Caderno Viva

Celeiro de artistas



Image alt

O silêncio ainda toma conta dos inúmeros palcos de teatro, por conta da pandemia do coronavírus. Mas, no dia em que é celebrado o dia do artista de teatro, 19 de agosto, lembramos da magia, do encantamento e das emoções que só o teatro proporciona. “No teatro é possível sentir a respiração do ator, ver a lágrima ou o suor escorrendo. Teatro é emoção”, revela do diretor de cultura de Fernandópolis, Fábio Sanches.
Considerada um celeiro de artistas de teatro, Fernandópolis já revelou, por meio da Mostra Estudantil de Teatro, muitos nomes de destaque inclusive em palcos internacionais como: Mateus Pigari, Mariana Mourale, André de Araújo, Cris e Eliot Tosta. “A Mostra Estudantil é uma grande sacada. Se tivesse em todas as cidades um projeto como esse voltado para a dança, literatura, música, seria fantástico. A Mostra é a pedra preciosa cultural da nossa cidade, sem dúvida nenhuma”, destaca Fábio.
O acesso e a familiaridade com o teatro se popularizaram em Fernandópolis por conta da Mostra Estudantil. “O menino que faz teatro na escola traz com ele uma rede de público: a mãe, o tio, a costureira que fez o figurino, a vizinha que emprestou a chaleira para ele usar no cenário. Todos vêm assistir e eles vão começando a se familiarizar com o teatro, vê que é legal. Pois tem muita gente que nunca veio, não sabe como é, mas ele vem começa ver, gosta”, explica. 
Segundo o diretor, há 10 anos atrás o interesse do público pelo teatro era muito maior. “Acredito que isso foi se perdendo por conta da facilidade que as pessoas têm hoje no celular. Acho que a gente está vivendo um período de transformação, por isso os teatros grandes estão reduzindo a capacidade. Sinto que não há um interesse tão grande como deveria das pessoas de apreciar um trabalho artístico. Uma pena, mas temos que falar disso”, aponta.
Na contramão disso tudo, existe o universo da moçada que participa da Mostra Estudantil. Essa sim, está sempre em alta e participativa. Em 2019, sua última edição, o evento completou 25 anos e contou com a participação de 20 escolas. “Esse trabalho dentro da escola flui muito bem, até porque ele não tem um intuito artístico. Embora o resultado final seja uma apresentação artística. A escola por ser um ambiente de formação, o teatro nesse sentido tem esse viés de formar. Formar uma pessoa melhor”. 
De acordo com Fábio, o teatro trabalha com uma serie de ferramentas que auxiliam nessa formação. “A criança que tem contato com o teatro ou qualquer outra vertente cultural ou esportiva vai adquirir condições e ferramentas que vão auxiliar essa criança no futuro. Ele aprende concentração, disciplina, compreensão do seu corpo, sua voz, trabalho em equipe, enfim, uma serie de possibilidades que vai torná-lo uma pessoa melhor”, explica. 
Longe dos palcos há mais de um ano e meio, os artistas de teatro de Fernandópolis, assim como todos do país, precisaram se reinventar. “Eles tentaram fazer algo via remota, que é um pouco complicada para o teatro, pois é uma linguagem que não é a própria. Teatro requer um ator em cena e uma pessoa assistindo, isso que caracteriza o teatro. Diferente da TV e do cinema. Na tentativa de amenizar um pouco essa problemática, principalmente da falta de recursos, fizeram algumas coisas em reprodução de vídeos, mas não é a mesma coisa”, descreve o diretor.
A expectativa é que a Mostra Estudantil possa voltar ao calendário cultural da cidade no próximo ano, assim que a pandemia do coronavírus permitir.

Fábio Sanches, diretor de cultura de Fernandópolis