Os fariseus se aproximam de Jesus e um de seus membros que era doutor da lei,
coloca uma questão importante: “Qual é o maior mandamento da Lei?”, ou seja, qual o
mandamento que resume tudo e faz observar a lei na sua totalidade?
Para os doutores da lei todos os mandamentos têm a mesma dignidade e a
mesma força de obrigação, porque sua origem está em Deus e foi outorgado a Moisés.
Os mandamentos eram distinguidos entre graves e leves enquanto uns demandavam
maior esforço e outros um menor empenho para serem cumpridos.
O mandamento do amor ao próximo, o preceito da caridade é este: “Não te
vingarás; não guardarás rancor contra os filhos do teu povo. Amarás o teu próximo
como a ti mesmo. Eu sou o Senhor”( Lv 19,18). O preceito do amor a Deus “Ouve, ó
Israel! O Senhor, nosso Deus, é o único Senhor. Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o
teu coração, de toda a tua alma, e de todas as tuas forças. Os mandamentos que hoje te
dou serão gravados no teu coração. Tu os inculcarás a teus filhos, e deles falarás
sentado em tua casa, andando pelo caminho”(Dt 6,4-7a).
Os fariseus tinham uma altíssima veneração pela Lei de Moisés. Para preservá-la
de interpretações erradas ou outras influências foram colocados 613 preceitos, sendo
248 positivos e 365 negativos. Diante dessa enorme quantidade de prescrições, se fazia
o resumo dos vários mandamentos.
Jesus não responde sobre a Lei, mas sim a respeito do amor. A Lei é uma
obrigação a ser cumprida; o amor ao contrário, é um impulso interior, implicando a
totalidade da pessoa. O primeiro mandamento é amar a Deus o segundo é semelhante ao
primeiro, amar o próximo como a si mesmo. Todos os preceitos divinos convergem
para essa realidade enunciada por Jesus. O mestre da justiça, Jesus Cristo, Filho de
Deus, liga o amor a Deus e o amor ao próximo. Os fariseus perguntaram a Jesus sobre
obrigações – cumprimento da lei – e Jesus responde com o mandamento do amor nas
suas três dimensões: Deus, a própria pessoa e o próximo. Amar é mais amplo e exigente
que cumprir preceitos, pois não se resumem as exigências exteriores, mas contempla a
parte íntima do ser humano: coração, alma e mente.
A novidade da resposta de Jesus consiste na importância que ele dá aos dois
mandamentos – amor a Deus e amor ao próximo – libertando o ser humano do casuísmo
da lei. O amor colocado no centro une, num só ato, o amor a Deus e ao irmão, sem
confundi-lo. O Amor a Deus está em primeiro lugar e o amor ao irmão é decorrência
O cumprimento desses dois mandamentos é a vontade de Deus expressa através
da Sagrada Escritura. No preceito do amor a Deus e do amor ao próximo estão contidos
todos os mandamentos que foram expressos em tantos livros da Sagrada Escritura e
preceitos detalhados encontrado através dos tempos. Todo esforço do ser humano deve
estar direcionado a uma única direção, o amor. O ser humano não foi criado para só
obedecer a Deus como o seu Senhor, mas para amá-lo como Pai. É amando a Deus que
se concretiza a obediência, pois Deus não quer pessoas que dele tenham medo, mas
filhos livres, que fundamentam sua piedade na vivência do amor. Da vivência do amor a
Deus deve brotar o amor ao próximo, a qualquer pessoa, pois o discípulo jamais
colocará barreiras em nenhum tempo ou lugar para a vivência do amor ao próximo.
O amor dá forma unitária à vida do ser humano. Para o discípulo de Cristo é
sempre a mesma atitude diante de Deus e diante das pessoas. Não são dois caminhos
diferentes que devem ser buscados, pautar a vida, como se fosse uma bifurcação, de um
lado amar a Deus e de outro amar o próximo. Esses dois mandamentos se relacionam
mutuamente. O cumprimento da vontade de Deus e o amor ao ser humano estão em
estreita ligação. A obra redentora de Cristo se realizou por amor ao ser humano e em
generosa entrega a Deus. Amém! Assim Seja!