? ”, “Por que você não muda?”, como se fossemos detentores da verdade absoluta e o outro sempre errado. Nossa mente está condicionada há milênios a reproduzir comportamentos. Tenho feito muitas palestras motivacionais em empresas, lojas, escolas, independente de religião, e o tema recorrente é a dificuldade de relacionamento entre as pessoas.

Esse livro é para o espírita?

Não somente para o espirita, mas para todos que buscam se conhecer. O livro traz inúmeras citações bíblicas. 

De onde veio o empurrão que precisava para transformar o material de 18 anos de estudos em livro?

Eu tinha todo o conteúdo arquivado em casa e disse a mim mesmo que iria esperar um sinal do alto. Tem tanta obra lançada no mundo, no Brasil principalmente, e não queria que meu livro fosse mais um. De repente, surge o amigo Eudes Veras da Editora Psicoenergia de Indiaporã e diz que se um dia lançasse um livro, que fosse por sua editora e ele daria toda isenção de custos da editora, ficando apenas com a despesa da gráfica para impressão do livro. Isso me animou e entendi como um sinal. Depois veio a amiga, a Janayna Iashima (psicóloga e fotógrafa) e falei sobre o desejo de produzir fotos para uma capa de livro e ela se prontificou a produzir isso e me ofereceu como presente para o lançamento do livro. Era um segundo sinal. Fiquei com o custo de produção e decidi que lançaria mil exemplares. Mas tive um terceiro sinal. Estava em Rio Preto para uma palestra, o presidente da casa me questionou sobre meu livro. Expliquei que iria lançar porque já tinha dois sinais da espiritualidade. Vou financiar pelo banco os mil exemplares. Ele me surpreendeu ao dizer que era para fazer 3 mil exemplares e que iria bancar o custo e que depois veriam o que fazer. Era o que faltava para entender que era a hora de lançar o livro. Pedi um sinal e vieram três. 

"Você quer se iludir, iluda-se com Jesus, é o único ser perfeito que passou pelo planeta terra"

Você coloca que o livro é uma experiência de 18 anos de estudos da reforma interior. O que diria as pessoas sobre esse processo?

Posso garantir que esse livro não é de leitura, é de estudo. Fiz com capítulos pequenos para que a pessoa possa ler um capítulo por noite e refletir sobre o tema. Na dúvida, leia novamente porque quanto mais eu falo sobre a reforma interior, mais fácil fica para modificar meu comportamento. Isso chama ressignificar sentimentos.

Tem um ponto crucial para tentar responder essa questão proposta pelo livro?

Você quer se iludir, iluda-se com Jesus é o único ser perfeito que passou pelo planeta terra. O restante das pessoas, mais cedo ou mais tarde, você vai te desiludir. Eu costumo dizer que só existe desilusão porque um dia houve uma ilusão. Quando faço essa pergunta “Será que sou o que penso que sou?”  preciso entender que ninguém me faz infeliz. Eu me permito ser infeliz com a atitude do outro. Se não me iludir com ninguém, não vou me desiludir.

"O problema do mundo, não está no mundo, mas em nós, em como enxergamos o mundo"

Como as pessoas podem ter acesso ao livro?

Em breve ele estará à venda pela internet e já está disponível na Loja Virtual Eudes Veras. O pessoal também pode entrar em contato comigo pelo facebook “Francisco Ortolan” onde já postei a divulgação.

Qual o sentimento que sobressai nesse momento em que se lança também na literatura espírita?

É de gratidão e de oportunidade em ver as coisas por outro ângulo. Estou há 31 anos na Doutrina Espirita e há 18 anos estudante da reforma interior. Isso me despertou para, aos 57 anos, ter a vontade de estudar novamente. Estou fazendo Psicanálise Clínica, que pretendo concluir até o final do ano, porque me encantei com isso, de ver que o problema do mundo, não está no mundo, mas está em nós, em como enxergamos o mundo. A partir do momento que estiver em paz comigo, nada e ninguém vai me desequilibrar. Então é essa paz interior que estou buscando. Quando você me perguntou se já tive a resposta para essa indagação, digo que já tive a resposta na área intelectual, ou seja, eu já tomei ciência, agora tomar consciência já é um passo mais adiantado. Provavelmente, após ler esse livro, quando estiver em uma discussão boba com alguém, vai se lembrar do conhecimento que absorveu e vai trabalhar por um novo comportamento. É o caminho. A busca é fantástica...

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