Caderno Viva

A VERDADEIRA RELIGIÃO



 Um homem tinha dois filhos. São mandados pelo Pai para trabalhar na vinha. Os primeiro respondeu que sim, mas não foi. O segundo respondeu logo não, mas se arrependeu e foi. Mostra-se a contradição entre falar e agir. O importante é fazer a vontade do Pai, porque não são  as palavras a realidade determinante, mas as obras. Apesar de ter se negado no momento, posteriormente, cumpriu a ordem que fora dada pelo seu pai.

            Nessa metáfora do pai terreno está expressa a imagem do Pai celestial. Deus dá a ordem e convoca os homens para o serviço. Jesus desvenda a hipocrisia da doutrina dos fariseus  que apresenta uma contradição gritante entre o falar e o  agir: “Não os imiteis nas obras, porque eles dizem mas não fazem”( 23,3b). Essa é a ameaça maior para o sincero serviço a Deus e aos homens.

            Jesus lança no rosto dos piedosos fariseus um vigoroso e assustador ataque. Meretrizes e publicanos os precederão no reino dos céus. A todos foi dirigido o apelo à conversão,  mostrado o caminho da justiça, que é o modo religioso de se relacionar com Deus e viver na sua presença, relacionamento de fidelidade e obediência absoluta.

            Os publicanos e as prostitutas não eram modelos de comportamento, mas foram sensíveis ao apelo de João Batista, acolhendo a mensagem por ele proclamada. Jesus é o único modelo que veio ensinar a religião verdadeira que é fazer a vontade de Deus. A vontade do Pai passava pela  entrega de sua vida na cruz. Jesus se constituiu no verdadeiro modelo de cristão, porque cumpriu toda vontade do Pai.

            Os escribas e fariseus rejeitaram, não se converteram, recusaram abrir-se à fé. Viram o sinal, mas não o reconheceram como sinal, escutaram o chamado, mas se recusaram a interpretar como apelo a si mesmos. Eram espectadores desinteressados, com os olhos vendados, embora vissem e não compreendessem. Não dando crédito a João também não dará ao Messias. Fica vedada a entrada no Reino dos Céus, por não trilharem o caminho da justiça.

            A atitude do homem e seus dois filhos é a  metáfora do relacionamento entre Deus e o povo de Israel. O homem da parábola representa Deus, que tem um projeto para seu povo, esperando desse povo obediência à sua vontade. O filho que se dispôs a obedecer às ordens do pai, mas não as cumpre se refere às lideranças religiosas. Os fariseus e mestres da lei pareciam fiéis à vontade de Deus por puro exibicionismo, superficialidade, com o objetivo de conseguir o louvor do povo, uma piedade inconsistente.

            O segundo filho representa os pagãos e os pecadores que tem consciência do seu distanciamento de Deus, sabem não estar cumprindo a sua vontade porque lhe disseram não. Mas dentro do seu coração existe uma abertura para acolher a vontade de Deus para as suas vidas. O essencial da vida cristã é não pertencer mais a si mesmo, mas fazer a vontade de Deus. O estar em comunhão com Cristo, a sua misteriosa habitação dentro de cada um, liberta o ser humano, fazendo-o caminhar em direção aos outros. Todos são convidados a trabalhar na vinha do Senhor, se tornar amigo de Jesus. Nesta parábola Jesus questiona duramente a religião formal, exterior, que não tem incidência no interior da pessoa, não conduzindo à responsabilidade. O cristão deve conscientemente optar não por uma religião de aparências, mas pela religião da responsabilidade tendo Jesus como modelo da verdadeira religião. Amém! Assim Seja!