Caderno Viva

OS VINHATEIROS MAUS



 

 

            A parábola dos vinhateiros assassinos é muito clara. Jesus está no templo falando para os sacerdotes e anciãos, autoridades maiores da época. Conta-lhes a parábola afirmando que um pai de família plantou uma vinha com muito cuidado, fez uma cerca, construiu uma torre e uma adega e arrendou a propriedade para os lavradores, partindo em viagem. No tempo da colheita os servos foram encarregados de receber a parte do dono da vinha. Foram agarrados, um foi torturado, outro morto e outro apedrejado. O dono da vinha enviou outros servos que foram tratados como os primeiros. Resolveu enfim enviar seu filho pensando que ele seria respeitado pelos trabalhadores da vinha. Ao perceberem que era o herdeiro, resolveram matá-lo, para se apropriarem da vinha. Foi arrastado para fora da propriedade e assassinado.

            O pai de família, o dono da vinha é Deus. A vinha é o povo de Israel. Os servos sãos os profetas, os mensageiros que Deus enviou para corrigir o povo e as lideranças e foram rejeitados e mortos. O Filho, o herdeiro da vinha, é Jesus Cristo, enviado pelo Pai. Foi morto fora dos muros da cidade. Diante de tanta violência, o que fará o dono da vinha, pergunta Jesus. As autoridades respondem que o dono mandará punir os assassinos e a vinha será entregue a outros que a trabalharão para que produza muitos frutos. As autoridades dos judeus pronunciam sobre si mesmas a condenação, pois a parábola é como um espelho para as pessoas se olharem e decidirem o que elas mesmas merecem.

            Jesus, o filho de Deus, herdeiro da vinha é a pedra rejeitada pelos construtores, mas que se tornou a pedra principal do edifício. É de Jesus que sairá um povo novo, disposto a viver a justiça como fundamento da sua relação com Deus e com os outros.

            As autoridades religiosas do tempo de Jesus compreenderam que a parábola lhes era dirigida. Jesus está chegando ao final de seu caminho para Jerusalém, e conta essa parábola como aviso as autoridades para que deixem seu obstinado caminho de recusa e o aceitem como Messias.

            A reação das autoridades foi ignorar o apelo de Jesus e esperar o momento certo para manipular o povo. Naquele momento nada podiam fazer, pois o povo tinha uma grande estima por Jesus.

            A parábola mostra o destino do povo de Deus, a vinha. A rejeição a Jesus Cristo selou definitivamente a sorte do povo da Antiga Aliança. Surge um novo povo – judeus que aceitam a Cristo e gentios -, a nova geração portadora do reino. O sistema antigo foi abolido por Cristo e o reino foi transferido para o novo povo que é a Igreja. A Igreja é a vinha definitiva de Deus, cuidada por seu filho Jesus Cristo, nosso Salvador.

            A pregação de Jesus insiste na necessidade da produção de frutos, do jeito que ele espera e a seu tempo. Os frutos esperados pelo Senhor de cada um de nós são os frutos próprios do discipulado, do seguimento do Senhor. Os vinhateiros que arrendaram a vinha não se preocuparam em produzir os frutos específicos da vinha, mas decidiram produzir à sua própria maneira, falsos frutos como o conformismo de práticas religiosas, a falsa segurança, os privilégios ancorados na religião e o legalismo.

            Os frutos produzidos por Jesus nos seus discípulos é a transformação de pessoas egoístas em altruístas, servidores dos demais, solidários e fraternos com os que são encontrados no caminhar neste mundo. Os frutos não devem ser produzidos apenas por algumas pessoas isoladas, mas no meio em que se vive, no trabalho, na família, na comunidade, semeando a solidariedade no pequeno espaço, os bons frutos, a vinha inteira se aproximará do projeto de Jesus, dando os frutos que ele espera dos seres humanos. Amém! Assim Seja!