Caderno Viva

A CORREÇÃO DOS IRMÃOS QUE ERRAM



A convivência humana está marcada por conflitos, contrastes e a razão é que as pessoas são diferentes nos gostos, pontos de vista e temperamento. O Evangelho diz respeito ao dia-a-dia da vida, daquilo que é comum, o cotidiano. Jesus apresenta o caso de alguém que cometeu um equívoco. Não se trata de algo acontecido contra a pessoa, mas a percepção de que algo errado aconteceu. Qual deve ser a atitude?

            A repreensão deve ser a sós, por respeito ao bom nome do irmão e a sua dignidade, dando chance que a pessoa possa se explicar e se defender. No mais das vezes para um observador externo, parece haver culpa, mas na percepção e intenção da pessoa não é um erro. Uma explicação franca desfaz o mal entendido. Essa situação se torna impossível quando o problema é levado ao conhecimento de todos.

            O Evangelho apresenta o critério básico para a pratica da correção fraterna, não a prepotência ou orgulho ao mostrar o erro dos outros e realçar a própria superioridade ou descarregar a consciência fazendo notar que o outro fora advertido e não fez caso da admoestação. O objetivo é conquistar o irmão, o verdadeiro bem do outro, para que melhore sua atitude e não se encontre diante de conseqüências desagradáveis. O que deve mover a pessoa é o zelo pela verdade, jamais a atitude de reação ao amor próprio ferido.

            Às vezes não depende de quem se dispõe a fazer a correção fraterna o resultado, apesar das boas disposições o outro pode não aceitá-la, tornando-se mais rígido. Ao contrário, depende de cada um o resultado, na hora em que recebe a correção. Quem deseja corrigir o outro deve estar disposto a ser corrigido.  O ensinamento de Jesus a respeito da correção fraterna deve ser lido em conjunto com o outro que diz: “Como é que olhas o cisco que há no olho do teu irmão e não repara a trave que há no teu próprio olho? Como pode dizer a teu irmão: ‘Irmão, deixa que tire o cisco que há em teu olho’, não vendo tu mesmo a trave que há no teu” ( Lc 6,41-42).

            A correção fraterna deve se limitar ao erro cometido, não generalizando, evitando rejeitar a pessoa e sua conduta. Deve ser um estímulo, jamais uma desqualificação, reconhecendo o que se espera de bom da pessoa, sendo colocado em primeiro plano. Falar a verdade nua e crua provoca efeito contrário, destruindo a convivência e a boa relação entre as pessoas. O objetivo deve ser o fortalecimento das relações, o que só é possível pelo amor. A verdade que não conduz ao amor, que gera perturbação, discórdia, ódio, rancor, não deve ser dita.

            Tudo deve ser feito ser feito em segredo para evitar que se de conhecimento a outra pessoa. É uma tentativa delicada, difícil que alguém goste de fazer, delicado encontrar palavras apropriadas. Pode-se errar no começo da conversa, um adjetivo, um sorriso não oportuno, tudo começa a ir por água abaixo. Se o irmão se ofende com a iniciativa, fecha-se, quem agiu com boa intenção corre o risco de perder o amigo, ou sentir-se culpado pela não recuperação da pessoa. Quando a falta é contra nós o caminho não é a correção fraterna, mas o perdão.

            Em determinados casos não é fácil tomar a decisão de corrigir ou deixar passar, ficar quieto ou falar. O apóstolo Paulo oferece uma regra preciosa, de ouro: “Com ninguém  tenhais outra dívida que a do mútuo amor... A caridade não faz mal ao próximo”( Rm 13,8-10). Antes de tudo  é preciso assegurar que no coração se cultive a atitude de acolhida à pessoa. Com essa atitude tudo o que for decidido posteriormente, corrigir ou calar será bem feito, porque o amor não faz mal a ninguém. Amém! Assim Seja!