Caderno Viva

O joio e o trigo



Continuando a explicação dos mistérios do reino dos céus Jesus conta outras parábolas ao povo. O reino dos céus pode ser comparado a um homem que plantou, durante o dia, boa semente. À noite veio o inimigo e semeou joio. O trigo nasce e cresce e aparece o joio. Os empregados impacientes aproximam-se e questionam o patrão a respeito da qualidade da semente: “Senhor, não plantastes semente boa em teu campo? Donde vem, pois, a erva daninha?” O patrão responde que a erva daninha – o joio – foi plantada pelo inimigo.

            Eles querem resolver logo o problema e propõe ao patrão a solução: arrancar a erva. O patrão responde que não, pois no início o trigo e o joio são muito parecidos e se for arrancar a erva daninha poderá arrancar também o trigo. No tempo certo, o tempo da colheita, quando da para perceber a diferença, primeiro se retira a erva daninha, formando feixes e lançando ao fogo e depois colhendo o trigo depositando-o no celeiro.

            Essa parábola quer explicar a misteriosa convivência dos bons e maus no reino dos céus. É preciso que os discípulos, os filhos do reino, tenham paciência para suportar e conviver com os filhos do mal. É preciso acreditar no juízo final de Deus – a colheita -, na qual serão separados o joio e o trigo.

             A prática de Jesus escandalizava os seus adversários. Eles achavam que tudo ia muito devagar. O reino devia ser implantado urgentemente e à força. A parábola do grão de mostarda fala do mistério da pequenez do reino, que no seu início é frágil, humilde, mas que tem dentro de si uma força muito grande. Ele irá crescer, acolhendo todos os povos da terra. Esse é o sentido da pequena semente que se torna uma grande árvore onde os pássaros do céu vem fazer seu ninho.

            O reino se acha escondido assim como o fermento no meio da massa. O fermento não é visível e em relação à massa é uma pequena quantidade, mas a faz crescer. Assim também o reino que ao olhar de alguém apressado não o percebe, mas ele esta aí, cheio de força interior, pronto para o crescimento. Essas parábolas de Jesus querem revelar o reino antes escondido e agora manifesto pela sua ação, pela sua prática.

            É um mistério que deve intrigar a cada um de nós que o bem e o mal não possam ser separados, que cresçam juntos. Não é o tempo nem o lugar de se fazer a separação. Ela acontecerá com certeza, mas não neste momento, imediatamente. Talvez nos questionamos: Por que não pode ser feita logo. Se Deus nos concedesse a sua onipotência, cada um de nós mostraria a capacidade que tem para saber quais são os bons e os maus e isso causaria um grande estrago.

            O que separa o bem do mal está dentro do coração de cada pessoa. Em cada pessoa existe um pouco de bem e um pouco de mal. Se se mandasse fogo do céu para destruir o mal, destruiria também o que há de bom. A presença do mal em nós e nos outros provoca grande mal estar. Quando admitimos que o mal está presente em nós, a calma se vai, perdemos a serenidade. Somos chamados por está parábola a percebermos a realidade com os olhos de Deus, paciente e cheio de serenidade.

            Isso não significa que Deus é omisso. Ele está atento a realidade e quer modificá-la através do seu amor. O cristão pela esperança acredita que a justiça de Deus se manifestará e que somente Deus pode julgar, separar o bem do mal.

            Somos convidados a prestar atenção ao reino que cresce à nossa volta e em nosso meio. Sejamos semeadores da boa semente, continuando ação de Jesus. Seremos julgados pela ação quer tivermos: quem pratica o mal não edifica a sua vida, mas a destrói. Meditemos sobre a calma de Deus em contraposição a impaciência do ser humano. Deus mantém a calma, não se perturbando,  não se agita e não se inquieta: Existe o tempo da colheita, na qual o bem e o mal serão separados. Amém! Assim Seja!