Caderno Viva

CELEBRAR A VIDA E A ESPERANÇA



                Na vida da Igreja primitiva, nas suas celebrações sempre se lembrava dos falecidos, com um momento especial na Santa Missa. No século primeiro já se constatava o costume de rezar pelos falecidos, a visita ao túmulo dos mártires nas catacumbas e a oração por eles.

                A partir do século IV na celebração da Santa Missa é mencionada a memória dos mortos. No Século V começa a praxe de dedicar um dia do ano para as orações pelos falecidos. Posteriormente foi fixado o dia 2 de Novembro como o dia dedicado a oração pelos mortos. A partir do século XI o Papa Silvestre II (1009), João XVIII(1009) e Leão IX(1015) emitiram documento obrigando a comunidade a reservar um dia para rezar pelos mortos. Desde o século XIII esse dia é comemorado em dois de Novembro, porque no dia primeiro é a Festa de todos os Santos.

                A doutrina católica prega que existe um estado de purificação após a morte, denominado Purgatório. “Os que morrem reconciliados com Deus, mas carregando faltas, misérias, dívidas espirituais por pecados cometidos, necessitam se purificar para que possam entrar no Reino de Deus, que é o reino da santidade perfeita. Rezamos pelos nossos mortos, pois a Igreja ensina que, pela solidariedade espiritual que existe entre os batizados, temos condições de oferecer preces, sacrifícios em sufrágio das almas do purgatório”.

                Três características marcam o dia de finados: saudade, memória e a fé na ressurreição. Sente-se saudade de alguém muito importante que foi presença em nossas vidas; sentindo a ausência se revive a presença. O que conforta e dá sentido é a fé na ressurreição. A certeza da morte causa tristeza, a certeza da ressurreição faz ver que a morte não é o fim da vida, mas a passagem dessa pátria de peregrinos para a Igreja triunfante, a pátria celeste, a pátria definitiva.

                Os cristãos acredita que com a morte inicia-se uma nova etapa. Consolados pela esperança rezamos na Santa Missa: “para os que creem a vida não é tirada, mas transformada; e desfeito o nosso corpo mortal, nos é dado no céu, um corpo imperecível”. Pela fé na ressurreição recebem força para viver, praticar o bem, aceitando ser conduzidos pelo Espírito Santo.

                Paulo, apóstolo de Jesus Cristo, ensina: “Se o Espírito daquele que ressuscitou Jesus dentre os mortos habita em vós, aquele que ressuscitou Cristo Jesus dentro os mortos dará vida também aos vossos corpos mortais”. O fundamento da esperança cristã é a ressurreição de Jesus Cristo. O dia de finados é um convite a renovar a fé na ressurreição e a celebração da vida e da esperança.

                 O corolário de nossa vida é entrar em comunhão íntima e pessoal com Deus. Esse é o seu desígnio e para isso fomos criados. O ser humano é chamado a encontrar em Deus a sua plenificação, acolhendo a graça, o amor de Deus por nós. Santo Agostinho, bispo de Hipona, recomendava: “Saudade sim, tristeza não”. Nesse dia de Finados vamos celebrar de forma especial a memória de nossos falecidos. Roguemos humildemente a Deus por eles, aceitando em nossa vida o que o Evangelho e a Igreja ensinam e a liturgia realça: a ressurreição e a vida, fazendo referência à ressurreição de Jesus Cristo.