O Evangelho proclamado na Santa Missa deste Domingo revela o modo como Jesus rezava. Revela também a pessoa de Deus Pai, seu Pai. Essa revelação constitui o ponto central da pregação, a paternidade de Deus. Jesus é Filho de Deus e todos também o são mediante a fé no “Cristo Senhor” (Lc 2,11). Para aceitar esse mistério é necessário ter um coração simples para se aproximar de Deus. Essa oração de Jesus é colocada no contexto da rejeição dos fariseus, críticos ácidos, de coração empedernido, porque o mestre não observava todas as leis.
A oração verdadeira é aquela que tem abertura para a aceitação do plano de Deus. Tosos os Santos tem sua maneira peculiar de rezar, que se funde com a experiência única, irrepetível e pessoal de Deus. Se a oração de santo é assim imaginemos a experiência de oração de Jesus, o Santo por excelência – Santíssimo – que carregava a experiência do Pai em primeiro lugar. Na sua oração Jesus agradece ao Pai, Ele que tinha sido rejeitado pelos fariseus e doutores da lei, que pensavam poder se relacionar com Deus a partir da sabedoria humana, com uma mente carregada de conhecimentos relativos e pela prática de diversos ritos. O coração de seus adversários era cheio de autossuficiência, orgulho o que os impossibilitava de entender a novidade da pessoa e das propostas de Jesus.
Jesus na sua oração de agradecimento aceita plenamente a vontade de Deus. Juntar o coração e a inteligência na aceitação do plano de Deus só é possível a quem se considera pequeno, livre de preconceitos, transparente. O ensinamento de Jesus sobre a oração ao Pai mostra que é preciso ter o coração livre de tudo o que o amarra, do egoísmo e a aceitação generosa do plano de Deus, mesmo que seja difícil entende-lo.
Os profetas e rabinos não diziam o nome de Deus em alta voz. Falavam em linguagem figurada, bem trabalhada, solene. Jesus fala com Deus num tom coloquial, chamando-o de Pai. Essa é uma das novidades que Jesus veio trazer. Deus é Pai porque é o criador de todas as coisas, o que há nos céus, na terra e embaixo da terra. A sua paternidade se estende e se manifesta na comunhão com os seus filhos, adotados em Jesus Cristo.
Jesus viveu e pregou a simplicidade e a humildade no cumprimento da lei. A função da lei é ajudar e deixa de ter sentido quando escraviza. Jesus nunca pregou uma lei rigorista, mas a sua preferência é pelo coração simples, humilde e manso frente a Deus e a comunidade. Observando o nosso comportamento e o das outras pessoas que se apegam ao rigor da lei nota-se que o fazem por insegurança, orgulho e egoísmo. A proposta de Jesus é libertar desses condicionamentos, buscando ter um coração puro e simples.
Jesus se apresenta como aquele que tem o conhecimento de Deus. “Por aquele tempo tomou Jesus a palavra e disse: Louvo-te, Pai, Senhor do Céu e da terra, porque ocultastes estas coisas aos sábios e entendidos e as revelastes aos pequeninos. Sim, Pai, porque assim te aprouve” ( Lc 11,25-26).Amém! Assim Seja!