Caderno Viva

Tenho Câncer... e agora?



O diagnóstico de câncer chega para o paciente e sua família como uma bomba atômica – uma sentença de morte.  A palavra câncer traz consigo um pré-conceito destrutivo e de desesperança. As reações ao diagnóstico são inicialmente de negação; necessidade de confirmações variadas; se confirmado, os sentimentos de raiva e revolta são muito frequentes, seguidos do desespero e inconformidade de não poder viver todos os sonhos; até que por último segue-se a aceitação – que não significa concordância, mas a constatação de que a doença existe e precisa ser tratada de maneira adequada. Inúmeros são os estudos que comprovam o quanto a condição emocional do paciente e de sua família poderá influenciar no tratamento e na recuperação de todos.  Portanto, a busca do equilíbrio emocional ao longo de todo esse processo, não será menos importante que os tratamentos para a condição física.

 

Sim, é possível VIVER com “o câncer” - em 4 passos.

 Passo um: Trabalhe sobre dados reais e conseguirá tomar as melhores decisões.

A primeira ação é buscar informações consistentes sobre o diagnóstico.  Por vezes as famílias consultam mais de um especialista.  Não há problemas nisso, poderá inclusive trazer maior conforto para escolher o profissional. Um segundo momento é compreender quais os tratamentos disponíveis.  Discutir com os médicos especialistas e experientes em mieloma sobre as possibilidades, as consequências do tratamento para a vida diária e o tempo de duração, são aspectos fundamentais para a definição do tratamento. Caso as informações passadas não estejam claras, persista, não tema, pergunte novamente, não fique com dúvidas.  Não criar monstros é uma grande vitória!  Cabe ressaltar que cada organismo é único e responde de maneira diferenciada quanto a resposta a cada tipo de tratamento.  Por isso a informação minuciosa é necessária.

 

Passo dois: Todos precisarão de ajuda – orgulho e julgamentos não têm mais espaço na vida desta família.

O paciente poderá, em função do tratamento e do curso da enfermidade, apresentar dificuldades para realizar atividades corriqueiras que antes desempenhava com vigor.  O cuidador precisará de auxílio pois serão muitas consultas, salas de espera, procedimentos, onde o tempo passará a ser contado pelas gotas da medicação que cai. Mediante o acúmulo de atividades e desgaste de todos, será necessário aprender a pedir ajuda, mas primordialmente, aprender a aceitar ajuda - sem julgamentos, sem medo de incomodar, sem receio de ser um peso.  Somos seres humanos e vivemos necessariamente em comunidade – a família e os amigos terão um papel essencial.  Ajudar significa doar-se e deve ser motivo de orgulho saber que há pessoas que estão dispostas a se doar em nome de um vínculo afetivo ou de amizade.

Além dos médicos, enfermeiros, psicólogos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, nutricionistas e demais profissionais da saúde poderão auxiliar na orientação de cuidadores, nas alternativas para as atividades diárias e no equilíbrio emocional tão necessário para todos os envolvidos.  Não hesite em buscar auxílio.

Passo três: Os ânimos parecerão mais um mar revolto em dia de tempestade do que uma agradável tarde de primavera.

O diagnóstico, o tratamento, o pós-tratamento, a remissão, a recidiva, o novo tratamento... todas estas fases são carregadas de muito stress e questionamentos: Tem cura? Quanto tempo? Sentirei dor? Vai dar certo? São dúvidas frequentes de pacientes e familiares sobre seu diagnóstico e prognóstico.  Infelizmente a ciência ainda não tem respostas exatas para grande parte delas – e é este o fato que traz na palavra câncer tanto medo, tanto horror e tanta angústia. Em meio a todos estes questionamentos, dores físicas, valores abalados, incapacidades, frustrações e impotência, os sentimentos se comportam como numa montanha russa, num misto de confusão, alternância de humor, sensibilidade excessiva e tolerância inexistente. Não é indicado fingir que nada está acontecendo... pois muitas coisas acontecem o tempo todo! Sinta intensamente os medos, as angústias, e principalmente compartilhe, divida.  Todo sentimento negativo, quando dividido, é amenizado.  Dividir as dores fortalece os laços de fraternidade e amor.  Se precisar, busque auxílio profissional.

 

Passo quatro: Não faça planos para morrer!  VIVA!

Todos nós tememos a morte, pois ela limita nossos sonhos.  Mas nenhuma enfermidade biológica é capaz de conter a grandeza de um ser humano. Todas as velas um dia queimarão – e o fim pode ser agora, daqui há cinco meses, ou em 15 anos – não temos controle sobre isso.  O anúncio do fim por meio de um diagnóstico causa angústia e ansiedade, e frente a isso há duas possibilidades:

1.    Ficar estagnado deixando este tempo que resta passar, ali fora na janela, e você só observando; cultivar sentimentos de culpa, auto piedade, desesperança, revolta, e deixar o legado de ter sido vencido por uma enfermidade biológica, por ter desistido de lutar.

2.    Levantar-se e ir à luta!  Se houver 0,01% de chance – tentar. Viver cada minuto intensamente, realizar cada sonho possível.  E no outro dia sonhar com outra possibilidade; reinventar a forma de fazer o mesmo; porque sim, o fim existe para todos, mas se você está lendo isso, ainda não acabou!  Não desista no meio do caminho.

A vida só acaba quando nos esquecemos de que ela vale a pena!  Pois, enquanto há sonho, há vida!  Cure sua alma dando asas a ela, deixe-a voar!

 

E você, quais os seus sonhos?  O que você ainda quer fazer?

Hoje, o que pode fazer para ficar mais perto da realização destes sonhos?

Comece hoje... e amanhã continue... e depois conquiste!