Caderno Viva



Tenho em mãos cupons fiscais de dois estabelecimentos comerciais (uma quitanda e um supermercado) de Fernandópolis, onde, dos dois, eu sou freguesa.

Constatei, indignada, na última compra a brutal diferença do preço do mamão. Sim, minhas caras amigas, donas de casa, que assim como eu, frequentam esses lugares quase que diariamente, a brutal diferença do preço do mamão...

A diferença a qual me refiro ultrapassa os 150%, e chega a 172%. Ora, minha gente, se as coisas caminham para isso, em que lugar vamos parar?

Será que os comerciantes imaginam, cada um no seu ramo de atividade que vamos majorar os preços como o Governo vem fazendo? A gente sabe quanto está pagando de energia, por exemplo.

Outra coisa, neste mesmo final de semana constatei outra diferença exorbitante de preços em outro produto: a gasolina!

No sábado, viajei para a casa de minha sogra – que mora em Minas. Abastecemos em Fernandópolis, claro, afinal moramos aqui e é aqui que ganhamos o pão nosso de cada dia. Portanto, como diz a regra do bom senso, devemos gastar no lugar em que ganhamos... e assim o fizemos; pagamos R$3,339 no litro, para ser mais exata.

Depois de constatar o preço do quilo do mamão formosa, e discutirmos o “caso” em família, fomos conversando sobre o assunto durante a curta viagem. Cada um contribuindo com a sua opinião, que dessa vez, meus amigos, não divergiram muito.

De tanque cheio, fomos comparando os preços da gasolina durante o caminho. Em Simonsen, com trinta minutos de estrada, deu vontade de esvaziar o tanque.

É, minha gente! O litro da gasolina lá custa R$3,09. Isso mesmo, vou repetir, o litro da gasolina lá custa R$3,09. Não quero discutir aqui, até porque o tempo é curto, o que leva a essa diferença, assim como a do mamão, ser tão grande!

Aproveitei o tempo no carro, os filhos dormindo no banco de trás, e o marido atento ao trânsito, para refletir um pouco: o produto que eu vendo não aumenta nem 10%, mas o que compro, perco as contas do percentual. Até agora, tem dado para equilibrar e com jogo de cintura a gente vai vivendo, mas se as coisas continuarem assim, não sei o que vai ser de mim, de nós – até porque acredito que nesse momento tem muita gente pensando como eu.

Ontem, já em terra fernandopolense, fui tomar, em companhia de meu pai, nosso café da manhã. Na hora da conta, mais uma surpresinha: aumento de R$0,50 no nosso tradicional combinado pingado com pão na chapa.

Depois, em casa, na hora do almoço, ligo a TV e mais uma surpresa: uma das montadoras de automóveis só vai voltar a fabricar seus carros na sexta-feira.

Várias surpresas e uma conclusão: os tempos difíceis estão batendo à nossa porta com mãos de ferro, infelizmente.

Em tempo: sugiro a todos que leiam o artigo de Lya Luft, na revista Veja desta semana. O título diz tudo: “Pagando a dívida alheia”. Diz a escritora “ Passamos a endividados e inadimplentes porque obedecemos a quem nos conclamava a gastar, e possivelmente seremos desempregados porque essa ameaça se torna cotidiana”.