Caderno Viva

A milagrosa multiplicação dos pães



Ao saber da notícia da morte de João Batista, por precaução quanto a Herodes e aos discípulos do Batista que poderiam vir para o lado de Jesus e desestabilizar o grupo porque a mentalidade deles era muito diferente. Passado  certo tempo a multidão percebeu que Jesus havia se retirado, foram atrás dele, margeando o lago. Chegaram primeiro que Mestre que ao desembarcar se depara com a grande multidão e, cheio de compaixão, curou os enfermos que ali estavam.

            O povo o procurava não por apego humano, porque Ele era um bom orador, ou por sentimentos de gratidão em razão de ter recebido um beneficio do Senhor. Era o sendo que ali na pessoa de Jesus havia algo de sobrehumano. Cristo respondeu do mesmo jeito que Deus respondera ao longo do tempo, através da sua misericórdia, quando os homens o procuraram, em situação difícil, abrindo o seu coração enternecido.

            Chegada a noite os discípulos advertem o Mestre para o avançado da hora e que a região era desértica e nada havia ali para ser comprado que pudesse alimentar o povo. Jesus já sabia o que fazer, mas mesmo assim provoca os discípulos, para que aprendam, alarguem os horizontes, passem a conhecê-lo melhor. Reagem com aflição e impotência ao perceber que havia apenas cinco pães e dois peixes. É uma pequena porção diante de uma grande multidão. Estão frente à multidão de mãos vazias, porque só Jesus tem condições de saciar a fome.

            Jesus manda que todos se sentem na relva, toma o alimento, eleva os olhos a Deus Pai, proferindo a ação de graças. Entrega os pães e os peixes aos discípulos para que seja distribuído. Todos comeram e ficaram saciados e ainda se recolheram uma grande quantidade de alimento que sobrou – doze cestos – sinal que  fora distribuído com abundância e todos ficaram saciados. Verdadeiramente foi uma benção divinal.

            Jesus realizou  o milagre numa circunstância determinada, não eliminando a fome em si, nem desobrigando as pessoas a ganhar o pão de cada dia. A misericórdia de Deus se manifestou por meio de Jesus àquela multidão que se encontrava em situação difícil. A milagrosa multiplicação dos pães é uma imagem da Igreja. Jesus é o administrador dos dons, aquele que doa o pão e a palavra. Junto a Ele está o grupo de discípulos que o auxiliam na missão.

            Cristo não é um intermediário como fora Moisés, mas é o doador e a fonte da vida. Essa é a vivência da Igreja quando se reúne com o seu Senhor para celebrar a Eucaristia. Todos os que aceitaram o convite estarão na comunhão com Deus. A comunhão com Deus se expressa pela superabundância de bens e pela misericórdia em plenitude. Só Cristo é capaz de saciar  a fome do homem e plenamente realizá-lo.

            Jesus multiplicou os pães e mandou distribuí-los de graça. Os dons concedidos por Deus são sempre gratuitos, especialmente o dom da Eucaristia e a sua palavra salvadora. Os dons não são comprados, nem vendidos, e ninguém é merecedor. O convite é gratuito, todos são convidados para recebê-los. O pão escolhido por Jesus, como matéria para o Sacramento da Eucaristia, não era um alimento raro, mas o que era comum no meio do povo.

            Os apóstolos recolheram os doze cestos com o pão da mesa de Cristo, que alimentará a Igreja. Dar os pães e os peixes expressa uma realidade diferente. É um ato que parte da realidade do amor para com o próximo, percebendo a situação de penúria, fundamenta-se na atitude de gratuidade. Desse sentido de acolhida ao próximo passa-se para o sentido da Eucaristia, na qual se recebe o pão para sustento do corpo e do espírito, experimentando a amizade de sua e sua benfazeja presença.  Deus se serve das criaturas humanas para distribuir seus dons. O Cristão é instrumento de Deus para distribuir suas graças e suas bênçãos. Amém! Assim Seja!